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Era o que faltava: você paga a defesa do Cunha

Aos pouquinhos, o espírito de corpo do Legislativo vai se convertendo em espírito de porco. E o anormal assume ares de doce normalidade. Não bastasse a presença de um investigado por corrupção no comando da Câmara, um pedaço da defesa de Eduardo Cunha foi espetado no bolso do contribuinte. A Câmara protocolou no STF um recurso no qual pede a anulação de provas contra Cunha recolhidas nas suas dependências em maio. Alega-se que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, violou a imunidade do Legislativo ao determinar a busca do papelório sem pedir permissão à direção da Câmara. Repetindo: a Câmara acha que, antes de mandar recolher as provas contra Eduardo, o STF deveria ter pedido autorização ao Cunha. Ou vice-versa. É algo tão apropriado quanto pedir ao rabo para morder o próprio cachorro. Ou vice-versa. Chama-se Fernando Luiz Albuquerque Faria o signatário da petição.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Trata-se do advogado-geral da União substituto. Cunha disse que não acionou a Advocacia-Geral da União. O advogado-geral Luiz Inácio Adams informou que a presidência da Câmara acionou, sim, a AGU. Pelo Twitter, Cunha se reposicionou em cena. “Como faz tanto tempo do fato, sinceramente, não tenho condições de afirmar se na época [há três meses] a Câmara solicitou algo”, escreveu o morubixaba do PMDB. “Mas, se solicitou, foi na defesa da prerrogativa da Câmara, jamais para qualquer ato que fosse utilizado para minha defesa.” Agora mesmo é que a coisa ficou clara: a direção da Câmara toma decisões como um cirurgião que recolhe num recipiente em que está escrito fígado, um coração para ser transplantado num doente que espera na fila por um novo rim. Tudo isso com você pagando a conta do hospital. Já imaginou que país maravilhoso seria o Brasil se, de repente, baixasse uma epidemia de ridículo no Congresso Nacional? Josias de Souza

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Fundos de pensão têm histórico de investigações e CPI pode abrir ‘caixa-preta’

A instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os fundos de pensão é vista por economistas como oportunidade de trazer à tona informações a respeito de um setor considerado “obscuro” do campo dos investimentos. Além dos prejuízos bilionários em fundos como o Postalis, dos funcionários dos Correios, e do Petros e Funcef, de servidores da Petrobras e Caixa Econômica Federal, escândalos e investimentos suspeitos ou pouco rentáveis são parte da justificativa para iniciar apurações mais profundas nas entidades de previdência complementar. Na última quinta-feira (6) o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criou a CPI que vai investigar indícios de aplicação incorreta de recursos na gestão de previdências complementares de funcionários de estatais e servidores públicos ocorridas entre os anos de 2003 e 2015. Economistas consultados pelo Jornal do Brasil veem positivamente a criação da CPI, mas também destacam o caráter político da investigação, em meio à crise por qual passa o governo Dilma.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A frase de Adilson de Oliveira, professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) de que “toda CPI é boa” sintetiza o pensamento de outros dois entrevistados, dentre eles Roberto Piscitelli, professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB): “Existem muitas obscuridades nesse assunto, é sempre desejável conhecermos melhor a situação de certas ‘caixas-pretas’. Fundos [de pensão] são muito complicados, pouca gente entende do assunto e há muitas dúvidas sobre o funcionamento dos negócios”, diz. A CPI será composta por 26 membros titulares e 26 suplentes, que deverão ser indicados pelos líderes partidários nos próximos dias, conforme a proporcionalidade partidária na Câmara. Para Paulo Feldmann, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), no entanto, o assunto tem potencial para desencadear processos de investigação ainda mais amplos do que os alcançados pelo Congresso. “Um assunto como esse já merecia investigação por parte da CVM [Comissão de Valores Imobiliários], que é o organismo governamental mais apropriado para verificar esse tipo de irregularidade”, diz o professor. A CVM já tem um histórico de processos de investigação abertos sobre fundos de pensão. Em 2014, por exemplo, apurou uma série de operações suspeitas no mercado financeiro que atingiram o Postalis, dentre elas um aporte de R$ 40 milhões, feito em 2012, no Banco CNY Mellon, por meio da gestora DTW Investimento LTDA. Antes disso, em 2010, o Postails já havia constado em processo de investigação junto com outros fundos como o Ceres (Embrapa e Emater), Portus (Infraestrutura portuária) e Valia (Vale). À época, a CVM apurou e concluiu que havia indícios de fraude, práticas não-equitativas e criação de condições artificiais de demanda, e entendeu que devia haver indenização por prejuízos a essas fundações de R$ 651 mil. Entre os dois processos, em 2013, houve também uma investigação sobre interferências do Previ (do Banco do Brasil), Funcef e Petros (da Petrobras) em relação a irregularidades na eleição de administradores e conselheiros da Petrobras nos anos de 2011 e 2012. Com um histórico de processos, o caminho para instaurar a CPI já estava aberto havia tempo, mas a criação da comissão neste momento, em um contexto de crise política, também faz parte da estratégia dos opositores da presidente Dilma Rousseff, como destacam os especialistas. Piscitelli diz que há a intenção de transformar a CPI em “mais um mecanismo” político, e que o tema pode gerar muita repercussão. Ele defende que além das investigações, deveriam ser estabelecidas medidas propositivas para evitar novos desvios. Paulo Feldmann lembra ainda que problemas em fundos de pensão são comuns em vários países, não só no Brasil. Ele diz que esses investimentos são “muito poderosos”, porque “manipulam uma grande quantidade de dinheiro”. Por conta disso, a disputa por cargos administrativos nessas empresas é muito mais acirrada. Jornal do Brasil

