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EI treinou ao menos 400 homens para atacar a Europa

“Estado Islâmico” preparou centenas de militantes para executar atentados em solo europeu, dizem autoridades. Rede de células terroristas como as que atacaram Paris e Bruxelas estaria espalhada por vários países. O grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI) treinou pelo menos 400 militantes para executarem atentados na Europa, implantando uma rede de células terroristas como as que atacaram Bruxelas e Paris, informou a agência de notícias AP, baseada em entrevistas com autoridades. A rede de células ágeis e semiautônomas mostraria o alcance do grupo extremista na Europa, apesar de ele estar perdendo terreno na Síria e no Iraque. Os terroristas teriam ordem de escolher a hora, lugar e método dos ataques para provocar o máximo de caos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] As fontes da agência incluem autoridades de inteligência europeias e iraquianas, além de um legislador francês que acompanha as atividades das redes jihadistas. Segundo eles, há campos de treinamento da Síria, Iraque e, possivelmente, em áreas do antigo bloco soviético, onde combatentes são treinados para atingir o Ocidente. Combatentes “em todos os lugares” Antes de ser morto pela polícia, o líder dos ataques de Paris de 13 de Novembro afirmou que havia entrado na Europa num grupo multinacional de 90 combatentes, que estariam dispersos “mais ou menos em todos os lugares”. Depois de fugir de Paris imediatamente após os atentados de novembro, Salah Abdeslam, preso na última sexta-feira, forjou uma nova rede no bairro de sua infância, Molenbeek, há muito conhecido como um paraíso para os jihadistas. “Ele não só conseguiu fugir, mas também organizou outro ataque, com cúmplices em todos os lugares”, afirma a senadora francesa Nathalie Goulet, colíder de uma comissão de acompanhamento de redes jihadistas. Estimativas variam de 400 a 600 combatentes do “Estado Islâmico” treinados especificamente para ataques externos, de acordo com os especialistas, incluindo Goulet. Cerca de 5 mil europeus foram para a Síria. “A realidade é que se soubéssemos exatamente quantos eles eram, isso tudo não estaria acontecendo”, disse ela. Mais de quatro fontes com acesso às estatísticas de combatentes encarregados de ataques na Europa corroboram independentemente os números de extremistas treinados para ataques específicos na Europa, incluindo alguns que interrogaram diretamente esses militantes. Outros checaram informações sobre combatentes que chegam e que saem da Europa. Ao reivindicar a responsabilidade pelo ataque de terça-feira, o “Estado Islâmico” descreveu o grupo como uma “célula secreta de soldados” enviada a Bruxelas para o propósito. As células foram confirmadas pela Europol, que ressaltou num relatório divulgado no final de janeiro que autoridades de inteligência acreditavam que o grupo fora treinado para ataques específicos. MD/ap

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Chomsky: ‘Este é o momento mais crítico na história da humanidade’

Chomsky repassa as principais tendências do cenário internacional, a escalada militarista do seu país e os riscos crescentes de guerra nuclear. “Os Estados Unidos sempre foram uma sociedade colonizadora. Inclusive antes de se constituírem como Estado já trabalhavam para eliminar a população indígena, o que significou a destruição de muitas nações originárias”, como bem lembra o linguista e ativista estadunidense Noam Chomsky, quando se pede que descreva a situação política mundial. Crítico feroz da política externa de seu país, ele recorda 1898, quando ela apontou seus dardos ao cenário internacional, com o controle de Cuba, “transformada essencialmente numa colônia”, e logo nas Filipinas, “onde assassinaram centenas de milhares de pessoas”. Chomsky continua seu relato fazendo uma pequena contra-história do império: “roubou o Havaí da sua população originária 50 anos antes de incorporá-lo como um dos seus estados”. Imediatamente depois da II Guerra Mundial, os Estados Unidos se tornaram uma potência internacional, “com um poder sem precedente na história, um incomparável sistema de