Facebook e Google são investigados por práticas antitruste
Autoridades americanas apertam o cerco às empresas de tecnologia
Autoridades americanas apertam o cerco às empresas de tecnologia
A empresa de Mark Zuckerberg tenta conectar dois vértices
Rússia e China começaram a falar publicamente sobre uma ‘internet soberana’ por volta de 2011
A empresa coletará informações sobre o uso de ‘apps’ com a intenção de melhorar seus produtos
Usuários aceitaram em três experimentos mais de US $ 1.000 em média (875 euros) para desativar a rede social por um ano A marca do Facebook teve um problema de imagem em 2018. O produto do Facebook, a rede social, parece mais saudável. Quatro economistas de universidades norte-americanas acabam de publicar um artigo científico com os resultados de três leilões com dinheiro real. Organizadores propôs quatro grupos diferentes, totalizando 1.258 pessoas no total quanto dinheiro você gostaria de parar de usar Facebook para uma hora, um dia, uma semana e um ano. Dinheiro que poderia entrar era real, que, dizem os pesquisadores, “tinha um incentivo para considerar seriamente o quanto você precisa ser compensada para ficar sem serviço durante o tempo indicado.” O resultado projetado para um ano, em média, é superior a 1.000 dólares (875 euros). A pesquisa também mostra algo óbvio: o valor da conta depende do seu uso. Os maiores usuários estão dispostos a pagar mais de US $ 1.000, mas metade dos participantes nos experimentos deixaria a rede por menos de US $ 200 (174 euros). A figura parece consistente com o valor aparente do Facebook. Desde o caso da Cambridge Analytica em abril, o ano foi carregado com notícias de escândalos russos, perda de dados e falta de cuidado com a privacidade dos usuários do Facebook. O valor do mercado de ações do Facebook caiu, mas no momento sua capacidade de depositar dinheiro e manter seus usuários ativos é mantida. The Guardian dedicou um tweet engraçado com um vídeo muito bem feito para o “ano ruim” de Mark Zuckerberg. O texto era “Mark, lembre-se da Cambridge Analytica e quando 2 milhões de pessoas deixaram o Facebook, o que foi um ano”. Tem cerca de 3.000 retweets, mas Zuckerberg poderia ter respondido: “Eu ainda tenho 2.198 milhões de usuários”. Até que indique uma tendência, 2 milhões são apenas ruído estatístico para o Facebook. Tal como o seu jornal e o Guardian, que ainda não desistiram das suas contas. “Alguns dos problemas recentes validaram os nossos resultados , ” diz Matt Rousu, professor Sigmund Weis Negócios Chool da Susquehanna University, na Pensilvânia (Estados Unidos). “As pessoas estão ainda usando Facebook. Isto fornece evidência de que é incrivelmente valioso para seus usuários. Se o Facebook deu pouco valor, em seguida, com as preocupações sobre privacidade e sobre as eleições de 2016, que deveria ter visto mais pessoas desligar seu próprio , ” acrescenta. O objetivo de Rousu e dos pesquisadores Jay R. Corrigan, do Kenyon College, Saleem Alhabash, da Michigan State University, e Sean B. Cash, da Tufts University, no artigo “Quanto valem as redes sociais?” vai, no entanto, além de valorizar o Facebook após os recentes escândalos. Sua intenção é descobrir quanto os serviços de Internet valem para seus usuários: “Serviços gratuitos ou baratos podem gerar um excedente para o consumidor de magnitude maior do que seu impacto mensurável no PIB“, escrevem eles. Os benefícios do eBay, o mercado de livros usados ou a enorme variedade de livros disponíveis para a Amazon, de acordo com os estudos citados neste artigo, representam vários bilhões de excedentes para os consumidores. Como você mediu esse valor para o Facebook nesses experimentos? Com um leilão para desativar sua conta. Em um dos experimentos, os pesquisadores reuniram 133 estudantes de uma universidade no centro dos Estados Unidos e 138 adultos de uma cidade universitária nos Estados Unidos. Cada participante teve que dar um valor em troca do que deixaria de usar o Facebook por um ano. O dinheiro era real e o pagamento estava sujeito à verificação periódica da falta de atividade na conta. 