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Delator da Lava Jato diz à Justiça Federal que ‘teme’ Eduardo Cunha

O ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo, réu em processos da Operação Lava Jato, afirmou que eventuais contradições nos depoimentos prestados em acordo de delação premiada são consequências de um “temor” em relação ao presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. A afirmação foi feita em documento enviado à Justiça Federal pela defesa de Júlio Camargo. Júlio Camargo disse ter sido pressionado por Eduardo Cunha (Foto: Reprodução) Em depoimento prestado para colaboração com a Justiça, Camargo afirmou que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Do total do suborno, contou o delator, Cunha disse que era “merecedor” de US$ 5 milhões. Em depoimentos anteriores, Camargo chegou a dizer que não se lembrava de encontros com Eduardo Cunha. Posteriormente, ele afirmou que, além do receio de enfrentar influência do presidente da Câmara, acreditava que só deveria citar políticos se fosse ouvido no Supremo Tribunal Federal. “Eventuais contradições de Julio Camargo, advém de seu justificado temor em relação ao deputado federal Eduardo Cunha, que hoje ocupa a presidência do Poder Legislativo Federal. A idoneidade da colaboração, deve ser avaliada por todo conjunto de elementos trazidos pelo colaborador, que demonstra que não houve arranjos ou conchavos para harmonizar versões e criar uma falsa imputação”, diz trecho das alegações finais da defesa em um dos processos a que o cliente responde.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O documento sustenta que a colaboração de Júlio Camargo foi minuciosa, corroborada por vários colabores e por outros meios de prova. A defesa de Júlio Camargo ainda faz críticas à atuação da CPI da Petrobras, afirmando que se trata de uma “lógica de gangue”. “Basta ver o que a CPI tem tomado uma série de medidas para desmoralizar a investigação, convocando familiares de colaboradores e pedindo a quebra de seus sigilos bancários e fiscais, além de medidas de coação contra Delegados Federais e advogados, a lógica da gangue continua vigorando: intimidação e corrupção”, diz trecho do documento. Propina Em depoimento, o delator afirmou que os outros US$ 5 milhões seriam pagos ao lobista Fernando Soares, conhecido como “Fernando Baiano”, um dos presos da Lava Jato. “Tivemos um encontro. Deputado Eduardo Cunha, Fernando Soares e eu. […] Deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões”, enfatizou Camargo. “E que isso estava atrapalhando, que ele estava em véspera de campanha, se não me engano, era uma campanha municipal… e que ele tinha uma série de compromissos e que eu vinha alongando esse pagamento há bastante tempo e que ele não tinha mais condições de aguardar”, complementou Camargo no depoimento dado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância. No relato à Justiça Federal, o ex-consultor da Toyo Setal afirmou que Eduardo Cunha era sócio oculto de Fernando Baiano. “O deputado Cunha não aceitou que eu pagasse somente a parte dele. ‘Olha, Júlio, eu não aceito que você faça uma negociação para pagar só a minha parte. Você até pode pagar o Fernando mais dilatado, mas o meu preciso rapidamente. Eu faço questão de você incluir no acordo aquilo que falta pagar ao Fernando’. E aí chegou um SMS: ‘Entre US$ 8 milhões a US$ 10 milhões’, uma coisa assim”, destacou Camargo no depoimento. O ex-consultor da Toyo Setal afirmou que, sem ter recurso para pagar a