Arquivo

A maconha e a inusitada comemoração dos 80 anos de FHC

A maconha e a inusitada comemoração dos 80 anos de FHC ¹ É inusitado um senhor comemorar seus oitenta anos defendendo a regularização da maconha. Quase impensável, dada a correlação entre quanto mais idoso mais conservador. Inusitado Fernando Henrique. Como se não bastasse o lançamento do filme Quebrando Tabu em São Paulo, ontem, lança de novo, segunda no Rio. No meio da semana vai a Nova York. Entregará ao Secretário Geral das Nações Unidas relatório com esta exata sugestão: é preciso que cada país deixe de ter medo e enfrente e regularize o plantio, o uso, a cura e o controle da maconha. E de outras drogas. Este inusitado aniversário pode ser explicado. O aniversariante é político profissional. Como candidato a cargos políticos majoritários dificilmente poderia tocar no tema da maconha. Tema polêmico. Divide o eleitorado. Candidatos em geral fogem de temas que dividem. Preferem temas que agreguem. Somem votos. Temas como aborto, direitos homossexuais, maconha são temas fantasmas. Assustam eleitores. Famílias têm medo. Qualquer pesquisa de opinião hoje no Brasil mostra que a maioria do eleitor é contra a legalização do aborto, o reconhecimento dos direitos homossexuais, ou a regularização da maconha. Não é por menos que a Presidente Dilma já se declarou de antemão conservadora nestes temas. Ser conservador culturalmente é ainda politicamente cauteloso.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Mas há vida política além do voto. A vocação de participar dos destinos da polis, seu país, seu mundo, em geral toma conta do corpo e alma do político. Não o deixa nem aos oitenta anos. Sem precisar agradar o eleitor no curto prazo, o político pode arriscar outro caminho: o de estar certo antes do tempo. Estar certo antes do tempo é a única saída possível. É não se abdicar. A comemoração inusitada também se explica porque antes do político, veio o sociólogo. Especialista não em dizer como a sociedade deveria ser. Mas como a sociedade de fato é. Nem se assusta nem pode ter medo dos fatos. A atual política de combate ao tráfico de drogas não diminuiu o consumo, não impede a destruição dos jovens, nem a vertiginosa ascensão política e financeira dos traficantes nas cidades. É retumbante fracasso. Não se obtêm resultados diferentes, insistindo nas mesmas políticas. Mudar é preciso. A inusitada comemoração se explica. Baseia-se em três constatações: a continuação da vocação política sem depender do eleitor, a evidência de que a atual política é fracasso retumbante, e a necessidade da sociedade não se paralisar. E mudar. ¹ Joaquim Falcão/blog do Noblat

Leia mais »

PSDB e DEM: enfim juntos no suicídio

Durante os oito anos de reinado de FHC foram muitas as tentativas de intrigar o PSDB com o DEM. Exergava-se no esforço pela separação um quê de civismo. Era preciso salvar a alma do PSDB, ativando-lhe a memória. O longo convívio fizera o tucanato esquecer de suas origens. Olvidara-se de que, na certidão de nascimento, era social-democrata. Aos pouquinhos, foi abandonando a castidade, rendeu-se à lascívia, encantou-se com os prazeres do fisiologismo. O DEM, nessa época ainda PFL, pressentiu que a relação tinha futuro quando leu o Max Weber que FHC esquecera sobre a TV. Adorou o trecho que falava das duas éticas. Aderiu instantaneamente à “ética da responsabilidade”. Em vários momentos, o rompimento esteve na bica de acontecer. Emperrava na hora da partilha dos bens. O pefellê abria mão de tudo, menos do Palácio do Planalto. ACM insinuava que FHC também pertencia ao PFL.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Sem acordo quanto à divisão do patrimônio, o matrimônio foi mantido. Sobreviveu, aos trancos, fora do poder. Agora, num estreitamento definitivo das diferenças, PSDB e DEM cogitam fundir-se. Diz-se que a fusão virá depois da eleição de 2012. Fragilizadas por um emagrecimento involuntário, as duas legendas vão virar uma. Farão por precisão o que não fizeram por opção. A pseudosocial-democracia do tucanato, cadáver insepulto, vai finalmente descer à cova. Descansará em paz. Recomenda-se reservar ao lado espaço para outra sepultura. Ali, no futuro, será enterrado o pseudosocialismo do PT, temporariamente amasiado com o PMDB. blog Josias de Souza

Leia mais »

