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Entenda o esquema que pode ter ‘comprado’ o futebol sul-americano

A cobertura jornalística internacional sobre o escândalo de corrupção na Fifa concentrou-se nas denúncias de suborno envolvendo altos executivos da entidade e personagens mais publicamente polêmicos, como Jack Warner, de Trinidad e Tobago, e o americano Chuck Blazer. O ex-presidente da Conmebol, Nicolas Leoz, é acusado de ser um dos principais beneficiários do esquema. No entanto, a maioria das prisões de dirigentes efetuadas durante o congresso da Fifa, em Zurique (Suíça), a pedido da Polícia Federal americana (FBI), esteve ligada aos meandros da batalha pelo controle comercial dos jogos de seleções no continente americano, em especial o mais importante torneio da região, a Copa América. Leia mais: Escândalo sobre sede olímpica de 2002 traz lições à Fifa Enquanto Warner, por exemplo, é acusado de receber uma propina de US$ 10 milhões para votar na candidatura da África do Sul à Copa do Mundo de 2010, um outro vice-presidente da Fifa, o paraguaio Eugenio Figueredo, é alvo de denúncias que envolvem dez vezes esse valor. Suborno Figueredo é um de pelo menos 11 dirigentes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) que, segundo suspeitas, teriam recebido vultosos pagamentos para garantir à empresa de marketing esportivo Traffic Sports os direitos comerciais sobre quatro edições da Copa América, incluindo a que teve início na quinta-feira, no Chile. Um grupo que inclui o ex-presidente da CBF, José Maria Marin.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A Copa América (na qual o Brasil estreia neste domingo contra o Peru) é um dos mais assistidos torneios de futebol do mundo e, em 2011, estima-se que audiência cumulativa do torneio tenha sido de 5 bilhões de pessoas. Leoz e os outros dirigentes que são alvo da investigação do FBI Um torneio especial para celebrar o centenário de realização da primeira edição da Copa América, que será disputado nos EUA no ano que vem, representou um injeção extra de caixa de US$ 112,5 milhões para a Conmebol e a US Soccer. Desde 1986, os direitos comerciais estiveram sob controle da Traffic Sports. A empresa ainda tem o nome de quando vendia publicidade estática em pontos de ônibus mas evoluiu para uma das principais agências de marketing esportivo das Américas. Apenas para a Copa América de 2007, de acordo com informações averiguadas pelo FBI, a Traffic arrecadou cerca de US$ 75 milhões com a venda dos direitos de transmissão e marketing do torneio, com um lucro de quase US$ 30 milhões. E o mandado de prisão expedido pelas autoridades americanas acusa a companhia de, durante 30 anos, ter usado propinas para convencer os oficiais da Conmebol. Alega-se que os executivos da Traffic e outras companhias subornaram dois presidentes da Conmebol e presidentes de noves associações nacionais, incluindo Brasil e Argentina. O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foi preso na Suíça a pedido das autoridades americanas Segundo denúncias, o caso mais antigo de pagamento de propina data de 1991, quando o paraguaio Nicolas Leoz, o então mandatária da Conmebol, pediu dinheiro ao fundador da Traffic, o brasileiro José Hawilla, para negociar os direitos comerciais. Hawilla é réu confesso no caso e colabora com as investigações do FBI desde 2013. Extrajudicial De acordo com a investigação do FBI, Leoz a partir daí pediu pagamentos adicionais a cada torneio. Estima-se que até 2011, quando deixou a Conmebol, Leoz tenha recebido US$ 1 milhão por Copa América. Detalhe: entre 1989 e 2007, o torneio foi disputado de dois em dois anos. Outros dirigentes também teriam se interessado e, durante os preparativos para a Copa América de 2007, disputada na Venezuela, o então presidente da federação de futebol do país, Rafael Esquivel, pediu US$ 1,7 milhão à Traffic. A agência pagou, segundo o FBI, usando esquemas de lavagem de dinheiro para não despertar suspeitas. O fundador e dono da Traffic, José Hawilla Em 2010, no entanto, a agência parecia derrotada: seis presidentes de federações tentaram levar os direitos comerciais para uma empresa de marketing rival, a Full Play. A resposta da Traffic foi levar a Conmebol e a Full Play à Justiça nos Estados Unidos, alegando que seu contrato com a entidade ia até a Copa América de 2015. O caso nunca chegou aos tribunais: a Traffic e a Full Play fizeram um acordo extrajudicial e se juntaram a uma terceira companhia, a Torneos y Competencias, para criar uma nova companhia (Datisa) e dividir as receitas comerciais. A partir daí, a investigação das autoridades americanas indica que a corrupção teria aumentado de forma significativa: os US$ 100 milhões que garantiram à Datisa os direitos até a Copa América de 2023 teriam sido divididos entre os presidentes das nove confederações sul-americanas (US$ 3 milhões para Brasil e Argentina e US$ 1,5 milhão para o restante a cada torneio, por exemplo). O total de propinas teria correspondido a um terço do que a Datisa pagou oficialmente pelos direitos oficiais da Copa América (317,5 milhões). Equivale a dizer que, em média, a Datisa pagou US$ 1 milhão por cada jogo, inclusive os da atual competição no Chile. Paul Sargeant/BBC News

