O que dá pra rir dá pra chorar
A Marcha da Insensatez – Bombardeio da coalizão liderada pelos USA em Deir ez-Zor,Al Mayadeen,Síria,matando 42 civis – 29/06 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]
Reportagem também fala da criminalidade em ascensão na cidade O jornal norte-americano The New York Times traz na edição desta quinta-feira (4) uma matéria sobre a Olimpíada Rio 2016, que começa nesta sexta (5). O editorial analisa que os líderes locais e a sociedade brasileira estão mal preparados para uma ameaça de ataque terrorista como aqueles em Munique, em 1972, e Atlanta, em 1996. Eles não têm experiência com o problema e não têm recursos humanos e financeiros suficientes. Além disso, a estrutura da segurança pública no país é fraca.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A cooperação internacional está ajudando, mas o Brasil deve enfrentar o desafio e melhorar as suas instituições no futuro. O texto do New York Times lembra que no dia 21 de julho a Polícia Federal prendeu 12 suspeitos sob a acusação de tentativa de estabelecer conexões com o Estado islâmico. As prisões foram realizadas sob uma nova lei antiterrorismo que entrou em vigor este ano. Os suspeitos, que se chamavam “Defensores da Shariah”, têm sido ridicularizados na mídia social por falta de armas militares ou de formação, e por nem sequer saber um do outro, além da utilização de serviços de mensagens móveis como WhatsApp e Telegram. Mas homens com perfis semelhantes cometeram massacres em Nice e Munique. > > The New York Times No Game: The Olympics, Rio and Terror The New York Times afirma que homens presos no Brasil por suposta combinação de ameça terrorista tem perfis semelhantes aos que cometeram massacres em Nice e Munique Há uma razão histórica que torna difícil até mesmo discutir a questão do terrorismo no Brasil. Entre os anos 1964 e 1985 a ditadura usou a palavra “terroristas” para classificar grupos pacíficos que se opunham a ele. Desde então, sob o regime democrático, a liderança política tem evitado usar esta palavra. Os grupos fundamentalistas, como a Al Qaeda ou o Estado islâmico, estão longe de ser a realidade dos brasileiros, que há mais de um século convivem com uma grande comunidade árabe – de sete a dez milhões, incluindo o presidente interino, Michel Temer, um filho de imigrantes libaneses – próspera e bem integrada, comenta o The New York Times. Os brasileiros estão lidando não só com a inexperiência das autoridades com o terrorismo, mas também com a falta de recursos de segurança. O Rio de Janeiro está passando por um colapso financeiro; bombeiros, médicos, policiais e professores ficam sem receber seus salários. Às vezes, não há dinheiro para suprimentos básicos, como a gasolina para carros da polícia. O New York Times acrescenta que a atual crise política, incluindo o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, e a pior recessão econômica em 25 anos fez com que um maioria da população se colocasse contra ou indiferente aos Jogos Olímpicos – apenas 40 por cento dos brasileiros acreditam que tal evento seja bom para o país. O governo está focado no risco de lobos solitários, inspirado por grupos fundamentalistas, que pode se direcionar a delegações estrangeiras. Apesar da forte cooperação internacional, a polícia brasileira e os serviços de inteligência não têm agentes e especialistas com experiência sobre o modus operandi do Estado Islâmico, diz o The New York Times. Há também uma preocupação com a taxa de homicídios em ascensão no Rio de Janeiro. O governo informou 2.100 assassinatos de janeiro a maio deste ano, um aumento de 13 por cento sobre o mesmo período em 2015. A cidade é dominada pelo crime, com a circulação descontrolada de armas automáticas e policiais despreparados. A Força Nacional, que é encarregado de proteger instalações desportivas durante os Jogos Olímpicos, está sendo coagida pelos grupos paramilitares em áreas pobres, restringindo os movimentos dos oficiais e estabelecendo regras para o seu comportamento – por exemplo, proibindo-os de ir a bares nestes comunidades. Para a maioria dos brasileiros, crime todos os dias é uma ameaça muito mais iminente do que o terrorismo. Mas isso não faz a ameaça do terrorismo menos perigoso ou real, finaliza o The New York Times. JB
Combinação explosiva do desequilíbrio emocional com a influência nociva e distorcida de ideologias A sequência quase vertiginosa, nos quatro cantos do mundo, de ataques e ameaças de ataques atribuídos a terroristas mergulha o Ocidente na histeria e na paralisia, diante da absoluta imprevisibilidade das ações. Nem mesmo a Jornada Mundial da Juventude, maior evento católico do mundo, com a presença do próprio Papa Francisco, e que este ano está sendo realizada na Polônia reunindo milhões de fiéis, ficou imune. Apesar do caráter pacífico e de fé da celebração, a divulgação de ameaças de ataques se repetiu, inclusive com a prisão de um iraquiano, na véspera da JMJ, por posse de material explosivo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A escalada frenética dos episódios protagonizados pelos chamados “lobos solitários”, e nos mais distantes pontos do planeta, levanta uma questão: ou o chamado Estado Islâmico possui uma sofisticada, eficiente e incomparável estrutura, ou a iniciativa individual – tendência que cresce cada vez mais – tem motivações muito mais complexas e ainda não investigadas de forma adequada, e que se travestem de luta ideológica. Tragicamente, nos dois casos o resultado é morte, dor e perplexidade. Na totalidade das ações dos “lobos solitários”, o ataque termina em suicídio. Resta às investigações traçar supostos roteiros e juntar peças para tentar elucidar o caso. Diante do evidente silêncio do autor do atentado, o Estado Islâmico não hesita em tomar para si a autoria. Afinal, quem poderá negar? Relatório divulgado neste mês pelo Serviço Europeu de Polícia (Europol) aponta que os “lobos solitários”, na verdade, sofrem de problemas emocionais, que podem se agravar por aspectos ideológicos ou religiosos, o que os torna capazes de cometer esses crimes e de se suicidar. O relatório destaca que, apesar de o Estado Islâmico ter reivindicado os recentes ataques em Orlando, Nice e Alemanha, nenhum dos quatro atentados foram planejados pelo grupo, nem apoiados logisticamente. Por outro lado, se o suicídio seria uma marca destas ações, e estaria supostamente ligado à total entrega do seu autor à ideologia e à causa do Estado Islâmico, por que os grandes líderes terroristas não estão entre os que se matam? Quais foram os líderes destes grupos extremistas que se suicidaram? Quais foram os chefes que fizeram o que eles recomendam que seus comandados façam? Osama Bin Laden, o terrorista de maior notoriedade em todo o mundo, foi incansavelmente caçado durante dez anos, e lutou por sua sobrevivência nos mais improváveis esconderijos até ser morto em 2011, por forças dos Estados Unidos, num bunker no Paquistão. O que todos esses indícios, e até o relatório do Serviço Europeu de Inteligência, mostram é que as ações individuais suicidas que têm se multiplicado no mundo são impulsionadas muito mais por uma combinação explosiva de desequilíbrio emocional com a influência nociva de mandamentos ideológicos do que propriamente por razões políticas. Neste mês de julho, a Academia Nacional de Medicina promoveu um seminário debatendo exatamente os mitos e tabus do suicídio. O acadêmico e psiquiatra Antônio Nardi explorou novas questões sobre o tema, ressaltando que o suicídio é, além de um problema mental, um problema social, pouco abordado tanto na sociedade quanto no curso médico de forma geral. O psiquiatria destacou ainda que o suicídio está invariavelmente ligado a doenças mentais, dentre as quais é possível destacar a depressão. Nesse aspecto, é possível falar sobre casos que chamam a atenção, tanto na história mundial como nos noticiários atuais, como os Kamikazes e os chamados homens-bomba. Nardi chamou a atenção para o fato de que, apesar da narrativa apresentada para estes casos – de que há uma motivação política para o suicídio – estudos apontam que as pessoas ligadas a esses casos apresentam indicadores de doenças mentais.
Uma adolescente brasileira pede dicas pelo Twitter para participar de um grupo ligado ao autodenominado “Estado Islâmico” (EI) no aplicativo de mensagens Telegram. A resposta chega horas depois, publicada em português por um perfil anônimo que escreve em árabe, turco e inglês: “Clique neste link e entre em nosso canal”. Perfil ligado ao EI no Twitter publica hashtags em português e chama atenção por uma enorme fotomontagem que mostra o Congresso Nacional, em Brasília, em chamas – Image copyrightTWITTER Assim, com poucos cliques, a jovem e uma rede invisível de brasileiros têm seu primeiro contato com grupos de propaganda extremista recém-criados em língua portuguesa. Nestes ambientes, encontram fotos, vídeos e textos religiosos publicados a cada 3h ou 4h – imagens de cadáveres e decapitações são frequentes, intercaladas a homenagens a “mártires” mortos em combate e a detalhes sobre territórios conquistados pelo grupo no Oriente Médio.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Aplicação de punição das chibatadas a um adúltero solteiro no acampamento de Yarmouk”, diz uma das postagens de um dos grupos do EI no Telegram, vista por 123 seguidores. O texto é seguido por um vídeo impublicável e fotos em alta resolução do rosto do homem espancado. Em 8 pontos: O que já se sabe sobre os suspeitos de planejar ataques no Brasil ‘Extremistas defendem seus egos, não lei islâmica’, diz líder muçulmano brasileiro Outras publicações registram detalhes da guerra pelo controle de territórios na Síria e no Iraque – tudo em português. “Pela graça de Allah, os Soldados do Califado conseguiram destruir dois veículos BMP e danificar um veículo Hummer, além de queimar dois quartéis das aglomerações do exército da milícia Rafidi, matando todos que estavam lá dentro.” Membros do EI divulgam vídeos, fotos e notícias em tempo real em grupos online em português – Image copyrightTELEGRAM Além dos grupos de propaganda, onde apenas os administradores podem fazer postagens, o Telegram também hospeda “salas de