propina, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, solicitando que os contratos dos navios-sonda fossem enviados ao Ministério de Minas e Energias para avaliação e eventual remessa para o Tribunal de Contas da União (TCU). Eduardo Cunha desmentiu afirmações do delator Julio Camargo (Foto: Reprodução/GloboNews) Outro lado À época do depoimento de Camargo, Eduardo Cunha questionou o motivo de o ex-consultor ter relatado tardiamente que ele teria pedido propina. “O delator [Camargo] já fez vários depoimentos, onde não havia confirmado qualquer fato referente a mim, sendo certo ao menos quatro depoimentos. […] Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las”, escreveu o peemedebista no comunicado. Eduardo Cunha afirmou ainda que o Palácio do Planalto e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “podem estar por trás” da acusação feita contra ele por Júlio Camargo. Para Cunha, o delator foi “obrigado a mentir”. Nesta quinta (30), a assessoria do presidente da Câmara informou que ele não se pronunciaria sobre o assunto. O escritório de advocacia que defende Eduardo Cunha emitiu nota em que diz que a defesa do réu deveria “se preocupar em explicar as divergentes e incompatíveis versões apresentadas pelo seu cliente em Juízo”. Já o advogado Nélio Machado, que defende Fernando Baiano, disse considerar “muito estranho” que um delator “mude a sua versão” dez meses depois de fazer seu primeiro depoimento. Na visão do criminalista, essa suposta mudança de versão “deixa mal a credibilidade do delator, do MPF e do Judiciário, que acreditaram em alguém que muda a sua história ao sabor dos eventos”. O presidente da da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), afirmou que a comissão trabalha “com transparência e responsabilidade”. Fernando Castro/G1

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Cunha quer dividir poder em CPIs com oposição

Rompido com Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), revelou a integrantes do seu grupo a intenção de dividir poderes com a oposição nas CPIs dos fundos de pensão e do BNDES. Fará isso entregando a deputados oposicionistas a presidência das comissões ou até o posto de relator, considerado mais importante. As CPIs serão instaladas a partir de 3 de agosto, quando os congressistas retornam das férias iniciadas na última sexta-feira. O Planalto preferia que não fossem abertas as investigações parlamentares. Diante do fato consumado, gostaria que um governista leal cuidasse da relatoria. Mas Cunha parece cultivar outros planos. Está decidido a isolar o PT. Na CPI da Petrobras, ainda em funcionamento, o presidente da Câmara não havia chegado a tanto. Acomodara Hugo Motta (PMDB-PB), um fiel escudeiro, na presidência da comissão. E negociara a entrega da relatoria ao petista Luiz Sérgio (RJ). Restara à oposição a vice-presidência, ocupada por Antonio Imbassahi (PSDB-BA).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A generosidade do mandachuva da Câmara é estratégica. Num instante em que Planalto trama isolá-lo, Cunha estreita laços com a oposição para evitar que legendas como DEM e PSDB se animem a engrossar o coro por seu afastamento da poltrona de presidente —uma tese já encampada por vozes respeitáveis como a do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Um dos líderes da oposição resumiu a cena assim: “Não podemos ficar tão perto de Eduardo Cunha que nos contamine nem tão longe que nos exclua como atores de uma crise que pode ser fatal para o governo Dilma Rousseff.” Blog Josias de Souza