41 estudantes e 21 adultos se recusaram a licitar. Quatro no total pediram mais de US $ 50.000. Todos foram eliminados da amostra. Os usuários que mais fotos pendurar deram um valor menor ao Facebook Entre os demais, a média dos estudantes foi de 2.076 dólares (1.812 euros) e a dos adultos foi 1.139 (994 euros). Esse é o preço médio que eles gostariam de receber por abandonar sua conta – ou seja, o valor que tem para eles -, mas metade dos estudantes deixaria de usar o Facebook por menos de 200 dólares (174 euros) e metade dos adultos por menos de 100 dólares (87 euros). Em outro dos leilões, há uma pista sobre a diferença abismal que cada usuário dá à sua conta: os pesquisadores descobriram uma relação significativa entre o valor de uma conta e a frequência das postagens ou se o Facebook é usado para convidar pessoas para eventos. Por outro lado, os usuários com mais fotos têm um valor menor que o Facebook. “Há muitas outras opções para compartilhar fotos, especialmente o Instagram, usuários que usam o Facebook basicamente para compartilhar fotos são os menos interessados nesse formato específico da rede social”, escrevem eles. O desafio do Facebook é manter todos dentro. O valor geral da rede é drasticamente reduzido se os usuários menos envolvidos saírem. Os atores mais envolvidos – especialmente empresas que anunciam e freqüentam usuários – aumentam o valor do Facebook se realmente “todo mundo” está lá. No momento é e nenhuma alternativa real aparece.
Exclusivo: investigação revela exército de perfis falsos usados para influenciar eleições no Brasil Cada funcionário seria responsável por controlar de 20 a 50 perfis falsos | Ilustração: Kako Abraham/BBC São sete da manhã e um rapaz de 18 anos liga o computador em sua casa em Vitória, no Espírito Santo, e dá início à sua rotina de trabalho. Atualiza o status de um dos perfis que mantém no Facebook: “Alguém tem um filme para recomendar?”, pergunta. Abre outro perfil na mesma rede. “Só queria dormir a tarde inteira”, escreve. Um terceiro perfil: “Estou com muita fome”. Ele intercala esses textos com outros em que apoia políticos brasileiros. Esses perfis não tinham sua foto ou nome verdadeiros, assim como os outros 17 que ele disse controlar no Facebook e no Twitter em troca de R$ 1,2 mil por mês. Eram, segundo afirma, perfis falsos com fotos roubadas, nomes e cotidianos inventados. O jovem relatou à BBC Brasil que esses perfis foram usados ativamente para influenciar o debate político durante as eleições de 2014. As evidências reunidas por uma investigação da BBC Brasil ao longo de três meses sugerem que uma espécie de exército virtual de fakes foi usado por uma empresa com base no Rio de Janeiro para manipular a opinião pública, principalmente, no pleito de 2014. A estratégia de manipulação eleitoral e da opinião pública nas redes sociais seria similar à usada por russos nas eleições americanas, e já existiria no Brasil ao menos desde 2012. A reportagem identificou também um caso recente, ativo até novembro de 2017, de suposto uso da estratégia para beneficiar uma deputada federal do Rio. A reportagem entrevistou quatro pessoas que dizem ser ex-funcionários da empresa, reuniu vasto material com o histórico da atividade online de mais de 100 supostos fakes e identificou 13 políticos que teriam se beneficiado da atividade. Não há evidências de que os políticos soubessem que perfis falsos estavam sendo usados. Com ajuda de especialistas, a BBC Brasil identificou como os perfis se interligavam e seus padrões típicos de comportamento. Seriam o que pesquisadores começam a identificar agora como ciborgues, uma evolução dos já conhecidos robôs ou bots, uma mistura entre pessoas reais e “máquinas” com rastros de atividade mais difíceis de serem detectados por computador devido ao comportamento mais parecido com o de humanos. Parte desses perfis já vinha sendo pesquisada pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo, coordenado pelo pesquisador