A praga do politicamente correto

Contra o ”politicamente correto”! João Mellão Neto – O Estado de S.Paulo Iniciei minha vida profissional, como jornalista, em 1980. Ainda estávamos no regime militar – que hoje é conhecido como ditadura. Não havia mais censura. O cerceamento da nossa liberdade de expressão era mais sutil. E provinha dos dois lados. Num deles estava o poder. No outro, a “patrulha ideológica” da oposição. O pessoal do poder achava que tudo o que fazia era certo. Se alguém discordasse, só podia ser por ignorância ou má-fé. Já a patrulha entendia o mesmo, só que com os sinais trocados. Mas havia ao menos certa ética na lide. Mil vezes ouvimos de nossos mestres do jornalismo: “Informação é informação; opinião é opinião. Misturar as duas coisas é antiprofissional. Distorcer a primeira para valorizar a segunda, então, é imoral”. Tudo bem. Em momentos de exceção, como aqueles, o maniqueísmo brotava naturalmente. Ser radical parecia ser a única saída. Era comum ouvir frases do tipo: “Quem não é meu amigo é meu inimigo”. Ou até: “Quem é inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Era preto ou branco. Não existia cinza.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O que me surpreende hoje em dia é que, depois de 26 anos de convivência democrática, ainda haja gente que pense assim. A “patrulha” agora tem um nome mais pomposo: “correção política”. Quer dizer, abolição do nosso vocabulário de todas as palavras que tragam embutidos algum preconceito ou discriminação. Ou seja, quase tudo. Imaginemos, por exemplo, o diálogo num hotel. “Boa noite, senhor, queira, por favor, preencher a ficha.” “Hum… Não vai dar! Chamou-me de senhor, isso quer dizer que me prejulgou, tachando-me de idoso. Ou, no mínimo, de alguém com status social superior ao seu…” “Desculpe-me, quis apenas ser respeitoso…” “Eu vim aqui à procura de um quarto, não de respeito. Quem gosta de tratamento cerimonioso ou é aristocrata ou, pior, burguês metido a nobre.” “Como, então, devo chamá-lo?” “Cidadão, camarada, companheiro, qualquer coisa assim… Ah, e a sua ficha está incorreta. No item sexo constam apenas duas alternativas.” “E existe alguma outra?” “Várias! Escreva apenas “orientação sexual” e deixe um espaço em branco para ser preenchido.” “A coisa está ficando preta!” “Você não deve usar essa expressão. Ela define um quadro confuso, aludindo aos negros. Perdão, afrodescendentes.” “Ai, meu Deus!” “Essa sua exclamação também é excludente. Tem muita gente no mundo que acredita em outro deus. Como outros que cultuam vários deuses e também os que não acreditam em deus nenhum. De mais a mais, por que o seu deus atenderia, particularmente ao seu chamado?” “E chamar alguém de t. d., isso pode?” “Só se não for com sentido ofensivo ou depreciativo.” “Com licença. Eu tenho de trabalhar.” “O que você quis dizer com isso? Que eu não tenho trabalho? Só porque me visto como um estudante?” Qual é a razão da minha implicância com o conceito de “politicamente correto”? É que, no Brasil, o que era só uma recomendação acabou por se tornar um dogma. Não se pode chamar sequer de religião. Isso porque, apesar de cada uma delas reivindicar exclusividade sobre a palavra divina, todas aceitam coexistir de maneira pacífica. Já os fiéis do “politicamente correto”, não! Eles primam pela intolerância. Não é porque não se concorda com uma pessoa que se adquire o direito de excomungá-la. A campanha difamatória que alguns órgãos da imprensa fizeram, dias atrás, contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um bom exemplo disso. Tratou-se, a meu ver, de mais um caso de má conduta profissional. Simplesmente lhe atribuíram palavras que não eram dele e foram ao Congresso perguntar a opinião dos inquilinos que lá se encontravam: “Excelência, o que achou de FHC afirmar que não quer mais saber do povão?”. A resposta era previsível. Já estava implícita na pergunta. Acontece que ele jamais afirmou isso. É incrível que até experientes políticos aliados tenham caído nessa armadilha. Li e reli várias vezes o longo artigo que ele publicou. O que pude entender é que o que ele pretendeu foi dar um belo pito na oposição: quem a exerce não pode lutar com as mesmas armas que o governo. Vai perder, porque o poder sempre tem os melhores instrumentos. Não se trata de fazer mais, mas de fazer diferente. E FHC apresentou várias sugestões nesse sentido. Em nenhum trecho de seu texto ele afirmou que a população mais carente devia ser deixada de lado. Resumiu-se a recomendar a seu partido que procurasse conhecer melhor o pensamento e os hábitos da nova classe C – ou “novas camadas possuidoras”, no dialeto uspiano. Mas foi essa a interpretação leviana que os tais “politicamente corretos” da imprensa repassaram ao público. Tentaram induzir a ideia de que o ex-presidente não passa de um “liberal com propensões elitistas”. Ora, se disserem isso de mim, é verdade! Mas FHC não cabe nesse figurino. Ele é e sempre foi um convicto social-democrata. Ah, não é correto uma pessoa pública, como Fernando Henrique Cardoso, referir-se ao povo como “povão”? Então, por que nunca protestaram contra as abundantes expressões “politicamente incorretas” de Lula? Como se pertencer ao PT fosse desculpa para alguma coisa… Ora, pessoal, numa democracia é fundamental que os que estão no governo governem, que os opositores se oponham e que a imprensa noticiosa noticie. Somente assim o “povão” se torna apto a julgar. Embaralhar tudo isso só dá confusão: o discurso dos governistas é de oposição, os oposicionistas não se assumem. E os repórteres distorcem as reportagens. É por isso que ninguém pode ter o direito de policiar as ideias de ninguém. Abaixo a ditadura! E abaixo o “politicamente correto”, também!