bate-papo” gerenciadas por membros do EI. É nestas últimas que articulações práticas sobre ataques seriam realizadas, segundo agências internacionais de inteligência que monitoram riscos de atos terroristas no Brasil. Na última quinta-feira, dez brasileiros supostamente simpatizantes do extremismo foram presos pela Polícia Federal, sob suspeita de planejar ataques na Olimpíada do Rio de Janeiro. Segundo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, os detidos estavam distribuídos em 10 Estados e não se conheciam pessoalmente. Assim como os perfis mapeados pela reportagem, eles se comunicavam por redes sociais – e alguns teriam feito um juramento de lealdade ao EI. “Aparentemente, era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo”, disse o ministro em entrevista coletiva no fim da manhã de quinta-feira. De acordo com ele, a probabilidade de um ataque na Olimpíada é “mínima”. Essa investigação identificou apenas brasileiros envolvidos em supostas atividades preparatórias para ataques durante os Jogos. No Twitter e no Telegram, entretanto, a maioria dos conteúdos extremistas voltados ao Brasil é publicada por estrangeiros, que alimentam uma máquina de “notícias positivas” sobre o Estado Islâmico, 24 horas por dia, sete dias por semana. Do Twitter para o Telegram Imagens de confrontos divulgadas em alta resolução em grupo do EI em português no Telegram – Image copyrightTELEGRAM Entre todas as redes sociais pesquisadas pela reportagem – Facebook, Twitter, Instagram e Telegram -, a principal porta de entrada de brasileiros a páginas que exaltam o grupo extremista é o Twitter. Dezenas de perfis efêmeros, sem fotos, excluídos e recriados diariamente, exaltam atividades do Estado Islâmico e publicam links para notícias e informações recentes ligadas ao grupo. A forte estratégia midiática dos vídeos violentos divulgados internacionalmente pelo EI – muitos feitos com equipamento de última geração e efeitos especiais – também é notada, em menor escala, na atividade voltada ao público brasileiro. Um dos perfis no Twitter, que se baseia na Síria e publica seguidamente hashtags em português ligadas ao grupo, chama atenção por uma enorme fotomontagem que mostra o Congresso Nacional, em Brasília, em chamas. Para especialistas consultados pela BBC Brasil, o objetivo principal destes articuladores é popularizar o grupo entre pessoas que vivem longe do Oriente Médio e estimular os chamados lone wolves (em inglês, lobos solitários, ou pessoas que simpatizam com ideias do grupo, mas não fazem parte de sua estrutura formal) a entrarem em ação isoladamente em seus países. Um importante artigo publicado em março do ano passado ressalta a percepção sobre a importância do Twitter para os jihadistas. Em The ISIS Twitter Census(Censo do Estado Islâmico no Twitter, em tradução livre), pesquisadores do Brooking Institute mapearam 46 mil contas ligadas ao EI na rede social em 2014. Segundo os autores, três em cada quatro dos perfis usam o árabe como idioma principal; um em cada cinco preferem o inglês. A grande maioria das contas mapeadas pelo estudo estava hospedada no Iraque, na Síria e na Arábia Saudita. Houve poucos registros no Ocidente – três contas na França, uma no Reino Unido, uma na Bélgica e, um detalhe que passou despercebido na época, duas no Brasil. “O uso da rede social visa espalhar propaganda e recados para todo o mundo, além de pescar pessoas vulneráveis ao radicalismo”, diz o artigo, que destaca ser difícil identificar provas concretas de recrutamento pelo microblog. “O recrutamento não é evidente no Twitter. Ele acontece em ferramentas como Kik, WhatsApp e Skype, que são usadas de ‘um para um’. O que eles fazem publicamente no Twitter é pescar interessados.” No Brasil, segundo o governo e consultorias internacionais de inteligência, o Telegram se tornou um dos principais espaços para estas conversas “um a um”. Mas quem são os brasileiros que embarcam nestes bate-papos? Vulnerabilidade e aceitação Uso do Telegram se divide entre grupos de propaganda, onde apenas os administradores podem fazer postagens, e “salas de bate-papo”, onde articulações práticas sobre ataques seriam realizadas – Image copyrightTELEGRAM Os principais alvos de recrutadores de organizações extremistas costumam ser jovens e membros de setores mais vulneráveis da sociedade, explica o especialista Vladimir de Paula Brito, agente da Polícia Federal e pesquisador dothink tank Inasis (sigla em inglês para Associação Internacional para Estudos de Segurança