Fábio Malini. “Os ciborgues ou personas geram cortinas de fumaça, orientando discussões para determinados temas, atacando adversários políticos e criando rumores, com clima de ‘já ganhou’ ou ‘já perdeu’”, afirma ele. Exploram o chamado “comportamento de manada”. “Ou vencíamos pelo volume, já que a nossa quantidade de posts era muito maior do que o público em geral conseguia contra-argumentar, ou conseguíamos estimular pessoas reais, militâncias, a comprarem nossa briga. Criávamos uma noção de maioria”, diz um dos ex-funcionários entrevistados. Esta reportagem é a primeira da série Democracia Ciborgue, em que a BBC Brasil mergulha no universo dos fakes mercenários, que teriam sido usados por pelo menos uma empresa, mas que podem ser apenas a ponta do iceberg de um fenômeno que não preocupa apenas o Brasil, mas também o mundo. Segundo Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), a suspeita de que esse seria um serviço oferecido normalmente para candidatos e grupos políticos “faz pensar que a prática deva já estar bem disseminada nesse ambiente político polarizado e que vai ser bastante explorada nas eleições de 2018, que, ao que tudo indica, serão ainda mais polarizadas que as últimas de 2014”. Philip Howard, professor do Instituto de Internet da Oxford, vê os ciborgues como “um perigo para a democracia”. “Democracias funcionam bem quando há informação correta circulando nas redes sociais”, afirma, colocando os fakes ao lado do problema da disseminação das fake news, ou seja, notícias falsas. Direito de imagemGETTY IMAGESRobôs estariam tentando manipular opinião pública nas redes sociais no Brasil desde 2012 Exército fake Em 2012, segundo os entrevistados pela BBC Brasil, o empresário carioca Eduardo Trevisan, proprietário da Facemedia, registrada como Face Comunicação On Line Ltda, teria começado a mobilizar um exército de perfis falsos, contratando até 40 pessoas espalhadas pelo Brasil que administrariam as contas para, sobretudo, atuar em campanhas políticas. Inicialmente, a BBC Brasil entrou em contato com Trevisan por telefone. Ele negou que sua empresa crie perfis falsos. “A gente nunca criou perfil falso. Não é esse nosso trabalho. Nós fazemos monitoramento e rastreamento de redes sociais”, afirmou, pedindo que a reportagem enviasse perguntas por email. “Os serviços em campanhas eleitorais prestados pela Facemedia estão descritos e registrados pelo TSE, de forma transparente. Por questões éticas e contratuais, a Facemedia não repassa informações de clientes privados”, respondeu, posteriormente, por email (leia resposta completa na parte final desta reportagem). Empresário criou a página Lei Seca RJ, que alerta motoristas para locais de blitze no Rio | Reprodução/Facebook Trevisan, cujo perfil pessoal no Twitter carrega a descrição “Brasil, Pátria do Drible”, tem quase um milhão de seguidores. Ele ganhou projeção com sua página Lei Seca RJ, criada em 2009. Seguida por 1,2 milhão de usuários, ela alerta motoristas para locais de blitze no Rio. Um ex-funcionário disse ter sido contratado justamente achando que trabalharia administrando o Twitter do Lei Seca RJ. “Era um trabalho bem sigiloso. Não sabia que trabalharia com perfis falsos”, diz. Quando descobriu, conta, passou a esconder de amigos e familiares o que fazia. Hoje, afirma, tem medo de falar, porque trabalhou “para gente muito importante” e teria assinado um contrato de sigilo com a empresa. Políticos Os depoimentos dos entrevistados e os temas dos tuítes e publicações no Facebook levam aos nomes de 13 políticos que teriam sido beneficiados pelo serviço, entre eles os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). A atuação era variada. Para Aécio, perfis supostamente falsos publicaram, por exemplo, mensagens elogiosas ao