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Renan Calheiros recebeu 30 Milhões de propina

Propina de R$ 30 milhões para Renan. Inquérito da PF revela desvio de R$ 100 milhões nos fundos de pensão Postalis e Petros. Delator acusa o presidente do Congresso de receber quantia milionária. Os parlamentares petistas Lindbergh Farias e Luiz Sérgio teriam ficado com R$ 10 milhões cada. Um golpe perpetrado recentemente contra os fundos de pensão Postalis e Petros começa a ser desvendado pela Polícia Federal. Inquérito sigiloso obtido com exclusividade por ISTOÉ traz os detalhes de um esquema que desviou R$ 100 milhões dos cofres da previdência dos funcionários dos Correios e da Petrobras. Parte do dinheiro, segundo a PF, pode ter irrigado as contas bancárias do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e do deputado federal e ex-ministro de Dilma, Luiz Sérgio (PT-RJ), atualmente relator da CPI do Petrolão. Prestes a ser enviado ao Supremo Tribunal Federal, devido à citação de autoridades com foro especial, o inquérito traz depoimento de um funcionário do grupo Galileo Educacional, empresa criada pelo grupo criminoso para escoar os recursos dos fundos. Segundo o delator identificado como Reinaldo Souza da Silva, o senador Renan Calheiros teria embolsado R$ 30 milhões da quantia paga, Lindbergh R$ 10 milhões e o deputado Luiz Sérgio, o mesmo valor.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para desviar os recursos dos fundos de pensão, os acusados, segundo a investigação da PF, montaram o grupo Galileo Educacional a fim de assumir o comando das Universidades Gama Filho e UniverCidade, ambas no Rio de Janeiro, que passavam por dificuldades financeiras. Para fazer dinheiro, o grupo Galileo lançou debêntures que foram adquiridas pelo Postalis e pelo Petros. De acordo com a PF, a operação foi feita apenas por influência política e sem nenhum critério técnico. O dinheiro, em vez de ser aplicado nas universidades, teria sido desviado para um emaranhado de empresas e depois, segundo o delator, remetido a Renan, Lindbergh e Luiz Sérgio. Em pouco menos de um ano, o MEC descredenciou boa parte dos cursos de ambas universidades e os fundos arcaram com o prejuízo. Nas seis páginas de denúncia, o delator cita, além dos parlamentares, os supostos operadores desses políticos e de seus partidos, imbricados numa rede de empresas de fachada que teriam servido para lavar os recursos dos fundos de pensão. Até agora, PF e Ministério Público já ouviram mais de 20 pessoas, pediram o indiciamento de algumas delas e chegaram a cogitar prisões cautelares e a apreensão de passaportes. “Os envolvidos montaram todo um simulacro com aparato administrativo, financeiro e jurídico para angariar recursos em uma estrutura que não tinha qualquer comprometimento com a proposta educacional”, afirma o delegado Lorenzo Pompilio, que comanda o inquérito. Em relatório encaminhado ao MPF, ele fala em “ciclo criminoso”, considerando a incursão dos acusados nos crimes de peculato, formação de quadrilha e estelionato. Segundo o delegado, as atas de reuniões, assembléias, contratos e outros registros financeiros indicam “ações delineadas e orquestradas a pretexto de desenvolvimento de atividade acadêmica”, mas que