segurança, controlando o hemisfério ocidental e os dois grandes oceanos. E, naturalmente traçou planos para tentar organizar o mundo conforme a sua vontade”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Contudo, ele aceita que o poder da superpotência diminuiu com respeito ao que tinha em 1950, o auge da sua hegemonia, quando acumulava 50% do produto interno bruto mundial, muito mais que os 25% que possui agora. Ainda assim, Chomsky lembra que “os Estados Unidos continua sendo o país mais rico e poderoso do mundo, e incomparável a nível militar”. Um sistema de partido único Em algum momento, Chomsky comparou as votações em seu país com a eleição de uma marca de pasta de dentes num supermercado. “Nosso país tem um só partido político, o partido da empresa e dos negócios, com duas facções, democratas e republicanos”, proclama. Mas ele acredita que já não é possível continuar falando dessas duas velhas coletividades políticas, já que suas tradições sofreram uma mutação completa durante o período neoliberal. Chomsky considera que “os chamados democratas não são mais que republicanos modernos, enquanto a antiga organização republicana ficou fora do espectro, já que ambas as vertentes se moveram muito mais à direita durante o período neoliberal – algo que também aconteceu na Europa”. O resultado disso é que os novos democratas de Hillary Clinton adotaram o programa dos velhos republicanos, enquanto estes foram completamente dominados pelos neoconservadores. “Se você olha os espetáculos televisivos onde dizem debater política, verá como somente gritam entre eles e as poucas políticas que apresentam são aterrorizantes”. Por exemplo, ele destaca que todos os candidatos republicanos negam que o aquecimento global ou são céticos – não o negam mas dizem que os governos não precisam fazer algo a respeito. “Entretanto, o aquecimento global é o pior problema que a espécie humana terá pela frente, e estamos nos dirigindo a um completo desastre”. Em sua opinião, as mudanças no clima têm efeitos comparáveis somente com os da guerra nuclear. Pior ainda, “os republicanos querem aumentar o uso de combustíveis fósseis. Esse não é um problema de centenas de anos, mas sim um criado pelas últimas duas gerações”. A negação da realidade, que caracteriza os neoconservadores, responde a uma lógica similar à que impulsiona a construção de um muro na fronteira com o México. “Essas pessoas que tratamos de distanciar são as que fogem da destruição causada pelas políticas estadunidenses”. “Em Boston, onde vivo, o governo de Obama deportou um guatemalteco que viveu aqui durante 25 anos, ele tinha uma família, uma empresa, era parte da comunidade. Havia escapado da Guatemala destruída durante a administração de Reagan. A resposta a isso é a ideia de construir um muro para nos prevenir. Na Europa acontece o mesmo. Quando vemos que milhões de pessoas fogem da Líbia e da Síria para a Europa, temos que nos perguntar o que aconteceu nos últimos 300 anos para chegar a isto”. Invasões e mudanças climáticas se retroalimentam Há apenas 15 anos, não existia o tipo de conflito que observamos hoje no Oriente Médio. “É consequência da invasão estadunidense ao Iraque, que é o pior crime do século. A invasão britânica-estadunidense teve consequências horríveis, destruíram o Iraque, que agora está classificado como o país mais infeliz do mundo, porque a invasão cobrou a vida de centenas de milhares de pessoas e gerou milhões de refugiados, que não foram acolhidos pelos Estados Unidos, e tiveram que ser recebidos pelos países vizinhos pobres, obrigados a recolher as ruínas do que nós destruímos. E o pior de tudo é que instigaram um conflito entre sunitas e xiitas que não existia antes”. As palavras de Chomsky recordam a destruição da Iugoslávia durante os Anos 90, instigada pelo ocidente. Assim como Sarajevo, ele destaca que Bagdá era uma cidade integrada, onde os diversos grupos culturais compartilhavam os mesmos bairros e se casavam membros de diferentes grupos étnicos e religiosos. “A invasão e as atrocidades que vimos em seguida fomentaram a criação de uma monstruosidade chamada Estado Islâmico, que nasce com financiamento saudita, um dos nossos principais aliados no mundo”. Um