Em relatório enviado ao Congresso, agência afirma que “Estado Islâmico” planeja novos ataques contra inimigos externos. Apesar dos progressos no campo de batalha, grupo mantém capacidade terrorista, reconhece diretor. Vídeo de propaganda do EI mostra combatentes do grupo no Iraque e na Síria O diretor da CIA, John Brennan, alertou o Congresso americano nesta quinta-feira (16/06) sobre os planos futuros do grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) contra o Ocidente, informou a agência de notícias AP. Num relatório preparado para o Comitê de Inteligência do Senado, ao qual a AP teve acesso, Brennan diz que o EI está trabalhando para dirigir e inspirar novos ataques contra inimigo externos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “O EI tem um grande quadro de combatentes ocidentais que poderiam servir como potenciais operadores para ataques no Ocidente”, afirma se referindo a atentados recentes como os de Paris e Bruxelas. O diretor da agência de inteligência americana diz que as lideranças do grupo extremista têm tentado enviar combatentes aos países-alvo como requerentes de asilo ou até em viagens normais, com documentação. Brennan acrescentou que o EI incentiva seguidores a fazer ataques como “lobos solitários” nos países onde vivem. É o caso do americano de origem afegã Omar Mateen, que matou 49 pessoas numa casa noturna gay em Orlando no último domingo. Brennan classificou o massacre como “ato abominável de violência gratuita”. Perdas e ganhos Os EI está aos poucos cultivando suas ramificações para formar uma rede interconectada, segundo a CIA. O ramo líbio é o mais avançado e perigoso, e o braço da organização na Península do Sinai se tornou o “mais ativo e com maior potencial terrorista no Egito”, atacando posições oficiais e militares do governo, aponta Brennan. O ramo no Iêmen estaria enfrentando dificuldades, assim como os do Afeganistão e Paquistão, devido à rivalidade com o Talibã. Apesar de descrever o EI como um “adversário tremendo”, o diretor da CIA diz que a coalizão internacional liderada pelos EUA tem imposto perdas aos terroristas na Síria e no Iraque. O EI têm tido dificuldade em repor seus combatentes, pois menos deles estão viajando à Síria, e muitos desertaram. “O grupo parece estar muito longe de concretizar a visão divulgada por Abu Bakr al-Baghdadi [líder do EI], quando declarou o califado há dois anos em Mossul”, afirmou. A capacidade do EI de arrecadar dinheiro tem diminuído, mas os extremistas ainda obtêm uma receita mensal de 10 milhões de dólares, com a arrecadação de impostos e o comércio de petróleo, apontou o diretor. “Infelizmente, mesmo com todos os progressos contra o EI no campo de batalha e na esfera financeira, nossos esforços não têm reduzido a capacidade terrorista do grupo e seu alcance global”, disse Brennan.
Apesar de Brasil não ter um histórico de ações terroristas internacionais, evento do porte dos Jogos Olímpicos oferece riscos, principalmente para delegações estrangeiras. Abin leva a sério ameaça do “Estado Islâmico”. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) levou a sério uma ameaça contra o Brasil publicada no Twitter por um militante do “Estado Islâmico” (EI) em novembro de 2015. No tuíte, o francês Maxime Hauchard disse que o país seria o próximo alvo do grupo responsável pelos recentes atentados em Paris e Bruxelas, que deixaram dezenas de mortos. O diretor de contraterrorismo da Abin, Luiz Alberto Sallaberry, afirmou que a mensagem eleva a probabilidade de o país sofrer ataques terroristas e também estimula as adesões de brasileiros ao grupo jihadista.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Especialistas ouvidos pela DW divergem sobre o risco de ataques durantes os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Mas eles concordam que, apesar de o país não ter um histórico de ações terroristas internacionais nem estar envolvido em conflitos geopolíticos, um evento da magnitude dos Jogos Olímpicos – com delegações de mais de 200 países e grande audiência mundial – eleva o nível de alerta, pois se trata de uma vitrine para chamar a atenção internacional. “Há o risco de terrorismo no Brasil porque o país vai abrigar um evento do porte dos Jogos Olímpicos. Eu acho que os brasileiros não seriam alvos diretos, mas os Jogos serviriam de palco, onde atletas internacionais poderiam ser atacados”, diz Fernando Brancoli, especialista em segurança internacional da FGV-Rio/CPDOC. “Haverá atletas de Israel, da França e dos Estados Unidos, que tradicionalmente são vistos como alvos potenciais pelo EI ou por outros grupos terroristas.” Para Brancoli, a maior ameaça vem dos chamados lobos solitários, que são mais difíceis de serem rastreados por agirem sozinhos e, portanto, não se comunicarem. Trata-se de pessoas que se autorradicalizam e não necessariamente foram treinadas por grupos terroristas. “Além disso, é mais fácil obter uma grande quantidade de explosivos, fertilizantes [usados na construção de bombas] e armas no Brasil do que em outros países”, afirma. O especialista em segurança internacional Héctor Luis Saint-Pierre, da Unesp, opina que a probabilidade de o Brasil sofrer um ataque agora é a mesma que os Estados Unidos teriam em 2001 ou a França antes dos atentados no final do ano passado. “Talvez eles não estivessem contando com a possibilidade de atos terroristas. E é justamente nessa falta de cálculo que os terroristas operam. O Brasil é vulnerável a ataques terroristas como qualquer outro país. Nenhum sistema é absolutamente seguro”, diz. Já o especialista em segurança Antônio Flávio Testa, da UnB, avalia que um ataque no Rio de Janeiro é muito difícil de ocorrer, já que o governo federal está se