Hackers passaram a utilizar a publicidade no Facebook para fazer pequenos pagamentos com suas contas e promover páginas fraudulentas. Direito de imagemGETTY IMAGES Há alguns anos, o modo preferido de atuação de hackers era enviar vírus que se instalavam nos nossos computadores e podiam destruir nossos arquivos ou tornar o aparelho completamente inútil. Com a explosão de compras pela internet, porém, o foco de muitos deles passou a ser ganhar dinheiro. E as redes sociais se transformaram um de seus principais locais de atuação. De acordo com o Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), um think tank americano, os ciberataques são responsáveis pelo roubo de cerca de 20% do dinheiro gerado na internet – aproximadamente US$ 400 bilhões por ano. Os números são estimados, já que nem todas as pessoas roubadas pela internet denunciam os crimes, e há muitos países que nem sequer guardam os dados. Desde malwares (softwares maliciosos) até phishing (roubo de dados por meio de links falsos), passando pelo ransomware (golpe em que computadores são infectados com um vírus que codifica e “sequestra” os arquivos – os invasores pedem um “resgate” por eles), sorteios e loterias falsas, todos têm o objetivo de conseguir dinheiro de forma fraudulenta. Agora, por meio dos anúncios colocados no Facebook para promover páginas pessoais, de negócios ou de eventos, foi descoberto um novo fenômeno no cibercrime. Roubo ‘por comissão’ Direito de imagemGETTY IMAGESCriminosos geralmente são responsáveis por páginas de apostas ou de sorteios e recebem comissões caso elas tenham mais tráfego Quando o participante da rede social resolve pagar um anúncio no Facebook para promover sua empresa, por exemplo, pode deixar os dados de seu cartão armazenados no site para futuras contas ou dar à página acesso a outras contas de pagamento como PayPal. Ao invadir nossas contas, os hackers sabem onde procurar e acessar esses dados. “Eles entram na conta do Facebook não para roubar grandes quantidades de dinheiro, mas sim para usar valores da vítima e promover seus próprios sites de apostas. Ao dirigir e aumentar as visitas a essas páginas, eles recebem uma espécie de comissão”, diz o especialista em segurança e privacidade na internet Graham Cluley à BBC. Direito de imagemGETTY IMAGESHá alguns anos o site criou a possibilidade de pagar por anúncios de páginas, negócios ou eventos na rede social Os criminosos basicamente se apossam momentaneamente da conta de Facebook da vítima e fazem pequenos pagamentos para anúncios de seu interesse. Como o dinheiro sai do bolso do usuário e em pequenas quantidades – algo entre US$ 2 e US$ 6 -, fica mais difícil detectar a fraude. Além disso, como o Facebook realiza a cobrança automática dos anúncios depois que o usuário contrata o serviço uma vez, o pagamento não costuma levantar suspeitas. Um programa de rádio da BBC chegou a receber o telefonema de um ouvinte que teve cerca de US$ 16 mil roubados por meio desse método. Questionado pela BBC, o Facebook admitiu que, neste caso, terceiros obtiveram acesso aos dados de login da vítima e foram feitos pagamentos fraudulentos para a promoção de páginas à revelia do dono real do perfil. Proteja-se Direito de imagemGETTY IMAGESSua segurança na internet depende da quantidade de informação sobre si mesmo que você compartilha nos sites e como a protege Graham Cluley fez algumas recomendações para que seja possível se prevenir. Primeiro, é preciso assegurar-se de que as informações sobre seus cartões de crédito não ficaram gravadas em seu computador nem em seu celular. Elimine também qualquer conta que contenha dados financeiros e esteja associada ao seu perfil de Facebook. Por exemplo, Paypal, ou um método de pagamento semelhante. Cheque o movimento em sua conta bancária com frequência. Pequenos roubos, mesmo frequentes, podem passar despercebidos. Se você tem suspeitas, peça informações ao Facebook. O site pode fornecer detalhes sobre os anúncios e páginas que você está promovendo, e qual foi a quantia investida neles. Caso você tenha feito uma campanha com anúncios pagos no Facebook, mas ela já chegou ao fim, também é possível pedir ao banco que não aceite mais cobranças que venham da rede social, a não ser que sejam autorizadas por você mediante contato.