dos maiores crimes foi, em sua opinião, a destruição de grande parte do sistema agrícola sírio, que assegurava a alimentação do país, o que conduziu milhares de pessoas às cidades, “criando tensões e conflitos que explodiram após as primeiras faíscas da repressão”. Uma das suas hipóteses mais interessantes consiste em comparar os efeitos das intervenções armadas do Pentágono com as consequências do aquecimento global. Na guerra em Darfur (Sudão), por exemplo, convergiram os interesses das potências ocidentais e a desertificação que expulsa toda a população às zonas agrícolas, o que agrava e agudiza os conflitos. “Essas situações desembocam em crises espantosas, e algo parecido acontece na Síria, onde se registra a maior seca da história do país, que destruiu grande parte do sistema agrícola, gerando deslocamentos, exacerbando tensões e conflitos”, reflete. Chomsky acredita que a humanidade ainda não pensa com mais atenção sobre o que significa essa negação do aquecimento global e os planos a longo prazo dos republicanos, que pretendem acelerá-lo: “se

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Tecnologia: Para vencer o EI, a batalha central é dominar o virtual

 Um ano antes do Estado Islâmico estabelecer seu califado extremista na Síria e no Iraque, Abdulmunam Almushawah notou uma mudança preocupante a mais de 1.600 quilômetros de distância, na Arábia Saudita. Homem com bandeira do Estado Islâmico em Raqqa, Síria – Foto Reuters O chefe de um programa financiado pelo governo saudita que rastreia jihadistas on-line disse que viu novas tendências crescendo entre os militantes já em 2013. Eles estavam formando grupos técnicos para ajudar radicais a enviar mensagens criptografadas.Houve uma enxurrada de atividades em francês, e os apelos à jihad na Europa estavam crescendo. Dois anos mais tarde, houve massacres em Paris, primeiro na revista Charlie Hebdo em janeiro e, em seguida, em múltiplos alvos em novembro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Entendemos que eles estiveram construindo a realidade de hoje”, disse Almushawah em uma entrevista em sua base em Riad. “O que acontece na vida real tem uma sombra anterior no mundo eletrônico”. Os EUA e seus aliados dizem que estão vencendo a luta contra o Estado islâmico, retomando território conquistado no ano passado e libertando cidades como Kobane na Síria e Ramadi no Iraque. No entanto, está perdendo terreno em uma área na qual os ataques aéreos não podem alcançar, um espaço em grande parte controlado por empresas sediadas nos Estados Unidos. Executivos da Google Inc. e Facebook Inc., junto com funcionários do governo agora estão reunindo apoio para uma resposta combinada. Território Digital As informações recolhidas por Almushawah mostram como é difícil pegar as informações atuais e transformá-las em previsão. Os jihadistas desenvolveram um nível de conhecimento técnico que permite a utilização da Internet e das redes sociais sem serem pegos por agências de inteligência, disse a Europol em um relatório divulgado na segunda-feira. A campanha de Internet do Estado Islâmico, também conhecida como ISIS, ISIL ou Da’esh, ajudou a atrair milhares de soldados estrangeiros e inspirou ataques isolados. O de San Bernardino, Califórnia, mostrou como a Internet ajuda a “fazer crowdsource de terrorismo, para vender assassinatos”, disse James Comey, diretor do Federal Bureau of Investigation (FBI). Envolveu pessoas “consumindo veneno pela Internet”, disse ele em um discurso duas semanas após o ataque de dezembro. Almushawah notou mais recentemente um aumento no diálogo envolvendo a Indonésia. Uma bomba em Jacarta reivindicada pelo Estado Islâmico deixou oito pessoas mortas este mês. Nova Dinâmica Um vídeo de 17 minutos aparentemente feito pelo Estado Islâmico no domingo mostrou imagens supostamente de um dos nove terroristas que participaram dos ataques de 13 de novembro em Paris, no território controlado pelo grupo, antes dos ataques, enquanto declarava que empresários e líderes políticos franceses são alvos da agrupação. O vídeo recebeu o título de: “Mate onde encontrá-los”. Empresas de rede social estão cooperando com as agências de inteligência ocidentais, mas caminham