Leia mais »

FHC: não sou maluco

FHC sobre a reação ao seu artigo: ‘Não sou maluco!’ FHC está profundamente irritado com a reação acerba de seus aliados de oposição ao artigo que veiculou na revista “Interesse Nacional”. “Não entenderam nada”, dizia ao telefone, nesta quarta (13). Um dos interlocutores de FHC contou ter ouvido dele: “Não leram e não gostaram”. Abespinhado com a “incompreensão”, FHC lamuriou-se: “Não sou maluco de pregar que o meu partido esqueça o povão”. No pedaço do artigo que acendeu as faíscas, FHC anotou: “Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos”. Escreveu que PSDB e Cia. devem “dirigir suas mensagens prioritariamente” aos setores de classe média, incluindo a “nova classe média”. Ao explicar-se, disse que seu artigo não tratou de eleição, mas de estratégia política. Acha que seus críticos negligenciam o trecho em que escreveu que o redirecionamento da mensagem oposicionista deve ser feito “sobretudo no período entre as eleições” Uma fase em que, esclarece no artigo, “os partidos falam para si mesmo, no Congresso e nos governos”.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A reação dos pseudoaliados à peça de FHC como que resume o drama da oposição. É de perguntar: se não conseguem comunicar-se consigo mesmas, como as legendas oposicionistas vão dialogar com o eleitorado? blog Josias de Souza

Leia mais »