A rede social chinesa que já vale mais do que o Facebook – e por que você não a conhece O chefe da Tencent, Ma Huateng, passou a “valer” mais do que os fundadores do Google, de acordo com o ranking da revista Forbes. Direito de imagem GETTY IMAGES A empresa é proprietária do WeChat, um aplicativo que agrega a possibilidade de pagamentos online e a troca de mensagens instantâneas e que se tornou extremamente popular na China nos últimos anos. No Brasil, a ferramenta é relativamente desconhecida. Além do aplicativo, a Tencent Holdings também possui franquias de jogos online, como os sucessos mundiais League of Legendse Honour of Kings. O valor de mercado da maior empresa de rede social da China, a Tencent Holdings, superou o do Facebook, que hoje possui mais de 2 bilhões de usuários ativos. É a primeira vez na história que uma companhia asiática vale mais do que US$ 500 bilhões. executivo Ma Huateng já é mais rico do que os fundadores do Google, os americanos Larry Page e Sergey Bin, de acordo com a Forbes. A revista avaliou a fortuna do chinês em US$ 48,3 bilhões nesta terça-feira, o que faz dele o nono homem mais rico do mundo. A avaliação de Ma Huateng no ranking da Forbes subiu depois do anúncio de que ele levaria os serviços de pagamento do WeChat para a Malásia no próximo ano. A empresa também tem participação na Snap, a companhia por trás do Snapchat, no aplicativo de carona Lyft e na fabricante de carros elétricos Tesla. Espera-se ainda que a Tencent Holdings leve o jogo Honour of Kings para os Estados Unidos. O jogo permite que os jogadores paguem para aprimorar as roupas dos personagens. Críticos na China acusam o jogo de ser viciante. Resistências ao aplicativo fora da China Tencent Holdings se junta agora a um grupo de companhias americanas das quais você provavelmente já ouviu falar: Apple, Amazon e Microsoft. Aproximadamente um bilhão de pessoas – ou metade da população chinesa – utilizam todos os meses o app WeChat, ou “wei shin” como ele chamado na China. O que começou como uma plataforma de mensagens, agora permite que você pague suas compras, chame um táxi, invista, peça comida… e a lista de possibilidade do aplicativo continua. Direito de imagemREUTERSWeChat tem 1 bilhão de usuários na China Tencent espera exportar esse fenômeno chinês. A Malásia é a primeira da fila de espera pelo sistema de pagamento. Mas tem se mostrado difícil para a Companhia fazer com que as pessoas de fora da China adotem o WeChat. De acordo com o analista Robin Brant, correspondente de política da BBC em Shangai, o problema não está só no hábito das populações de outros países que já tem aplicativos de preferência. Parte da resistência decorre do fato de que a empresa concordou há muito tempo a censurar conteúdo na China – e no exterior – seguindo as determinações do governo chinês. Também há preocupações sobre segurança, porque, ao contrário de outros apps de troca de mensagens, as comunicações no WeChat não são criptografadas.
Facebook é acusado de falta de transparência ao reduzir alcance de páginas de ‘má qualidade’ Facebook reduz alcance de sites com pouca qualidadeDesde o começo do ano, o Facebook vem diminuindo o alcance de páginas e de publicações brasileiras que considera abrigar “conteúdos de má qualidade”. Neste domingo (12), Cláudia Gurfinkel, líder de parcerias com veículos de mídia do Facebook para a América Latina, afirmou que sites com “quantidade enorme de anúncios dentro da página e pouco texto” e postagens “caça-cliques” têm seu alcance reduzido intencionalmente na plataforma. Ela era uma das palestrantes na mesa “Plataformas, jornalismo e política” no festival 3i – Jornalismo Inovador, Inspirador e Independente, que aconteceu no Rio de Janeiro. O Facebook não divulga que páginas nem que postagens tiveram seu alcance restringido – ou seja, páginas ou postagens que passaram, por meio de algoritmos, a aparecer menos no mural de notícias de cada usuário. Também não informa que páginas tiveram seu conteúdo limitado ou tampouco lhes dá direito de resposta. Gurfinkel disse à BBC Brasil que os critérios para a redução de alcance de páginas, porém, “estão publicados e divulgados” nas plataformas de divulgação do Facebook. A reportagem apurou que veículos de imprensa brasileiros já tiveram seu alcance diminuído na plataforma porque publicaram notícias com manchetes consideradas “caça-clique” pelo Facebook. “Se um veículo de credibilidade estiver adotando esse tipo de prática simplesmente para conseguir clique, ele também pode sofrer algum tipo de punição”, afirmou Gurfinkel. Direito de imagemREUTERSEmpresa foi criticada por disseminação de “fake news durante