sobre a linha tênue entre ajudar na luta contra o extremismo e desencadear uma enxurrada de demandas de países em todo o mundo pedindo para apagar postagens. Contra ataque Com a expansão desse alcance on-line, também aumentaram os esforços das agências de segurança de combatê-la, como fizeram com a Al-Qaeda. Os EUA este mês anunciaram sua Countering Violent Extremism Task Force, um novo grupo que irá integrar o esforço em casa, e outra organização para fazer a ligação com os parceiros internacionais. A Casa Branca disse no dia 8 de janeiro, que a equipe de segurança do presidente Barack Obama se reuniu com empresas de tecnologia na Califórnia. A unidade especializada da Polícia Metropolitana de Londres remove 1.000 posts de conteúdo extremista a cada semana, em média, enquanto a Europol criou uma equipe em junho, com a missão de combater a presença do Estado Islâmico nas redes sociais. Sua missão era fechar qualquer nova conta afiliada ao Estado Islâmico duas horas depois de ter sido criada. O desafio é eliminar o recrutamento e incitamento na Internet e nas redes sociais, mantendo fontes suficientes de inteligência para diminuir o apelo e frustrar ataques. Alma extremista De volta a Riad, a unidade de Almushawah, chamada Assakina, iniciada em 2003 em um país cuja própria marca conservadora do Islã tem sido acusada de abastecer a jihad. Quinze dos 19 autores do 11 de setembro de 2001, os ataques contra os EUA, eram cidadãos sauditas. Enquanto existe um potencial para o sucesso, o esforço ainda tem como alvo apenas um punhado relativo de militantes, disse Almushawah. O que é necessário é uma abordagem global, afirma ele. “O ciberespaço é a alma do Estado Islâmico”, disse Almushawah. Donna Abu-Nasr e Jeremy Hodges, da Bloomberg

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Monarquias do Golfo se negam a abrigar os refugiados de guerra

Países fazem doações ao ACNUR e enviam ajuda, mas não oferecem asilo O rei saudita Salman bin Abdulaziz em Washington na passada sexta-feira Foto: GARY CAMERON (REUTERS As monarquias petrolíferas da península Arábica estão na alça de mira. Estão entre os países mais ricos do mundo. Têm a mesma língua e religião que a maioria daqueles que fogem da guerra na Síria. Não abrigaram, entretanto, um só refugiado. Suas generosas doações ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e as ações de suas organizações de caridade são pouco diante dos quatro milhões de sírios recebidos no Líbano, Jordânia, Turquia e até mesmo no Iraque e no Egito. Causas políticas e suas próprias estruturas demográficas dificultam a abertura de suas fronteiras.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Recebemos alguns refugiados no Catar e além disso eu mesmo participei de várias visitas aos acampamentos da Jordânia, Líbano e Turquia nos quais entregamos tendas, material educacional e dinheiro”, afirma Khalid Al-Mohannadi, um empreendedor social com vocação humanitária. Al-Mohannadi estima em “8.000” os sírios aceitos em seu país, ainda que admita que “não são chamados derefugiados” e indique o Ministério do Trabalho para obtenção do número exato. O Catar —com uma renda per capita de 93.000 dólares (361.000 reais), segundo o Banco Mundial—, e os outros estados membros do Conselho de Cooperação do Golfo (Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Omã) não assinaram a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados da ONU de 1951, na qual se define quem é refugiado, seus direitos e as responsabilidades com eles. As permissões de residência são vinculadas ao trabalho e este, por sua vez, ao perverso sistema dekafala ou patrocínio. “Esqueçam as convenções: todos os países têm obrigação moral de ajudar os refugiados sírios”, repete insistentemente Peter Sutherland, representante especial da ONU para a migração internacional. Isso parece ter sido entendido por muitos árabes que se lançaram às redes sociais para pedir aos governos das monarquias petrolíferas que abriguem os que fogem da guerra. A hashtag em árabe “dar as boas-vindas aos refugiados da Síria é um dever do Golfo” foi uma das mais numerosas no Twitter. Alguns destacados comentaristas da região, como o blogueiro dos Emirados