preparando há meses e os Jogos vão acontecer basicamente em apenas uma cidade. “O EI já tem dificuldades imensas na Europa e nos EUA para realizar atentados. Abrir mais uma frente [na América do Sul] durante esse grande evento internacional teria um custo muito grande”, avalia. Abin: “Não existe risco zero” Em entrevista à DW no final do ano passado, Sallaberry afirmou que o Brasil trabalha discretamente, com o apoio de serviços de inteligência estrangeiros, para monitorar eventuais ameaças. Mas, ao mesmo tempo, ele admitiu que “não existe risco zero quando o tema é segurança e, muito menos, quando se trata de terrorismo”. Os Jogos Olímpicos já foram alvo de atentados terroristas. Em 1972, durante os Jogos de Munique, 11 membros da delegação de Israel e um policial alemão foram mortos por militantes do grupo Setembro Negro, ligado à Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Em 1996, em Atlanta, duas pessoas morreram por causa da explosão de uma bomba no Parque Olímpico. Segundo a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, o Brasil contará com um efetivo de 85 mil pessoas para garantir a segurança da Rio 2016, entre eles 47 mil profissionais de segurança pública, incluindo cerca de 9.500 da Força Nacional, 18.500 policiais militares e 1.822 policiais civis do Rio de Janeiro. Além disso, as Forças Armadas vão disponibilizar 38 mil soldados. Em documento sobre a segurança dos Jogos, a Sesge diz que a cooperação é a principal ferramenta das forças de segurança contra o terrorismo, ao lado da capacitação e investimentos em equipamentos. A secretaria lembra que a Polícia Federal tem uma divisão de terrorismo há mais de 20 anos e adidâncias em mais de 20 países, além de participar da Interpol, onde troca informações com 190 países. Para Brancoli, o Brasil está bem preparado. Mas, com a lei antiterrorismo aprovada no final de fevereiro pelo Congresso, abre a possibilidade da naturalização de práticas que podem ser danosas para a sociedade civil, como a criminalização de movimentos sociais. “Eu estaria menos preocupado com um ataque terrorista no Brasil, apesar de as chances existirem. Sou mais reticente sobre essas práticas que vêm a reboque da constituição jurídica do que é um terrorista. Essas ferramentas poderiam ser usadas pelo governo não só contra terroristas, mas também para enfrentar opositores e cercear os direitos individuais dos brasileiros”, conclui. DW
Imediatamente após os atentados de terça-feira em Bruxelas, houve um período em que membros da mídia jornalística ocidental procuravam provas de quem estaria por trás deles. A primeira suspeita recaiu no Estado Islâmico, que conseguiu promover um atentado complexo, de múltiplos alvos, em Paris, quatro meses atrás. Alguns jornalistas especulavam que os autores dos atentados queriam vingar-se pela prisão em Bruxelas, na sexta-feira anterior, de Salah Abdeslam, suspeito de ser o principal responsável pela logística dos atentados de Paris e que se acreditava ser o último participante direto daqueles ataques que ainda estava solto. Outros jornalistas sugeriam – corretamente, em minha opinião – que os atentados não haviam sido motivados por vingança, e sim, o resultado de meses de um cuidadoso planejamento.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A especulação sobre a posição ideológica dos terroristas tornou-se uma certeza quando, na tarde daquele dia, os canais do Estado Islâmico na Telegram, a plataforma de mídia social preferida pelos jihadistas, fizeram circular em língua inglesa uma reivindicação de responsabilidade. O texto, transferido para a página, em WordPress, da Amaq News Agency, a agência de notícias “oficial” do Estado Islâmico, foi instantaneamente transmitido, por milhões de computadores e desmartphones, para veículos jornalistas e comentaristas do mundo inteiro. Foi assim que o Estado Islâmico assumiu o espaço da narrativa em torno dos atentados, embora a declaração de responsabilidade não fornecesse qualquer nova informação e, na realidade, parecesse uma fusão de detalhes da operação já observados pelas reportagens da mídia ocidental. Na avalanche de incertezas que se seguiu aos atentados, os responsáveis pela propaganda do Estado Islâmico puderam ditar seu texto – literalmente, palavra por palavra – para uma audiência internacional e especificamente ocidental. A divulgação da reivindicação de responsabilidade primeiramente na língua inglesa não foi um erro. Dirigida, em primeiro lugar e principalmente, aos inimigos ocidentais do Estado Islâmico, a declaração foi uma maneira de capitalizar o tumultuado noticiário da mídia internacional logo depois dos atentados em Bruxelas. Seja por meio de manchetes ou pelo Twitter, os responsáveis pela propaganda manipularam uma audiência global – tanto de opositores quanto de simpatizantes – para disseminar sua mensagem de intimidação e realçar a percepção da ameaça do Estado Islâmico. O grupo preferia divulgar filmes com assassinatos A técnica não é nova. Na verdade, os terroristas mais recentes adotaram há muito tempo a “propaganda do fato”, uma tática que, nas palavras do especialista