as eleições nos EUA Segundo ela, parte dos indícios são identificados por meio de “machine learning” – ação do sistema que se aprimora automaticamente a partir da identificação de um padrão de comportamento, quando há várias repetições de um mesmo tipo de postagem – e outros são identificados por meio da análise de pessoas contratadas para isso. O Facebook também diminui o alcance de páginas que pedem curtidas por meio de posts “enganosos” – ou seja, que prometem coisas em troca de curtidas -, sites de pornografia e endereços que levam para sites “diferentes daquilo que estava sendo prometido”. As ações não endereçam especificamente “fake news” (notícias falsas), mas sim todas as páginas do Facebook com “conteúdos de má qualidade”, segundo Gurfinkel. “Priorizamos conteúdo de boa qualidade dentro da plataforma. Queremos que a comunidade seja uma comunidade bem informada.” A empresa foi criticada pela quantidade de notícias falsas disseminadas por meio da rede durante as eleições dos Estados Unidos no ano passado. Na época, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, escreveu que era “improvável” que a plataforma tivesse influenciado as eleições americanas. Depois, a empresa passou a adotar uma série de medidas para coibir notícias falsas – em maio, anunciou que manchetes “caça-cliques” seriam exibidas “com menos frequência” e que isso começaria a ser testado em outros idiomas, “incluindo o português”. “Manchetes com retenção de informações são aquelas que intencionalmente deixam de fora detalhes cruciais, ou enganam as pessoas, forçando-as a clicar para descobrir a resposta (…) Já manchetes que exageram são aquelas que usam linguagem sensacionalista nos detalhes de uma história e tendem a fazer a história parecer algo maior do que realmente é”, diz o comunicado. O Facebook elenca no texto dois exemplos do que considera manchetes que seriam “caça-cliques”: “Quando ela olhou debaixo de seu sofá e viu ISSO…” e “UAU! O chá de gengibre é o segredo da juventude eterna. Você TEM que ver isso!”. Esses títulos, segundo a empresa, deveriam ter seu alcance reduzido porque retêm ou exageram informação. GETTY IMAGESMark Zuckerberg afirmou ser “improvável” que o Facebook tenha influenciado eleições americanas Alcance controlado Na palestra deste domingo (12), Gurfinkel respondia a uma pergunta feita por Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo), que percebeu que houve diminuição no alcance de uma página política no Facebook. Ele é coordenador de um estudo produzido pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação da USP (GPoPAI-USP). O grupo monitorou a evolução de mais de 200 milhões de compartilhamentos de 20 sites de abril a outubro de 2017. Só as matérias políticas foram consideradas. A página Folha Política, que tem 1,7 milhões de seguidores no Facebook, teve uma queda vertiginosa nos compartilhamentos de suas postagens na plataforma. Em maio, os itens da página tiveram 3,3 milhões de compartilhamentos. Em outubro, esse número caiu para 37 mil. O número de publicações diminuiu de 808 a 477. A página, de direita, publica links para sites como “Política na Rede”, que não explicita seu dono nem quem são os autores dos textos curtos, publicados sem fontes jornalísticas. A BBC Brasil procurou o administrador da página na tarde desta segunda, sem sucesso. Para Ortellado, a redução de alcance promovida pelo Facebook é tanta “que equivale a censura”. “A gente pode concordar ou não que não era um site bom. Mas será que a gente quer que uma empresa defina o que deve chegar até nós?”, questiona. “Uma empresa privada está decidindo o que a gente lê e o que a gente não lê.” O monopólio, por parte do Facebook, do poder de decidir que conteúdo chega ao mural de notícias dos usuários é criticado por pessoas como o historiador britânico Niall Ferguson. Para ele, cujas ideias são alinhadas à direita, os usuários não deveriam deixar a cargo da empresa a autoridade de retirar discursos de ódio da plataforma, por exemplo. “Pessoalmente, defendo a liberdade de expressão sob o risco de me sentir ofendido pelo que os outros dizem, (mas) decidindo eu mesmo o que bloquear em vez de deixar isso para o ‘Cidadão Zuck’”, afirma, em referência a Mark Zuckerberg. Gurfinkel diz que “não é que essas páginas sejam eliminadas ou que desapareçam, mas passam a ter distribuição um pouco mais limitada dentro da plataforma”. Segundo o estudo, vários sites da “grande imprensa”, que servem como parâmetro para a investigação, também tiveram uma redução expressiva de compartilhamentos no período, de até 50%.
“O Facebook é a mais apavorante máquina de espionagem já inventada.” Assange