Eleições 2014: Dilma Rousseff, acertos e oposição desacertada

A presidente Dilma Rousseff, caso deseje a reeleição, terá o pré-sal, o minha casa minha vida, crescimento do PIP de 5%/ano e a copa do mundo, entre outros trunfos, para turbinar a campanha. Ah, sem esquecer a turma que não deseja a volta do “cara”. A oposição, se é que se pode assim chamar a “meia dúzia de 3 ou 4”, tem somente a lembrar os feitos de FHC – plano real – e martelar nos mal feitos do mensalão, maracutaia que contamina todos os partidos, e que a população nem mais lembra. Não esquecer o “espírito agregador” de José Serra, o mais emplumado tucano: “Eu posso não ser presidente em 2.014, mas o Aécio também não será”. Para alguns observadores mais argutos da cena política brasileira, o PSDB teve a chance de jogar o PT pras calendas com o Mensalão e não deixar que se iniciasse uma “era Lula”. Contudo, preferiu fazer um “acordão” Serra/Lula em 2006. O Editor PS 1. Vocês não acham que 100 dias é pouco tempo para se determinar acertos e desacertos? PS 2. E ainda tem que acredite que DEM, PSDB e PT são diferentes. Juro! Oposição enxerga acertos em Dilma e se desnorteia Três meses de Dilma Rousseff foi tempo bastante para que Fernando Henrique Cardoso alterasse o conceito que fazia dela. Presidente de honra do PSDB e principal ideólogo da oposição, FHC pespegara em Dilma, durante a campanha de 2010, a pecha de “boneca de ventríloquo”. Insinuara que, eleita, quem daria as cartas seria Lula, não ela. Hoje, em diálogos privados, FHC reconhece que Dilma o “surpreendeu”. Positivamente.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A avaliação de FHC se espraia por toda a oposição. Alastra-se pelo PSDB e também pelo DEM, seu parceiro de oposição. Tornou-se consensual entre os adversários do governo a percepção de que, a menos que ocorram tropeços, não será fácil se opor a Dilma. Avalia-se que a presidente revelou-se dona de personalidade própria. Distancia-se de Lula nos pontos que alimentavam as fornalhas da oposição. Substituiu a histrionia pela parcimônia verbal. Trocou a ideologia pelo pragmatismo. Distanciou-se do Irã. Reachegou-se aos EUA. Anunciou cortes orçamentários. Como se fosse pouco, revelou-se capaz de gestos como o convite a FHC para o almoço oferecido ao visitante Barack Obama. Um gesto que, tonificado pela ausência de Lula, forçou FHC a derramar-se elogios sobre os microfones. Afora a ausência de discurso, a oposição debate-se consigo mesma. PSDB e DEM são, hoje, os principais adversários do PSDB e do DEM. O tucanato, agremiação de amigos 100% feita de inimigos, revolve suas divisões. Divisões internas e eternas. No centro de todas as trincas está José Serra, o candidato que a ex-boneca abateu com a ajuda do ex-ventríloquo. Serra mede forças com Aécio Neves por 2014. Digladia-se com Sérgio Guerra pela presidência do partido. Disputa com Geraldo Alckmin a hegemonia em São Paulo. O DEM, depois de engolfado pela “onda Lula”, luta para que a lipoaspiração congressual não evolua para um raquitismo patológico. Os ‘demos’ que não aderiram ao projeto de novo partido do prefeito Gilberto Kassab dividem-se em dois grupos. Uma ala olha para o futuro com grandes dúvidas. A outra já não tem a menor dúvida: o futuro é uma fusão com o PSDB, uma espécie de inexorável à espera do melhor momento para acontecer. Assim, dividida, dilacerada e sem norte, a oposição enxerga nos acertos da Dilma um entrave adicional para pôr em pé um discurso alternativo. Vai-se buscar munição nos detalhes. O DEM faz um inventário das promessas de campanha de Dilma. Acha que não há como cumpri-las. E esboça a cobrança. O PSDB fará do recrudescimento da inflação o seu principal cavalo de batalha. Enxerga na eletrificação do índice a oportunidade para reacencer a pauta antigastança. Parte-se do pressuposto de que Dilma não conseguirá entregar o corte orçamentário de mais de R$ 50 bilhões que prometeu. Vai-se atacar a inificiência do Estado “aparelhado” e realçar a herança tóxica deixada por um Lula que tinha em Dilma sua principal gerente. À sua maneira, Aécio Neves, o grão-duque do tucanato de Minas, esgrimiu esses tópicos no discurso inaugural que pronunciou no Senado. “Vemos, infelizmente, renascer, da farra da gastança descontrolada dos últimos anos, em especial do ano eleitoral, a crônica e grave doença da inflação”, disse Aécio. “Era o discurso que faltava”, festejou Sérgio Guerra, o ainda presidente do PSDB. A despeito dos anseios de Serra, Aécio tornou-se o nome preferencial de tucanos e agregados para o próximo embate sucessório. Com isso, guinda-se ao posto de principal líder da oposição um personagem que se definiu no celebrado discurso como “um construtor de pontes”. Para Aécio, o êxito de seu projeto passa por duas variáveis: os eventuais erros de Dilma e a capacidade da oposição de beliscar pedaços do atual condomínio governista. Assim, além de aprumar um discurso e torcer pelos tropeços da sucessora de Lula, a oposição teria de seduzir legendas como PSB, PDT, PP… Tudo isso contra um pano de fundo marcado pela crise do “de repente”. Numa Era pós-revolucionária, o brasileiro afeiçoou-se à evolução econômica e sociail lenta. Ao reconhecer os méritos de Lula, Aécio realçou dois: a manutenção dos pilares econômicos erigidos nas gestões Itamar e FHC e o viés social. O problema é que o cidadão tende a associar os benefícios resultantes da combinação ao mandatário de plantão, não aos gestores do passado. Significa dizer que, se conseguir debelar o surto inflacionário e manter a cozinha relativamente em ordem, Dilma vai a ante-sala de 2014 bem posta. Foi-se o tempo em que o eleitor acreditava em salvadores e em milagres. Já não há o “antes” e o “depois”. Só há o “processo”, vocábulo caro ao PSDB. Escolado, o dono do voto agarra-se à força das continuidades. Olha para a mudança com ceticismo. De novo: vive-se uma crise do “de repente”. Sem vocação para fazer uma oposição ao estilo do ex-PT, PSDB e DEM foram como que condenados à tocaia. Rezam baixinho por um tsunami que destrua a perspectiva de poder

Leia mais »