em operações de informação do exército australiano Jason Logue, envolve “planejar e executar operações que têm por objetivo exclusivo a atração de sua propaganda”. O Estado Islâmico usa a mídia como nenhuma outra organização terrorista. Ele sabe que, embora o território e os recursos sejam fundamentais para o sucesso total de sua insurreição agressiva na Síria e no Iraque, a mídia é a arena onde se trava a guerra de ideias, onde a relevância do grupo – e, em última instância, a longevidade de suas concepções – pode ser preservada e talvez intensificada, mesmo que passe por perdas de território. O terrorismo do Estado Islâmico não termina quando a bomba é detonada. Continua durante as horas, os dias de as semanas que se seguem, alimentado pela mídia. Em reconhecimento a isso, o Estado Islâmico priorizou a propaganda do fato e, com certeza, parece executá-lo cada vez melhor. Apenas algumas horas depois que explodiram as primeiras bombas em Bruxelas, os responsáveis “oficiais” pela propaganda do Estado Islâmico foram repassando pouco a pouco, a uma audiência ávida por informações, uma série de reivindicações, em várias línguas e em multimídia, que pareciam simplesmente novas versões do que a mídia já divulgara. Por ocasião dos atentados de Paris, esse tipo de declaração levou 15 horas para vir à tona. Na terça-feira levou metade do tempo. No passado, o grupo preferia divulgar filmes com assassinatos como principal veículo de propaganda do fato, como, por exemplo, as decapitações praticadas por Mohammed “Jihadi John” Emwazi ou a imolação do piloto jordaniano Mu’adh al-Kasasbeh. No entanto, à medida que a mídia foi se tornando mais experiente e o consumidor mais insensível, esses filmes aparentemente perderam parte de sua capacidade de ocupar as pautas globais. Por outro lado, ações terroristas de pilhagem ou de saque contra o inimigo “cruzado” em terras distantes – infinitamente mais difíceis de serem realizadas – ainda não chegaram ao ponto do rendimento decrescente na atenção global. Isso provavelmente significa que devemos esperar por mais. Usar “o peso da mídia contra a mídia” Nas últimas semanas, entre reportagens sobre perdas territoriais, morte de líderes e a prisão de Abdeslam, o tema de cobertura da mídia ocidental concentrou-se na promoção de um “o declínio do Estado Islâmico”. Ao conseguir operações como os atentados de Bruxelas e, então, capitalizar habilmente o tumulto de mídia que se seguiu, o Estado Islâmico pode, até certo ponto, substituir a percepção de declínio por outra que transmita a ideia oposta. Não importa se a cobertura que se segue for negativa – digamos, criticando a brutalidade do grupo ou questionando sua legitimidade religiosa. Para o Estado Islâmico, desde que seja nos termos dos responsáveis por sua propaganda e transmita a suposta força e onipresença do grupo, qualquer cobertura é boa cobertura. Nesse sentido, o terrorismo do Estado Islâmico não termina quando a bomba é detonada. Em vez disso, continua por horas, dias e semanas, alimentado pela mídia. Ao mesmo tempo em que procuram criar um impasse econômico e instabilidade política, operações como as de Bruxelas, Istambul, Jacarta e Paris também continuam porque tornam possível aos terroristas – sejam eles seguidores do Estado Islâmico ou da al-Qaida – tomar controle do discurso da mídia e lutar pelo domínio absoluto da informação. Portanto, independentemente de quanto a liderança do Estado Islâmico estava envolvida no planejamento propriamente dito dos atentados de terça-feira – ou se o grupo está reivindicando como sua uma operação em grande parte autônoma, como já fez no passado –, eles incentivam eventos como esses também para que sua equipe de comunicação possa, como diz o estudioso de insurreições Neville Bolt, usar “o peso da
Burocracia excessiva, descentralização do Estado, rivalidade entre valões e flamengos e má integração de minoria muçulmana são algumas das explicações para capital belga ter se tornado foco do jihadismo. Bruxelas foi alvo de atentados no aeroporto internacional Zaventem e na estação de metrô de Maelbeek, próxima a prédios da União Europeia. Os ataques desta terça-feira (22/03) foram reivindicados pelo grupo jihadista “Estado Islâmico” (EI). Apesar de ser esta a primeira vez que a capital belga é alvo de atentados, ela tem sido frequentemente associada ao terrorismo islâmico. A DW lista a seguir quatro fatores que contribuíram para que Bruxelas se tornasse centro do jihadismo na Europa.