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Futebol, Romário, FIFA e o Brasil caminha para o nada. Eis que nada, absolutamente nada, acontecerá para mudar o rumo dos acontecimentos

A Copa do Mundo 2014 no Brasil rendeu US$ 4,8 bilhões (R$ 15 bilhões) em quatro anos – o evento gerou um lucro de mais de US$ 2 bilhões para a Fifa, para uma organização sem fins lucrativos – que, no entanto, mantém uma grande reserva de dinheiro, que contabilizada mais de US$ 1,5 bilhão em 2014 – baseada na Suíça, onde é isenta de impostos.  O lucro total da organização entre 2011 e 2014, de US$ 5,7 bilhões, não é tão grande em comparação com o de megacorporações – a Coca-Cola, por exemplo, que patrocina a Fifa, lucrou US$ 46 bilhões só em 2014. No eixo deste mega negócio surge agora personagens acusados de terem praticado crime lesivo aos seus cofres. São: Ricardo Teixeira (indiciado pela Polícia Federal), Joseph Blatter (presidente renunciado da Fifa), Jérôme Valcke (investigado pela Justiça dos Estados Unidos), José Hawilla (réu confesso) e José Maria Marin (preso na Suíça). A organização anticorrupção Transparência Internacional (TI) concorda e afirma, em um relatório de 2011 sobre a Fifa, que a corrupção não só prejudica na imagem do esporte como também pode comprometer seu papel de “espalhar os valores do espírito esportivo”. Em meio às manchetes em todo mundo, a sujeira protagonizada por dirigentes relapsos e ardilosos, contrasta com a humildade de milhares de clubes de futebol que minguam o mínimo possível, para poder gerar craques e renovar a nova geração de futebol.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] São micros agremiações que disputa campeonatos miseráveis de terceira e quarta série, onde sequer dispõem de verba para o transporte dos atletas para o deslocamento entre estádios em meio a campeonatos longos e sem público, e sem renda. Abandonado a própria sorte a base do futebol mundial, raramente tem o patrocínio de clubes maiores que mantém escolinhas de base ou utilizam esses pequenos clubes como fábrica de atletas. Não pouco, centenas de milhares de agenciadores, exploram essa mão de obra desportiva de forma melancólica e criminosa, deixando querelas para os jogadores, que são na verdade o “artista do espetáculo”. Para se ter uma ideia, avalie quanto recebe de salário um jogador que disputa uma terceira divisão estadual ou nacional? Vejam as dívidas acumuladas por esses clubes? Há pouco o C.R. do Flamengo contratou o atacante estrangeiro Paolo Guerrero pela milionária quantia de R$ 1 milhão e 100 mil/mês. Mas deve milhões (?) Uma distorção, que se vê ate mesmo no próprio time, onde atletas que estão lado a lado desse atacante, ganham dois por cento ou menos do que ele. O futebol tem razões que a própria consciência desconhece, Felipão, despejado do futebol português, voltou ao Brasil e protagonizou o pior espetáculo de uma seleção em Copa da Mundo no 7 a 1 da Alemanha. Em seguida assinou contratou milionário com o combalido Grêmio, saiu, e agora está na China, enganando os mandarins do dólar/metal. Agora Romário – o senador, posa de bom menino, na carona do “caos do futebol”, coloca o dedo na “ferida” do escândalo da FIFA, faz seu marketing para se eleger prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Mas que passado tem este craque de bola, se na vida “social”, não foi tão craque! Raimundo, Vampeta, e tantos outros protagonizaram situações pontuais deprimentes, mas posam de “bom menino” ai nas emissoras de rádio e TV, comentando futebol, como se fossem os “mestres” dos mestres. O salário, bem este nunca foi pequeno, o português sim, “pequeníssimo”, uma agressão ao Aurélio. É o futebol na desonra, e no momento para se rediscutir de verdade, sua nobre finalidade. Por Roberto Monteiro Pinho/Tribuna da Imprensa