Obama: visita “dá um polimento” na imagem de Dilma Rousseff

Obama, o Barack, que de tolo não tem nada, veio afagar o ego dos Tupiniquins e ao mesmo tempo, como fazia Lula, mostra o seu (dele) lado mascate no cenário globalizado. Além de querer vender as bugigangas ‘gringas’, veio garantir o petróleo, uma vez que os ditadores amigos das arábias estão despencando do poder. Mas, não se enganem os descendentes da pátria lusa: ainda vai nascer o país que leve vantagem comerciando com o grande irmão do norte. O Editor Obama vira ‘cereja’ do plano de marketing de Dilma A visita de Barack Obama ao Brasil desce à crônica dos primeiros três meses do governo Dilma Rousseff como “cereja” de um bolo levado ao forno em janeiro. Dilma executa um plano de marketing concebido por João Santana. Responsável pela campanha do PT, ele se tornou conselheiro de imagem da presidente. Desde a posse, age para converter traços da personalidade de Dilma num ativo político que a distinga de Lula. A política externa é parte da estratégia. E a passagem relâmpago de Obama pelo país é celebrada como um divisor de águas. Opera-se uma guinada que distancia Dilma do “terceiro-mundismo” de Lula. Sem renegar África e Oriente Médio, a nova gestão prioriza Amérca do Sul, EUA e China. Sob Dilma, o Itamaraty iça à superfície o pragmatismo comercial que a ideologia da Era Lula havia soterrado. Em movimentos calculados, Dilma tomou distância do ditador iraniano Marmud Armadinejad, personagem ao qual Lula se achegara.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] No Planalto, atribui-se a visita de Obama ao reconhecimento dos gestos de Dilma. Em conversa com o blog, um auxiliar da presidente celebrou um detalhe: “Sempre que um novo presidente assumia no Brasil, a primeira providência era agendar uma visista aos EUA. Agora, a Casa Branca veio ao nosso reino”. O vocábulo “reino” orna à perfeição com o conceito que norteia a marquetagem de João Santana, um jornalista de formação. O escultor da imagem de Dilma costuma dizer que Lula, dono de popularidade lunar, deixou no imaginário popular um “vazio oceânico”. Acha que a eleição de uma mulher abriu espaço para acomodar na presidência algo inteiramente novo. Santana chama a “cadeira vazia” de Lula de “cadeira da rainha”. Na campanha, Dilma era vista pelo eleitorado pobre como espécie de “esposa do rei”. Tenta-se agora grudar nela a imagem de “soberana” com qualidades próprias –uma gestora capaz de combinar a sensibilidade feminina com o rigor administrativo. Um rigor que a faz contrariar as centrais sindicais (salário mínimo), impor limites ao rateio de cargos (Furnas e Eduardo Cunha)… …Passar a lâmina no Orçamento (corte de R$ 50 bilhões) e fixar prioridades (adiamento da compra dos caças da FAB). Tudo isso sem descuidar do essencial (combate à miséria) e sem fechar os olhos para novas demandas (promesa de dar atenção à classe média). Neste sábado, Lula deu uma inestimável contribuição à estratégia de sua sucessora. O ex-soberano faltou ao almoço em homenagem a Obama. Melhor: à ausência de Lula somou-se a presença de FHC, inserido na lista de convidados como evidência da “vocação republicana” de Dilma. Melhor ainda: ao discursar para empresários, em Brasília, Obama reconheceu o novo status que o Brasil adquiriu no mundo. Atribuiu a nova condição de sétima economia do planeta ao trabalho dos brasileiros e à combinação das políticas implementadas sob FHC e Lula. Citou ambos. E afirmou que, sob Dilma, a Casa Branca tem de dispensar ao Brasil um tratamento análogo ao da China e Índia, as outras nações emergentes. De olho nas obras da Copa e da Olimpíada, atento às oportunidades do pré-sal, Obama abriu em Brasília a maleta de mascate. Em termos práticos, a visita do presidente americano não produziu nada além de um comunicado conjunto com cara de carta de intenções. No campo da simbologia, porém, injetou-se na atmosfera uma aura de prestígio que coroa a estratégia propagandística “da nova cara”, blog Josias de Souza

Leia mais »

Instituto Lula: quem banca?