tinham o único intuito “captar recursos que desapareceram”. Sem poder avançar na apuração do núcleo político, além do que já foi descoberto, evitando assim que o processo seja enviado prematuramente ao STF, os investigadores dissecaram a ação de seus operadores. Quem capitaneou o esquema foi o advogado Marcio André Mendes Costa, responsável por criar o grupo Galileo e montar a engenharia para drenar recursos dos fundos de pensão – tudo feito com aparência de legalidade e auxílio de conhecidos executivos do mercado financeiro. Em pouco tempo, Mendes Costa conseguiu acessar os cofres do Postalis e da Petros, assumiu o controle da Universidade Gama Filho e da UniverCidade, instituições tradicionais do Rio de Janeiro. Toda essa influência não surgiu do nada. Ex-conselheiro da OAB-RJ, o advogado circula com desenvoltura no meio político. Advoga para Furnas e trabalha há anos para a família do ex-senador Wellington Salgado, do PMDB mineiro, antigo aliado de Renan Calheiros. Também é parceiro do peemedebista Hélio Costa. Foi o ex-ministro das Comunicações quem indicou Adilson Florêncio da Costa como diretor financeiro da Postalis. Ao sair, Florêncio da Costa deixou em seu lugar Ricardo Oliveira Azevedo, outro apadrinhado de Renan. Azevedo levou ao comitê financeiro do fundo, em abril de 2011, a proposta de investimento no grupo Galileo. Em seu relatório, ele avalizou o projeto e o negócio acabou aprovado por todos os integrantes. Uma vez concluído o negócio, Florêncio da Costa tornou-se conselheiro da Galileo. Aqui está o que a Polícia Federal definiu como aprovação por influência política, sem critério técnico. O dinheiro do Postalis, cerca de R$ 80 milhões, foi usado para adquirir 75% do total de debêntures emitidas pelo grupo. O restante foi comprado pela Petros e pelo Banco Mercantil do Brasil, responsável por estruturar a operação. Segundo depoimentos, dentro do banco o negócio foi encaminhado pelo irmão de Mendes Costa, Marcus Vinícius, acionista minoritário do BMB. As debêntures do Galileo tiveram como lastro as mensalidades do curso de medicina da Universidade Gama Filho, que naquele momento já passava por dificuldades financeiras e risco de descredenciamento pelo Ministério da Educação. Comprá-las era uma decisão temerária e só uma gestão política poderia garantir a aplicação milionária num negócio pra lá de suspeito. Mas os dirigentes dos fundos desconsideraram o risco, assim como se comportaram o banco BNY Mellon, contratado pelo Postalis como administrador dos investimentos, e a consultoria Planner Trustee, agente fiduciária da operação. Ao todo, o Postalis investiu R$ 81,4 milhões em debêntures. Para receber os recursos, Márcio Costa criou a empresa Galileo Gestora de Recebíveis S.A, também controlada por ele. Como se as garantias das mensalidades do curso de medicina já fossem frágeis, o advogado ainda decidiu trocá-las pelas de engenharia mecânica e elétrica – sem avisar ao Postalis. O escândalo veio à tona em 2012 e foi até alvo de uma CPI na Assembléia Legislativa do Rio, mas as investigações foram abafadas. O relatório final da CPI responsabilizou Márcio Costa, sem considerar suas relações políticas e societárias. Em depoimento à PF, a advogada Beatris Jardim, nomeada por