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Juca Kfouri: negócios da TV no futebol podem ser piores que os de empreiteiras

Juca Kfouri, que se restabelece de um problema sério de saúde justamente em meio ao caldeirão que se tornou o futebol – mundial e brasileiro – nestes dias, publica hoje um texto de “memórias”  sobre os personagens brasileiros deste “Fifalão”. Lembranças que terminam com uma frase demolidora: ” o mundo das transmissões esportivas pode ser mais sujo e pesado que o das empreiteiras” É impossível separar os muitos milhões que elas custam dos muito mais milhões que geram e dos vários milhões que, para consegui-las, se distribuem das gavetas para gavetas. Por mais que seja cultivada entre nós – sobretudo os que amam o jornalismo esportivo, onde comecei, como estagiário, minha vida profissional –  a esperança de que tudo se modifique, sabemos que o dinheiro é um Moloch e pode estar em curso – qualquer semelhança é mera coincidência, apenas uma mudança donos mundiais  do futebol. Preciosas, mesmo, são as gavetas da memória de Juca, das quais saem histórias do passado que ajudam a entender o presente. E a temer, sem que isso faça senão encorajar a luta destemida, pelo futuro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Jogar o jogo Juca Kfouri, na Folha Já contei as três histórias aqui, separadamente. José Maria Marin, então presidente da FPF, em 1985, depois de ter sido governador biônico de São Paulo, me garantiu, num voo para Assunção, que era impossível sair pobre do Palácio dos Bandeirantes. Íamos ambos a um jogo da seleção brasileira contra a paraguaia pelas eliminatórias da Copa de 1986. Dizia ele que independentemente da vontade do político, tudo que se fazia no Estado separava 10% ao governador e não seria ele a mudar tal estado de coisas. Nunca antes eu estivera com Marin. Dez anos depois, recebi a visita de J.Hawilla em meu escritório, pois eu acabara de iniciar minha carreira solo depois de 25 anos de Editora Abril. Roberto Civita me pedira para parar de criticar Ricardo Teixeira, porque eu inviabilizava que a TVA fizesse contratos com a CBF. Hawilla dizia não aguentar mais ter de acordar antes dos filhos para pegar aFolha, e esconder deles, caso tivesse alguma coluna minha contando seus malfeitos. Jurou que não era sócio de Ricardo Teixeira e garantiu que adoraria viver num mundo em que não fosse necessário comprar cartolas, mas que ele jogava o jogo. Tínhamos até pouco tempo antes deste encontro uma boa relação. E ele me propôs ser sócio da Traffic. Finalmente, em 1992, eu havia sido convidado para almoçar com o engenheiro Norberto Odebrecht. Então, além da “Placar”, eu dirigia a “Playboy”, que fizera reveladora reportagem sobre as empreiteiras brasileiras, de autoria do repórter Fernando Valeika de Barros. Era demolidora. Como ilustração, um muro de ouro, lama e sangue. O fundador de uma das maiores construtoras do país foi direto ao ponto, após elogiar a exatidão do que havia lido: “Você acha que eu gosto de ter de pagar para bandido liberar o que os governos me devem?” Antes de responder, me lembrei da conversa com Marin. Ao responder, com a arrogância que caracteriza a nós, jornalistas, primeiramente agradeci o elogio feito à reportagem. E em vez de responder, fiz nova pergunta: “Mas por que alguém tão poderoso como o senhor não denuncia os bandidos?”. “Porque eles acabam comigo e com milhares de empregos que mantenho no Brasil e no exterior.” Não me restou outra saída que não a de dizer que por essas e por outras é que sou jornalista, não empreendedor. Diga-se, a bem da verdade, que em nenhum momento da realização da matéria houve qualquer pressão por parte da Odebrecht, diferentemente do que fez a CBF para negociar direitos de TV com a Abril. Tudo isso para contar que o mundo das transmissões esportivas pode ser mais sujo e pesado que o das empreiteiras. Além de ter um charme, um glamour, ainda maior, uma gente esperta que, de repente, vai a Suíça e fica. Presa. E também para insistir que ou se criam novos métodos de governança ou tudo seguirá na mesma porque o Homem, como se sabe, é um projeto que não deu certo. Só nisso, Juca, faço-te um “meio reparo”. Ainda não deu certo, mas há de dar. Fonte: Tijolaço

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Evasão fiscal anual no Brasil ‘equivale a 18 Copas do Mundo’