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Recrutas belgas” do “Estado Islâmico” O especialista em terrorismo Guido Steinberg afirma haver uma relação entre os frequentes alertas terroristas em Bruxelas e o que ele chama de “recrutas belgas”, cidadãos do país europeu que se uniram ao grupo “Estado Islâmico” na Síria. “O EI decidiu contra-atacar na Europa. E como ele dispõe de muitos recrutas belgas e também franceses, Bruxelas é, ao lado de Paris, um dos pontos centrais da onda de atentados dos últimos meses”, afirmou Steinberg à emissora alemã de noticias N-TV. De fato, as autoridades de segurança de Bélgica identificaram centenas de jovens do país que viajaram à região de guerra no Oriente Médio. Este é o caso do francês Salah Abdeslam, que reside no distrito de Molenbeek, em Bruxelas, e de Abdelhamid Abaaoud, dois presumíveis responsáveis pelos atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris. As autoridades do país estimam que mais de 450 belgas partiram para a Síria e outros centros do EI no mundo árabe. Abdelhamid Abaaoud é um dos mentores dos atentados de Paris Segundo o Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e Violência Política (ICSR), dos 11 mil combatentes estrangeiros que se juntaram aos jihadistas na Síria e no Iraque entre 2011 e 2013, quase um quinto saiu da Europa Ocidental. Com pelo menos 296 recrutas, a Bélgica ocupa o topo dessa lista, em números absolutos. Para efeito de comparação, na Alemanha, país de população oito vezes maior, estima-se que haja até 240 combatentes do jihad, a “guerra santa”. Proporcionalmente à população, a Bélgica tem 27 jihadistas para cada milhão de habitantes, sendo, portanto, o principal “fornecedor” de combatentes europeus. “Os belgas afrouxaram as rédeas quanto à observação da cena [jihadista] e a medidas preventivas”, comentou à DW Asiem El Difraoui, cientista político especializado em Oriente Médio. Para muitos especialistas, a discriminação e má integração dos muçulmanos à sociedade está na origem do problema. Cerca de 6% dos belgas são muçulmanos. Segundo apontou um estudo da Rede Europeia Contra o Racismo, mesmo quando falam a língua perfeitamente ou são falantes nativos, eles são tratados como estrangeiros. A ONG Anistia Internacional também criticou o governo belga pela falta de esforços para a integração. Segundo um estudo de 2012, facilitou-se às empresas a recusa de candidatos a emprego por motivos religiosos. As mulheres muçulmanas que usavam o véu foram as mais afetadas. A frustração resultante de situações como essa propicia a radicalização e o recrutamento por grupos fundamentalistas islâmicos. Estado bilíngue e descentralizado Muitos especialistas em segurança internacional apontam há bastante tempo a Bélgica como o “calcanhar de Aquiles” da Europa, no que tange à violência islâmica. Os fatores citados são a grande população muçulmana, estruturas estatais fragmentadas pelas profundas cisões entre flamengos e valões (de língua francesa), e um histórico de mercado de armas de fogo (legais e ilegais). “A Bélgica ostenta uma posição central no coração da Europa. É um país pequeno, cuja localização favorece o movimento de pessoas com intenções hostis”, afirma o primeiro-ministro belga, Charles Michel, insistindo, no entanto, que sua coalizão de centro-direita está enfrentando o problema. Na opinião do cientista político El Difraoui, o conflito interno entre Flandres e Valônia contribui para o fracasso na luta contra o terrorismo islâmico. “Os belgas estão, simplesmente, preocupados demais consigo mesmos.” Há anos a rivalidade entre flamengos e valões tem impedido o governo de cuidar dos problemas internos do país, diz o especialista. Ataques paralisam Bruxelas e deixam Europa em alerta máximo O professor do Centro de Terrorismo e Contraterrorismo da Universidade de Leiden, Edwin Bakker, também afirma que a extrema descentralização, que tem sido a resposta da Bélgica às forças regionais que tentam dividi-la há décadas, enfraquece a reação do Estado a ameaças como o terrorismo. “A Bélgica é um Estado federado e isso sempre é uma vantagem para terroristas. Os diferentes níveis administrativos travam o fluxo de informações entre os investigadores.” Além disso, como grande fabricante de armas durante muito tempo, a Bélgica também se tornou um centro de distribuição para o tráfico de armas a partir dos Bálcãs e de outros locais. “Em algumas partes de Bruxelas, existem áreas onde a polícia tem pouca influência, áreas muito segregadas, que não se sentem parte do Estado belga”, acrescenta Bakker. “Embora vizinhos possam ter visto algo acontecendo, eles não passam a informação adiante à polícia.” Polícia caótica É difícil dizer quem seja o responsável pela segurança da capital da Bélgica, hoje notória como local de origem de alguns dos terroristas que executaram os atentados do 13 de Novembro em Paris. Com cerca de 1,2 milhão de habitantes, Bruxelas está longe de ser uma das maiores metrópoles da Europa, mas tem uma estrutura municipal e política extremamente complicada. Críticos do sistema criticam que esse nó entrava os esforços para melhorar a segurança e combater o terrorismo. Luta contra a radicalização da juventude belga “Em termos de segurança, Bruxelas é um exemplo perfeito de verdadeiro caos”, afirmou o prefeito de Vilvoorde, Hans Bonte, à rede de TV RTBF. Sua cidade nos arredores da capital também já foi apontada como um epicentro de terrorismo, mas tem liderado esforços para erradicar o problema. Em vez de uma administração centralizada, Bruxelas tem um total de 19communes, extremamente autônomas e que dispõem de seus próprios prefeitos, vereadores e regras locais. Alguns dos conselhos municipais dessas áreas contam com até 50 membros.