  Para desespero dos que esperavam que o ex-chefe dos Tupiniquins após o exercício da presidência fosse pra Pasárgada, ou se exilasse em Timbuktu, ledo engano! Nem um nem outro. O filho do Brasil vai mesmo é se instalar, com mala, cuia, e provavelmente nenhum mísero livro, em um palacete no aprazível bairro do Botafogo, Rio de Janeiro. Falta só combinar com algum magano pra pagar a conta da cultural instituição. Que tal o ‘cara’ de Garanhuns se aconselhar com outro ex, FHC, que também conseguiu financiamento, mistério, para o seu (dele) próprio instituto? O Editor Procura-se um milionário para bancar o Instituto Lula, onde o ex-presidente exibiria o crucifixo do Planalto e os presentes que recebeu e precisa devolver à União. Vários comentaristas deste blog, especialmente Walmor Stédile, pedem novidades sobre o caso do crucifixo levado do gabinete do Planalto pelo então presidente Lula e os presentes por ele recebidos nos oito anos de exercício da Presidência. Não há muitas novidades sobre o caso, que é simples e nem requer muitas explicações. A única novidade é a insistência do governador Sergio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, que querem instalar no Rio de Janeiro um tal Instituto Lula, um museu sobre vida e obra do nosso companheiro.   Para tanto, os dois nem estavam medindo despesas. Pretendiam simplesmente adquirir uma mansão de quase 2 mil metros quadrados no bairro de Botafogo, num terreno de 8 mil metros quadrados. E esse museu certamente abrigaria parte dos presentes que Lula levou para casa, talvez o famoso crucifixo, só Deus sabe.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Baratinho: iam gastar R$ 10 milhões com o dinheiro do contribuinte, só para adquirir o imóvel, que precisa de muitas reformas. Mas a notícia da compra da mansão, divulgada por eles mesmos para bajular o ex-presidente, acabou tendo repercussão altamente negativa. Cabral e Paes então anunciaram que haviam desistido da empreitada. Mas os jornalistas logo apuraram que na verdade eles tinham apenas trocado de estratégia, pois passaram a procurar um empresário que se disponha a bancar a compra do imóvel. Até agora, não lograram êxito. Um milionário procurado por eles chegou a dar entrevista, dizendo que não se interessou pela homenagem. E a situação está nesse pé. Falta achar o mecenas bajulador. Agora, recapitulando o palpitante episódio, devemos destacar que comentarista Antonio Santos Aquino tem inteira razão ao advertir que o ex-presidente Lula pode ser processado por qualquer cidadão, para que devolva o crucifixo retirado do gabinete do Planalto, assim como as valiosas joias e presentes recebidos no exercício do mandato. Com um detalhe: mesmo se o crucifixo fosse de fato um presente recebido por Lula (conforme o Planalto chegou a anunciar oficialmente, dando uma tremenda mancada), teria de ser devolvido ao patrimônio da União, nos termos da Lei 8.429, que pune as improbidades administrativas. E a lei prevê que “qualquer pessoa” pode solicitar ao Ministério Público Federal a abertura de inquérito contra o ex-presidente. Muitos comentaristas aqui do blog admiram a tal ponto o ex-presidente Lula, que não admitiram sequer discutir se ele errou ou não, como se Lula tivesse alcançado a perfeição, após escalar o Monte Olimpo das ilusões políticas. Mas acontece que se trata apenas de um político como os outros, que deve ser submetido às mesmas regras dos demais. Na verdade, o presidente da República é que deveria dar exemplo aos demais políticos e também aos juízes, fiscais, promotores e quaisquer funcionários públicos, para que cumpram a legislação e não recebam presentes no desempenho de suas funções ou seus mandatos, como reza a Lei 8.429. Como disse o comentarista Roberto Nascimento, se Lula não devolver esses bens da União, “o Ministério Público Federal, o TCU, a Controladoria Geral da União, todos os órgãos de Controle do Estado, pela omissão nesse caso dos presentes do ex-presidente, ficam impedidos de punir qualquer servidor público que aceitar presentes”. E acrescentou: “Na democracia, todos os temas devem ser tratados, não existem menores nem mais relevantes, simplesmente todos. No fundo, só os cidadãos humildes são atingidos pela lei. Contra os pobres, a arrogância e o cutelo, já em relação aos poderosos, a pomba da paz. Este é o Brasil, que não queremos, mas que teima em continuar existindo, até que o povo canse e faça como agora no Egito”. Tem toda razão o comentarista Roberto Nascimento. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa

Leia mais »