A evasão fiscal do Brasil, com base em números de 2010, equivaleu a R$ 490 bilhões. Mesmo antes da disparada na cotação do dólar, US$ 280 bilhões já seria um número impressionante. Segundo uma pesquisa da Tax Justice Network (rede de justiça fiscal, em tradução livre, organização internacional independente com base em Londres, que analisa e divulga dados sobre movimentação de impostos e paraísos fiscais), este é o montante que o Brasil teria perdido, apenas em 2010, com a evasão fiscal – em 2011, ano de divulgação do estudo, isso equivalia a R$ 490 bilhões. O número vem de estimativas feitas com base em dados como PIB, gastos do governo, dimensão da economia formal e alíquotas tributárias. Segundo um dos pesquisadores da organização, estudos sobre evasão fiscal mostram que as estimativas do que deixa de ser arrecadado leva em conta também a economia informal. O valor coloca o Brasil atrás apenas dos Estados Unidos numa lista de países que mais perdem dinheiro com evasão fiscal. É 18 vezes maior que o orçamento oficial da Copa do Mundo de 2014 e quase cinco vezes mais que o orçamento federal para a Saúde em 2015, por exemplo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] É bem maior que os R$ 19 bilhões que a Polícia Federal acredita terem sido desviados da União por um esquema bilionário de corrupção envolvendo um dos principais órgãos do sistema tributário brasileiro, o Carf – a agência responsável pelo julgamento de recursos contra decisões da Receita Federal, e que é o principal alvo da Operação Zelotes. Mas para diversos estudiosos da área, a deflagração da ação policial pode representar o momento em que a sonegação ocupe um espaço maior nas discussões sobre impostos no Brasil, normalmente dominadas pelas críticas à carga tributária no país. Leia mais: Testas de ferro se oferecem na web para controlar empresas ‘obscuras’ “A operação Zelotes mostrou que grandes empresas são pegas (em esquemas de sonegação) e têm grandes valores de dívidas. Mostrou ainda que não há constrangimento em pagar ‘consultorias’ que lhes assessorem em seus pleitos. A evasão fiscal é um problema muito mais grave do que a corrupção, não apenas por causa do volume de dinheiro envolvido, mas porque é ideologicamente justificada como uma estratégia de sobrevivência”, disse à BBC Brasil uma fonte da Receita Federal. Paraísos fiscais O Banco Safra teve escritórios devassados por investigadores da Operação Zelotes Pesquisador da Tax Justice Network, o alemão Markus Meinzer, aponta também para estimativas da entidade, igualmente baseadas em dados de 2010, de que os super-ricos brasileiros detinham o equivalente a mais de R$ 1 trilhão em paraísos fiscais, o quarto maior total em um ranking de países divulgado em 2012 pelo grupo de pesquisa. “Números como estes relacionados aos paraísos fiscais mostram que o grosso do dinheiro que deixa de ser arrecadado vem de grandes fortunas e empresas. Por isso a operação da receita brasileira poderá ser extremamente importante como forma de tornar o assunto mais público”, acredita Meinzer. O pesquisador acredita que a discussão é crucial para debates políticos no Brasil. Cita especificamente como exemplo o debate sobre os gastos sociais do governo da presidente Dilma Rousseff, um ponto contencioso em discussões públicas no Brasil. “A verdadeira injustiça não está nas pessoas que usam benefícios da previdência social, mas as pessoas no topo da pirâmide econômica que simplesmente não pagam imposto. Pois isso é o que força governos a aumentar a taxação para os cidadãos. Alguns milhares de sonegadores milionários fazem a vida de milhões mais difícil”. Leia mais: Ricos brasileiros têm quarta maior fortuna do mundo em paraísos fiscais Autor de Ilhas do Tesouro, um livro sobre a proliferação dos paraísos fiscais e esquemas de evasão de renda que rendeu elogios do Nobel de Economia Paul Krugman, o britânico Nicholas Shaxson, concorda com a atenção que a Operação Zelotes poderá despertar junto ao grande público, em especial sobre a bandeira da justiça fiscal. “Nos países europeus, a crise econômica de 2008 mobilizou o público para questões como esquemas de evasão fiscal, incluindo sistemas de certa forma encorajados pelo governo, como os impostos de multinacionais. Falar em impostos é um tema delicado politicamente, mas que se transformou em algo instrumental em campanhas políticas. O Brasil, que agora passa por um momento econômico mais delicado terá uma oportunidade de abordar esse assunto de forma mais generalizada”, diz Shaxson. “O princípio de justiça fiscal é uma bandeira de campanha interessante. Na Grã-Bretanha, por exemplo, já não é mais exclusivamente restrito a uma parte do espectro político. E mostra que não adianta você insistir naquela tese de ‘ensinar a pescar em vez de dar o peixe’ quando alguns poucos são donos de imensos aquários”, completa o britânico, numa alusão à expressão usada para criticar programas assistenciais como o Bolsa-Família. Fernando Duarte/BBC