Atentados deixaram mais de 30 mortos e 270 feridos. Irmãos Khalid e Ibrahim El Bakraoui são dois dos terroristas. Khalid (esq.) e Ibrahim foram identificados como os dois suicidas que fizeram o atentado no metrô e no aeroporto, em Bruxelas, na segunda-feira (22) (Foto: Reprodução RTBF/Interpol) Dois irmãos apontados como os autores dos atentados de terça-feira (22), em Bruxelas, estão relacionados com os ataques de 13 de novembro, em Paris, afirmaram nesta quarta-feira (23) as autoridades belgas, no primeiro dia de luto em homenagem às vítimas. Outros dois suspeitos ainda não foram identificados oficialmente.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O procurador federal belga, Frédéric Van Leeuw, confirmou em uma coletiva de imprensa nesta quarta que dois dos autores destes atentados eram os irmãos Khalid e Ibrahim El Bakraoui, já procurados por suas ligações com os ataques de 13 de novembro em Paris. Segundo a agência France Presse, a polícia também deteve na noite de terça, no bairro de Schaerbeek, uma pessoa que está sendo interrogada. Assim como no caso de Paris, os atentados na Bélgica foram reivindicados pelo grupo jihadistaEstado Islâmico (EI). Morreram mais de 30 pessoas, e outras 270 ficaram feridas no aeroporto de Bruxelas e na movimentada estação de metrô de Maalbeek. Segundo o procurador belga, “o número de vítimas pode, infelizmente, aumentar nas próximas horas”. Ibrahim El Bakraoui Ibrahim El Bakraoui teria detonado seus explosivos no aeroporto de Bruxelles-Zaventem. Ele foi identificado por impressões digitais. O homem já havia sido apontado como suspeito em imagens de câmeras da segurança divulgadas na terça-feira pela polícia. As imagens mostravam três homens empurrando carrinhos de bagagem, pouco antes das duas explosões que arrasaram o salão de embarque do aeroporto. Ibrahim, que nasceu em Bruxelas em 9 de outubro de 1986, seria o homem do meio. Graças a um taxista, que explicou ter recolhido os três homens do aeroporto no bairro de Schaerbeek, a polícia revistou um apartamento da região onde foram encontrados 15 quilos de explosivos TATP e material para fabricar bombas. Na mesma rua foi encontrado um computador abandonado em uma lata de lixo, no qual havia o que o procurador chamou de “testamento” de Ibrahim. Nele, diz “não saber o que fazer” e afirma que é procurado “por todas as partes” e por isso não se sente “seguro”. O computador foi encontrado em um lixo no bairro de Schaerbeek, onde a polícia realizou na terça-feira operações de buscas que permitiram localizar “15 quilos de explosivo do tipo TATP, 150 litros de acetona, 30 litros de água oxigenada, detonadores, uma mala cheia de pregos, bem como material destinado a confeccionar artefatos explosivos”. O gabinete do presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que Ibrahim foi preso na Turquia, no sul perto da fronteira com a Síria, e depois foi deportado para a Holanda no ano passado, e que a Bélgica na sequência ignorou um alerta de que o homem era um militante. A Turquia também notificou as autoridades holandesas, afirmou Erdogan. “Um dos agressores em Bruxelas é um indivíduo que nós detivemos em Gaziantep em junho de 2015 e deportamos. Nós relatamos a deportação para a embaixada belga em Ancara em 14 de julho de 2015, mas ele mais tarde foi solto”, declarou Erdogan. “A Bélgica ignorou o nosso alerta de que essa pessoa era um combatente estrangeiro.” Khalid El Bakraoui O irmão de Ibrahim, Khalid também foi identificado por suas impressões digitais como o autor do ataque na estação de metrô de Maelbeek, que ocorreu cerca de uma hora depois das explosões no aeroporto. “A explosão aconteceu no interior do segundo vagão do trem, quando este ainda estava parado na estação”. Khalid nasceu em 12 de janeiro de 1989 em Bruxelas. Os irmãos El Bakraoui, conhecidos da polícia por assaltos a mão armada, foram mencionados pelos meios de comunicação belgas em conexão com a caça ao suspeito-chave dos atentados de Paris, Salah Abdeslam, capturado na sexta (18) no município de Molenbeek, em Bruxelas, depois de quatro meses de buscas. Khalid também foi identificado por suas impressões digitais como o autor do ataque na estação de metrô de Maelbeek (Foto: Interpol/Reuters) Khalid El Bakraoui teria alugado, com uma identidade falsa, um apartamento que serviu de esconderijo em Charleroi (sul), de onde partiram alguns dos autores dos atentados de 13 de novembro, e um apartamento no bairro de Forest, igualmente em Bruxelas, onde uma operação policial de rotina em 15 de março ajudou a encontrar o rastro de Abdeslam. Najim Laachraoui Fontes policiais disseram à France Presse que o segundo homem-bomba que participou no ataque ao aeroporto de Bruxelas foi identificado pelas autoridades como Najim Laachraoui – ele seria o homem que aparece à esquerda nas imagens das câmeras de segurança. A informação, no entanto, não foi confirmada oficialmente. A imprensa belga, chegou a anunciar a detenção de Laachraoui mais cedo nesta quarta, mas se retratou pouco depois da informação. Laachraoui, de 24 anos, foi identificado na véspera dos ataques em Bruxelas como cúmplice de Salah Abdeslam – fugitivo que era procurado pelos ataques de novembro em Paris e foi preso – e dos comandos que cometeram os atentados de Paris. Na ocasião, os procuradores belgas lançaram um pedido público de informações sobre Najim Laachraoui, que teria passado pelos controles na fronteira entre Áustria e Hungria. De acordo com o jornal “Washington Post”, acredita-se que ele teria preparado as bombas usadas em Paris. Seu DNA foi encontrado no material explosivo usado nos ataques de 13 de novembro na capital francesa e em várias residências utilizadas pelos extremistas que cometeram aqueles atentados. Najim Laachraoui é procurado pela polícia por suspeita de ter participado do ataque ao aeroporto de Bruxelas, na terça-feira (22) (Foto: Belgian Federal Police/Handout via Reuters ) Suspeito de jaqueta clara Quanto ao terceiro homem que aparece nas imagens das câmeras de segurança, com chapéu e uma jaqueta clara, ele continua foragido, de acordo com o procurador belga, e não foi identificado. “Ainda não foi identificado”, afirmou o procurador federal belga, Frédéric Van Leeuw, indicando que “em sua mochila estava