Apagão: Grupo técnico avalia sistema de transmissão

A pedido da presidenta Dilma, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) constituiu um grupo técnico para avaliar a manutenção do sistema, para afastar ameaças de apagão. Para ela, o desligamento que deixou o Nordeste às escuras não se repetirá. Dilma conhece bem o assunto: como ministra de Minas e Energia, implantou o modelo que interliga todo o País em mais de 100 mil km de transmissão de energia. No era FHC, a energia abundante no Norte poderia ter socorrido o Sul, durante o apagão, mas o sistema não era interligado. Dilma fez isso. Segurança Hoje, o sistema de transmissão de energia está interligado, capaz de levar energia de uma região para outra, em caso de apagão. No comando Dilma, expert em energia, pilotou com Lobão as ações do governo. Ele se falaram três vezes ao telefone e despacharam por 2h, à tarde. Demissionários Edison Lobão pediu aos cinco diretores da estatal Furnas que coloquem seus cargos à disposição, mas alguns poderão permanecer. coluna Claudio Humberto

Leia mais »

FHC chama Lula de conservador

Brasil: da série “só doi quando eu rio!” O que se esperar de uma política que recoloca Sir Ney na presidência do senado, Renan Calheiros, que foi Ministro da Justiça de FHC, agora é ‘O Cara’ de D. Dilma, e o sociólogo da entregação vai a TV cobrar do Lula o que ele próprio também não fez em 8 anos de governo? Realmente é o roto falando do esfarrapado. Ambos, FHC e Lula, praticaram o esquecimento de compromissos e promessas ao chegarem à presidência da República. O Editor PS. E ainda existem beócios que acreditam haver diferenças entre eles! Fernando Henrique Cardoso: ‘O Lula foi conservador’ Foi ao ar na noite desta quinta (3), em rede nacional de rádio e TV, o programa partidário do PSDB. Estrelou-o Fernando Henrique Cardoso. FHC apareceu logo no início da peça (disponível acima). Respondeu a indagações de jovens. Um deles perguntou se Lula o decepcionou mais como político ou como sociólogo. E FHC: “Eu conheci o Lula no ABC, em São Bernardo, um Lula inovador, que dizia que a CLT tinha de ser liberada…” “…Que os trabalhadores precisavam ter uma nova forma de relação, sindicato mais independente, nós precisamos de reformas, que precisava mudar o Brasil…” [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]“…Ele não fez isso. Eu acho que ele foi conservador. Ele aceitou muita coisa que não era boa de aceitar. Alianças. Todo mundo faz alianças. Eu também fiz…” “…Mas ele ficou até o fim, até promoveu alianças com setores muito atrasados do Brasil. E permitiu que houvesse uma certa complacência com a corrupção…” “…Esse lado me decepcionou, talvez mais como pessoa do que como presidente”. A simples aparição de FHC num programa institucional representa notável mudança de procedimento no PSDB. Até aqui, embora seja a principal liderança da legenda, o ex-presidente era mantido no armário pelo tucanato. Foi, por assim dizer, escondido nas três eleições presidenciais em que o PSDB amargou derrotas: 2002, 2006 e 2010. O problema é que, junto com a ressurreição de FHC, renascem os fantasmas da era tucana. Há um quê de amnésia na fala do ex-presidente. FHC tem razão quando diz que, nas reformas e na política, Lula foi “conservador”. Conservou o que havia de bom e de ruim no legado que recebeu. No pedaço benfazejo da herança, Lula manteve intactos os pilares macroecnômicos que começaram a ser erigidos sob Itamar Franco e que FHC sedimentou. O ex-presidente queixou-se da falta de modernização da legislação trabalhista. Beleza. Porém, afora o inconveniente político da menção, há o fato de que FHC teve oito anos para realizar o que diz que Lula não fez. Manteve intacta a CLT. FHC falou das alianças. “Eu também fiz”, reconheceu. Mas deu a entender que Lula fez mais e pior do que ele: “Promoveu alianças com setores muito atrasados do Brasil”. Esqueceu-se de que, na gestão tucana, um personagem como Jader Barbalho mandou e desmandou na Esplanada. Esquivou-se de recordar que Renan Calheiros foi seu ministro da Justiça. Repetindo: FHC fez de Renan titular da pasta da Justiça. Absteve-se de rememorar que José Roberto Arruda, à época filiado ao PSDB, foi líder de seu governo no Senado antes de estrelar o mensalão brasiliense do DEM. FHC afirmou que Lula “permitiu que houvesse uma certa complacência com a corrupção”. Na contabilidade dos escândalos, porém, há certa equivalência. Lula arrostou duas crises do Senado. Uma com Renan e outra com José Sarney. Sob FHC também houve um par de crises no Senado. Uma com Jader, outra com ACM. Lula teve o mensalão. FHC arrostou a acusação de compra de votos na votação da emenda da reeleição. Nas gravações, um deputado acreano citou uma “cota federal”. Sob Lula, registraram-se malfeitos em órgãos como a Funasa e em estatais como Furnas. Na era tucana não foi diferente. Submetida a apadrinhados de Jader, a Sudam tornou-se ninho de escândalos que instalaram no Tesouro um dreno estimado em R$ 3 bilhões. Um grampo clandestino plugado aos telefones do BNDES revelou que a privatização de estatais ocorreu em atmosfera que roçou “o limite da irresponsabilidade”. Ou seja, em matéria de perversão, os governos de FHC e de Lula são demarcados por diferenças que os igualam. FHC também falou no programa sobre a necessidade de “dar uma chacoalhada” nos partidos políticos, inclusive no PSDB. Esmiuçou o raciocínio: “Precisamos estar mais próximos das pessoas, do povo, com menos pompa, coisas mais diretas”. Aí, talvez, o maior desafio do tucanato. Às voltas com uma disputa interna que acomoda 2014 no epicentro de 2011, José Serra e Aécio Neves não falaram no programa. A dupla apareceu apenas em imagens. Serra surgiu ao lado de Geraldo Alckmin, num instante em que se mencionou que o partido governa São Paulo há 16 anos. Alckmin falou em seu nome e no dos outros sete governadores eleitos pela legenda no ano passado. “É essa capacidade de governar que nos tornou o partido que mais elegeu governadores”, disse ele nos 17 segundos a que teve direito. Sérgio Guerra, presidente do PSDB federal, fez uma espécie de balanço da última disputa presidencial. Citou Serra a realçou os votos obtidos por ele no segundo turno. Falou de Lula em timbre acusatório: “Lutamos contra um adversário que abusou do poder econômico e zombou da Justiça Eleitoral”. De resto, soaram no programa as vozes dos dois novos líderes do PSDB no Congresso. Álvaro Dias (PR), líder no Senado, disse, a certa altura: “O Brasil está no rol dos países mais corruptos do mundo”. Duarte Nogueira (SP), o líder da Câmara, declarou: “O PSDB irá fazer na Câmara uma oposição vigorosa ao governo”. O prometido vigor, por ora, não se materializou. O PSDB perde mais tempo procurando um adjetivo do que se opondo. A publicidade partidária, pelo que expôs e pelo que escondeu, deu idéia do tamanho do desafio envolvido na reestruturação do PSDB. blog Josias de Souza