Árabes Sultan Al-Qassemi, também defendem que esses estados devem abrir suas portas aos sírios. “É o caminho responsável, ético e moral que deve ser seguido”,escreveu Al-Qassemi, que argumenta que isso melhoraria sua imagem ruim em relação aos direitos humanos e frearia a perda da cultura árabe da qual frequentemente se queixam. As monarquias do Golfo já escancararam suas portas aos kuwaitianos quando Saddam Hussein invadiu o emirado em 1991, oferecendo-lhes moradias e toda a espécie de facilidades. As considerações hoje, entretanto, são diferentes. “Suspeito que temem a chegada de um grande número de árabes politicamente ativos que possam de alguma forma influenciar sociedades tradicionalmente passivas”, explica Al-Qassemi. Em uma inusitada crítica, o jornal catariano Gulf Times condenou na semana passada “o silêncio ensurdecedor” dos “ricos países do Golfo [que] ainda não emitiram uma declaração sobre a crise, muito menos alguma proposta de estratégia para ajudar os imigrantes que são majoritariamente muçulmanos”. Fontes oficiosas argumentaram que deram refúgio seguro a milhares de sírios e palestinos com documentos sírios que pediram o reencontro com suas famílias. Andreas Needham, porta-voz do ACNUR para a região, confirma em um e-mail que esses países “respeitam os padrões internacionais em relação à proteção de refugiados, em particular o princípio de não devolução”. Destaca a decisão do Kuwait em facilitar permissões de residência de longa duração aos 120.000 sírios que vivem no emirado, “o que os permitirá permanecer ali até mesmo se perderem seu atual estatuto legal”. Solicitações pendentes Ainda que os países do Golfo não aceitem refugiados, os escritórios do ACNUR abertos nesses lugares recebem solicitações. Atualmente existem 12.500 pendentes, das quais 7.000 são de sírios, 3.500 deles estão no Kuwait, 2.250 nos Emirados Árabes Unidos e 1.250 na Arábia Saudita. “Aqui não há lugar para os refugiados sírios. Não é suficiente que os estados do Golfo deem dinheiro e trabalhos inseguros”, afirma Kenneth Roth, da Human Rights Watch. Seus colegas de várias organizações de direitos árabes também denunciaram “o abandono pelos estados árabes, e em particular os do Golfo, de sua responsabilidade em proteger e dar acesso seguro aos refugiados”. Mas nem esses gestos e “as generosas doações” que, segundo Needham, fazem ao ACNUR (nos últimos dois anos e meio, somente para a Síria, 500 milhões de dólares (1,94 bilhão de reais) entregues e até 1,2 bilhão de dólares (4,66 bilhões de reais) prometidos), calam as censuras. “É muito pouco comparado com sua capacidade”, declara ao EL PAÍS Khalid Ibrahim, codiretor do Gulf Center for Human Rights. “O Líbano é um pequeno país sem recursos e abrigou mais de um milhão de sírios; o mesmo na Jordânia. Dizem que estão financiando os acampamentos nesses países, mas vá lá ver em que situação estão. Não podem trabalhar, de modo que não veem futuro. Somente na Turquia estão um pouco melhor porque têm certa liberdade de movimentos e quando podem, tentam chegar à Europa”. O ativista denuncia que, além de não gastar o necessário para resolver a crise, os países do Golfo são responsáveis por seu prolongamento “por sua ajuda aos grupos extremistas”. Ibrahim pede, entretanto, “que se diferencie os governantes e os governados”. “São governos não eleitos e as pessoas não têm liberdade de expressão”, acrescenta convencido de que a maioria está disposta a ajudar os refugiados. El País

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Militantes do Estado Islâmico ‘sequestram’ rede social criada polonesa