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Rabos presos evitam CPI no Congresso Nacional

Isso aqui eu postei no meu blog lá nos idos de 2009. Não mudou nada! Não tem para ninguém. Os Tupiniquins, estamos assistindo, finalmente, o desfile da tribo dos caras pálidas rotos. Sempre fomos bombardeados, principalmente pela mídia comprometida, com escabrosas e inacreditáveis estórias de corrupção. Nunca se questionou, porém, a existência dos corruptores. Não existe corrupto sem corruptor. Simples assim! Do mais insignificante município, perdido nos grotões, até os atapetados salões do Congresso Nacional, sabemos que o caixa dois é uma prática, digamos, tacitamente aceita. Uma praga que só vem à tona do charco, quando alguém, tipo Roberto Jeferson, não “recebeu” o prometido e é ameaçado de ser “boi de piranha”. Agora, causa pavor nos oposicionistas e nos aliados do governo, quaisquer tentativas de esclarecer as “despretensiosas” e milionárias doações da Camargo Corrêa. Nesse momento, é transparente entender porque a oposição, a maior suspeita de “receber um por fora”, nem queira ouvir falar em CPI. Por seu (dele) lado, os petralhas governistas, que em tese teriam todo o interesse em mostrar o rabo preso da oposição, quedam-se num inexplicável e cúmplice silêncio tumular. Os aliados do “esse é o cara” precisam preservar negócios futuros. Afinal a eleição de 2010 está à porta, e a campanha de dona Dilma vai precisar de uns trocados…! Fica evidente o medo da corja de ser soterrada, metaforicamente, pelo desabamento do Castelo de Areia. CPI do “por dentro e do por fora”? Nem pensar, Botucudos. Base e oposição descartam CPI sobre Camargo Corrêa Em conversas reservadas com a Folha, deputados e senadores governistas e da oposição disseram que não há a menor chance de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a empreiteira Camargo Corrêa, alvo da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. As empreiteiras deram contribuições financeiras legais para 55% dos atuais congressistas, segundo dados fornecidos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) – sem contar eventuais doações ilegais. Um líder de partido aliado ao governo disse que investigar a Camargo Corrêa equivaleria “a destampar uma panela de pressão”. Um deputado da oposição afirmou que poderia haver um “efeito dominó” – começar a investigar a Camargo Corrêa e chegar a outras empresas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Há também interesses específicos dos aliados do presidente Lula em jogar contra uma CPI. A Camargo Corrêa, segunda empreiteira com maior receita líquida no país, tem boa relação com o PT e com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), potencial candidata à Presidência em 2010. Além disso, a construtora participa de várias obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), sendo vista como uma parceira do governo para tocar investimentos do pacote de obras de Lula para tentar mitigar efeitos negativos da crise econômica. Os dois tucanos presidenciáveis, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), também são apontados como políticos que possuem boas relações com a empreiteira. A Camargo Corrêa foi a maior doadora individual da campanha de Serra à Prefeitura de São Paulo, em 2004, com R$ 1 milhão. Aécio foi o quarto político que mais recursos recebeu das empresas do grupo em 2006, com R$ 379 mil. Do lado do governo, pesa ainda outro fator para evitar a CPI. O Palácio do Planalto avalia que o estrago político da Operação Castelo de Areia já foi feito e atingiu a oposição, sobretudo o DEM, partido que faz críticas mais incisivas à administração petista.

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Contra o silêncio que cerca a operação zelotes

Tentando romper o muro de silêncio que se vai construindo em torno da Operação Zelotes, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), relator da subcomissão especial da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, criada para acompanhar o assunto, deve encontrar-se hoje com o procurador Frederico Paiva, responsável pelas investigações do mega-esquema de corrupção montado no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais da Receita Federal. Embora o deputado tenha evitado confirmar, fontes da subcomissão dizem que ele terá encontro com o procurador e também com o delegado Marlon Cajado, da Polícia Federal, em busca de informações sobre o desenvolvimento das investigações, que envolvem o pagamento de propinas por dezenas de grandes empresas para obter anulação ou redução de cobranças tributárias. As perdas da União já foram estimadas em R$ 6 bilhões e podem chegar a R$ 19 bilhões. As investigações transcorrem sob sigilo de Justiça, o que impede que a sociedade tome conhecimento das falcatruas, diferentemente do que ocorre com a Operação Lava-Jato, que tem todas as suas descobertas divulgadas. Deputados da subcomissão suspeitam que o delegado e o procurador venham enfrentando dificuldades para prosseguir com as investigações.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Já tiveram pedidos de quebra de sigilo e de prisões preventivas negadas pelo Judiciário, por exemplo. Por isso vem crescendo, na Câmara, a defesa da instalação de uma CPI Mista do Carf. Tanto na Câmara como no Senado o número máximo de CPIs simultâneas já foi atingido mas haveria espaço para uma CPMI. Neste sentido, Pimenta deve também buscar o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros, apostando que, em sua rota de colisão com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ele poderia apoiar a instalação da CPI mista. A ver. Por Tereza Cruvinel

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