Leia mais »

Dilma, a privatista

Entra Lula, sai Lula, entra Dilma, e as linhas neo-liberais traçadas por FHC continuam imutáveis. E intocáveis. Nem Freud explica. Da mesma forma que o PT teve que “engolir” Henrique Meirelles na era Lula, agora têm que deglutir as privatizações que tanto combatem em discursos palanqueiros. Agora, o que D. Dilma falou não foi em privatizar algo que já existe, e sim em fazer concessão de algo a ser construído. Na realidade tucanos e petistas são meros atores, coadjuvantes, da pantomima global. O Editor Após praguejar as privatizações, Dilma vira privatista Em campanha, Dilma Rousseff fez da execração das privatizações um mote contra o tucanato e seu representante, José Serra. Empossada, a sucessora de Lula prepara um plano para privatizar os principais terminais de aeroportos do país. Os repórteres Valdo Cruz e Ana Flor informam: sob Dilma, o governo confiará à iniciativa privada a construção e a operação de aeroportos. Entre eles os novos terminais de Guarulhos e Viracopos, em São Paulo. A coisa virá por medida provisória, provavelmente ainda em janeiro.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O texto deve incluir a abertura do capital da Infraero, estatal aeroportuária, e a criação de uma nova pasta para cuidar da aviação civil. Será uma secretaria, pendurada no organograma da Presidência da República. O titular terá status de ministro. Vai incorporar repartições hoje vinculadas à pasta da Defesa, que gere o setor. Coisa já acertada com o ministro Nelson Jobim. Operadores de Dilma já contactaram companhias como TAM e a Gol, interessadas em construir e operar novos terminais. A ideia é que o governo delegue a exploração do negócio a mãos privadas por meio de contratos de concessão. A vigência deve ser de 20 anos. A providência é tão útil quanto inevitável. Os aeroportos estão saturados. E o governo não dispõe de caixa para desafogá-los. Não resta senão recorrer à iniciativa privada. Obviamente, Dilma será acusada de ter esgrimido na campanha a empulhação do antiprivatismo. Porém, chegou a hora de aplicar ao lero-lero hipócrita dos palanques a lógica que guia os peladeiros: treino é treino, jogo é jogo. blog Josias de Souza

Leia mais »