O polonês Mariusz Zurawek criou uma rede social em sua terra natal em um único fim de semana. Seu objetivo era tornar a postagem de fotos e vídeos mais fácil. Militantes do Estado Islâmico vêm usando redes sociais pequenas para espalhar propaganda O site, justpasteit.com, não exige registro ou conta. Foi um sucesso retumbante ─ mas pouco tempo depois Zurawek notou a ascensão de um grupo demográfico predominante. “Cerca de 60% dos visitantes são de países de língua árabe e isso é atípico para sites na Europa”, disse ele à BBC. Mas desde o início de 2014, alguns dos usuários começaram a apresentar um comportamento estranho. Vídeos e imagens ─ alguns deles muito gráficos ─ passaram a vir da Síria. Aos poucos ficou claro que o site estava sendo usado por militantes do grupo autodenominado “Estado Islâmico” (EI). O uso das redes sociais para espalhar propaganda do EI e de seus militantes se tornou uma grande preocupação para a comunidade internacional. A atividade do grupo extremista na internet tem recebido atenção especial tanto dos governos quanto de hackers ativistas como o coletivo Anonymous, que promoveu, no mês passado, ataques contra supostas contas controladas pelo Estado Islâmico. As autoridades britânicas dizem que enquanto tem concentrado seus esforços em grandes sites de redes sociais, os militantes estão focando em redes sociais menores e menos expressivas. “Estamos vendo novas plataformas sendo criadas e os acompanhamos semanalmente”, afirmou à BBC um detetive do Comando Antiterrorismo da Polícia Metropolitana de Londres, a Scotland Yard. “Nós temos tido bons resultados porque verificamos que alguns grupos que caçamos pulam de plataforma a plataforma, e sabemos que nosso trabalho vem surtindo efeito porque eles deixam uma mensagem na rede social em que atuam dizendo que precisam ir para outro local”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Toda vez que chegamos perto, eles acabam se escondendo de novo”, explica o detetive. Esconder-se de novo significa usar sites como o justpasteit.com. Zurawek diz que, inicialmente, ficou orgulhoso de que mais pessoas da Síria estivessem escolhendo seu site para compartilhar imagens. Mas quando o Estado Islâmico começou a usá-lo, e o conteúdo passou a ficar cada vez mais horripilante ─ incluindo assassinatos e decapitações, ele mudou de ideia. “Fiquei muito triste quando vi todas essas imagens ─ algumas delas muito gráficas, como decapitações. Pensei que era horrível o que estava acontecendo”, diz ele. “Fiquei pensando se deveria tirar alguns dos conteúdos mais ofensivos do ar”, explicou. “Enquanto eu pensava nisso, no dia seguinte a Polícia Metropolitana (de Londres) me ligou pedindo para retirar o conteúdo do ar porque afirmou estar ligado ao Estado Islâmico”. Embora a Polícia Metropolitana não tenha jurisdição sobre a Polônia, Zurawek disse que aceitava as determinações. “Temos permanecido em contato constante e eles enviam solicitações de remoção de conteúdo regularmente”, diz o polonês, que estima ter removido cerca de 2 mil posts relacionados ao terrorismo a pedido da polícia. Leia mais: O homem que explodiu estátuas históricas para o Talebã Sem governo “A rede social é uma forma de o Estado Islâmico e de a Al-Qaeda estarem em um espaço sem governo e é tão útil para eles quanto as partes que controlam na Síria, na Somália ou no Iêmen”, diz Alberto Fernandéz, que até recentemente coordenava o gabinete de Comunicações de Contraterrorismo Estratégico do Departamento de Estado americano ─ uma unidade que busca localizar militantes islamitas nas redes sociais. “Tentamos basicamente acompanhar nosso inimigo nesse espaço onde quer que ele esteja”, afirmou ele. No início da semana passada, um site em particular chamou a atenção de toda a imprensa. 5elafabook (pronuncia-se “khelafa-book”) ─ uma rede social nos moldes do Facebook cujo nome é uma referência em árabe à palavra “khilafa”, ou “califado” – entrou no ar, mas só durou um único dia antes de ser derrubado e ter suas contas de Twitter e Facebook suspensas. Mas de acordo com o BBC Monitoring, ainda não se sabe se o site foi criado pelo próprio Estado Islâmico – já que o grupo não o promoveu, sugerindo que a rede social pode ter sido criado por militantes de baixo escalão da rede extremista. Mas há também a possibilidade de que o site tenha sido criado como uma espécie de armadilha para identificar militantes do grupo. Zurawek, o fundador do justpasteit.com, diz que os problemas que enfrenta demonstram a dificuldade para eliminar conteúdo virtual considerado potencialmente ofensivo. “Qualquer um pode ser anônimo na internet”, diz ele. “Até grandes empresas como Twitter, YouTube e Facebook têm problemas com o Estado Islâmico e não conseguem bloquear todo o seu conteúdo ─ este é o problema com a arquitetura da internet”.

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Google censura buscas sobre como se unir ao ‘EI’

Google alterou sugestões dadas em buscas depois de ser alertada pela BBC. Grupo extremista controla áreas no Iraque e na Síria. Na manhã desta sexta-feira, o Google oferecia o complemento automático “Isis” às pessoas – no Reino Unido e Estados Unidos – que iniciavam uma busca escrevendo “como posso me unir”. A sugestão “Isis” – sigla em inglês do grupo extremista autodenominado “Estado Islâmico” (EI), organização jihadista que controla grandes áreas no Iraque e na Síria – vinha em quarto lugar, atrás de “à polícia”, “aos iluminati” e “a um sindicato”. Leia mais: O Estado Islâmico vai substituir o Talebã no Afeganistão? Alertado pela BBC, o Google eliminou a sigla de suas sugestões automáticas uma hora e meia depois. Mas, se o Google censura termos em sua busca, por que não o fazia com este? O Google diz que as sugestões oferecidas aos usuários são baseadas em “uma série de fatores, entre eles a popularidade de um termo usados nas buscas”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Ainda avalia “200 sinais ou pistas que permitem averiguar o que possivelmente esteja sendo buscado”, inclusive a posição geográfica do usuário. Os termos que outros usuários buscaram no passado também influem nas opções oferecidas. O Google já eliminou anteriormente alguns termos de suas sugestões, como insultos ou palavras de conteúdo sexual, por motivos legais ou por considerá-los de mau gosto. Leia mais: Quanto avançou a luta contra o ‘Estado Islâmico?’ “Atualizamos periodicamente nossos sistemas para melhorar as buscas, por isso os termos sugeridos podem mudar com o tempo”, diz um porta-voz da companhia. “Excluímos apenas um pequeno grupo de buscas, como as relacionadas com pornografia, violência, discurso de ódio e infrações de direitos autorais.” Ideologia No mês passado, o Reino Unido e os Estados Unidos prometeram trabalhar conjuntamente para evitar a disseminação de ideologias extremistas. O “EI” é conhecido por usar redes sociais, como Twitter, Facebook e Instagram, para difundir mensagens, fotos e clipes, estimulando seus seguidores a fazerem o mesmo. Acredita-se que o grupo e seus apoiadores tenham usado também videogames, panfletos e vídeos para recrutar combatentes. Mas nem sempre uma busca com o nome de um grupo extremista é um sinal de que uma pessoa concorda com suas ideias ou propostas, explica Danny Sullivan, fundador e editor do site Search Engine Land, dedicado a ferramentas de buscas. “Pode ser que uma pessoa faça esta busca como parte de uma investigação, para averiguar sobre o ‘EI’, e não por que eles querem se unir ao grupo”, afirma Sullivan. “Mas a razão pela qual Isis (ou ‘Estado Islâmico’) aparecia como uma das primeiras opções era o grande número de pessoas que escreviam ‘Como posso me unir ao Isis’ na caixa de busca.” No entanto, os jihadistas em potencial não conseguiriam aprender muito com estas buscas. Os resultados traziam basicamente reportagens sobre o ‘EI’ e suas formas de recrutamento.

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Nosso século decisivo

A França parece querer o aval da sociedade civil para a Otan entrar em cena contra EI e al-Qaeda. O complexo industrial-militar precisa gastar sua gigantesca produção Os recentes acontecimentos em Paris, mobilizadores de inusitado movimento de massas, bem poderiam ter servido para estender seus objetivos a outras questões cruciais da sobrevivência da humanidade e da própria biosfera neste nosso século decisivo. E não apenas das liberdades republicanas. A história que estudamos, porém, é a história da espécie humana. Não fomos educados numa didática holista que desse um enfoque interativo entre a nossa e a história evolutiva das demais espécies. Menos ainda, entre a nossa e a história das transformações geológicas de nosso planeta. Não existe, no currículo escolar ou universitário, nenhuma ampla disciplina que se ocupe da interação entre a Economia Política com a Biologia, a Antropologia, a Zoologia e a Geologia. Esse estrabismo imperdoável é próprio da visão didática onipotente dos humanos que só olham para o próprio umbigo. A Ciência Econômica é apenas mais uma dessas disciplinas caolhas, órfãs da interdisciplina. Como a própria Ciência Política. Todas as vezes, por exemplo, em que se fala em análise de crescimento da economia política formal de uma nação ou mesmo da economia global, só se cita o PIB como parâmetro. No máximo, em algumas análises, o IDH.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Ninguém fala no índice mais importante de todos eles: o EPI. A bem da verdade, é um índice quase secreto. Há economistas e cientistas políticos que jamais ouviram falar de sua existência. Alguns até confundem a sigla com o European Payment Index. Trata-se, no entanto, do Environment Performance Index. Ou, em tradução livre: Índice de Desempenho Sustentável ou IDS. O EPI foi antecedido pelo Índice de Sustentabilidade Ambiental (em inglês, Environmental Sustainability Index, sigla ESI), publicado entre 1999 e 2005. Ambos indicadores foram desenvolvidos pelo Centro de Política e Lei Ambiental da Universidade de Yale, em conjunto com a Rede de Informação do Centro Internacional de Ciências da Terra da Universidade de Colúmbia. Em seu Relatório bianual de 2010, o EPI avaliou 163 países e colocou o Brasil na desonrosa 62ª posição do ranking mundial, para quem está entre as sete maiores economias do planeta. Na versão de 2014 piorou, indo para a 77ª posição. Na América Latina, sequer se encontra entre as dez melhores performances. Esse relatório de 2014 se acha disponível na internet em http://epi.yale.edu/epi. Logo nós, que detemos em nosso território boa parte do pulmão da Terra. Outra questão crucial é a escalada armamentista global e sua estreita relação com a economia política. A França, hoje, parece querer trazer o aval da sociedade civil para a Otan entrar logo em cena contra o Estado Islâmico e a al-Qaeda em grande estilo. O complexo industrial-militar precisa, afinal, gastar sua gigantesca produção crescente. O “Estadão” revelou no ano passado que o orçamento aprovado para a defesa nos EUA para 2014 era de US$ 552,1 bilhões. Além disso, US$ 80,7 bilhões seriam desembolsados para apoiar as tropas americanas no exterior. Por outro lado, dados da própria Otan demonstram que seus gastos militares totais dobraram em apenas duas décadas, passando de US$ 504 bilhões (R$ 1,12 trilhões), em 1990, para US$ 1,08 trilhões (R$ 2,4 trilhões), em 2010. De leitura indispensável complementar para o entendimento e a interpretação adequada desses dados cruzados com esses três índices, EPI, IDH e PIB, é o livro do astrofísico Martin Rees sobre o fim da nossa civilização ainda neste século, sob o arrepiante título: “Our final century”, ainda não disponível em português, questionando se a nossa espécie sobreviverá ao século 21. Sir Martin Rees é, talvez, a maior autoridade em astrofísica da atualidade. Trata-se de um cosmólogo britânico respeitadíssimo, ex-presidente da Royal Society entre 2005 e 2010. Mestre do Trinity College, de Cambridge, com diversos livros escritos sobre o assunto. Junto com outros dois céticos britânicos não menos importantes a versarem sobre esses temas, o biólogo James Lovelock, autor de “A vingança de Gaia” e o filósofo John Gray, autor de “Cachorros de palha”, forma uma espécie de “trilogia do apocalipse”, na Inglaterra, previsto já para os próximos 50 anos. Quem sabe Paris não volta às ruas com a devida urgência por mais essa causa de importância vital para o planeta? Nelson Paes Leme/O Globo

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