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Quem é Loretta Lynch, a secretária de Justiça que escancarou a corrupção na Fifa

“Ninguém é grande demais para a cadeia. Ninguém está acima da lei.” Pouco mais de um mês após pronunciar essas palavras ao ser nomeada secretária de Justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch – a primeira mulher negra no cargo – coordenou a operação que prendeu oito cartolas da Fifa e foi considerada o maior escândalo da história do futebol. Lynch é a primeira mulher negra a ocupar o cargo de secretária de Justiça Filha de um pastor protestante, Lynch nasceu quando as leis de segregação racial ainda eram vigentes nos Estados Unidos, formou-se em Direito em Harvard e ocupa hoje o principal cargo do Departamento de Justiça americano. Ela atuava como procuradora-chefe federal no Brooklyn antes da promoção. Segundo o New York Times, Lynch supervisionou as investigações desde o início. A decisão de dar o “ok” para a operação ir em frente e de pedir à polícia suíça que executasse as prisões foi dela. Lynch dá entrevista sobre operação que prendeu cartolas da Fifa Oito dirigentes da Fifa foram presos na quarta-feira – entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Leia mais: José Maria Marin está entre dirigentes da Fifa presos na Suíça Leia mais: Entenda o escândalo de corrupção na Fifa Lynch nasceu na Carolina do Norte em 1959. À época, os negros dos Estados do sul dos EUA ainda era submetidos a leis de segregação entre brancos e negros. Apesar disso, seu pai, o reverendo Lorenzo Lynch, um pastor protestante, acreditava que a lei poderia ser uma força para a mudança. E, quando a futura secretária de Justiça era pequena, ele costumava levá-la aos tribunais locais. “Quando eu era criança, as pessoas nos diziam para ficar longe dos tribunais”, disse Lorenzo à BBC. Mas eu achava que era uma instituição positiva, e queria que ela tivesse uma visão diferente”, completou.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] As leis de segregação foram derrubadas no meio dos anos 1960, mas o racismo permaneceu. Leia mais: Fifa é alvo de denúncias há mais de duas décadas; veja histórico A mãe de Lynch, Lorine, lembra que as professoras da filha tinham dificuldade em aceitar sua inteligência. Lynch foi nomeada em momento de tensão racial nos EUA Quando ela estava na 2ª série – tinha 7 ou 8 anos – ela teve que fazer uma prova outra vez porque tinha ido bem demais na primeira. “As professoras acharam que algo estava errado, porque ela era afroamericana e os alunos brancos tinham tirado notas mais baixas”, disse Lorine à BBC. Na segunda prova, ela tirou uma nota maior ainda. Carreira Nada disso afetou as aspirações de Lynch. Durante toda a infância, ela sonhava em estudar em Harvard, onde estudou Literatura Inglesa antes de fazer Direito. Ela levou a sério a universidade. “Na faculdade, as pessoas costumam usar jeans, roupas despojadas, mas eu não lembro de uma vez em que Loretta estivesse desarrumada. Eu costumava implicar com ela perguntando se ela não tinha nenhuma roupa de brincar”, conta a advogada Karen Freeman-Wilson, que estudou com ela. Trigêmeas Os escritórios de advocacia de Nova York ainda eram muito masculinos e muito brancos quando ela começou a trabalhar no Cahill Gordon and Reindel, no meio dos anos 1980. Havia outras duas mulheres negras entre os associados e elas mesmas se referiam a elas como “as trigêmeas” – porque as recepcionistas do local, apesar de saber o nome de todos os 250 homens, não conseguiam diferenciá-las. Lynch foi indicada por Obama em novembro, mas Senado só aprovou indicação em abril Seu primeiro grande caso – em 1999, pouco depois de ser nomeada pelo então presidente Bill Clinton para a procuradoria do Distrito Leste de Nova York – lembra os que provocaram protestos recentemente nos EUA. O haitiano Abner Louim foi preso após uma briga fora de uma boate e acusado de bater em um policial. A polícia depois admitiu que a acusação era falsa e que Louim foi espancado. Calma sob pressão Durante o julgamento, um dos policiais envolvidos alegou que namorava uma negra e que isso mostraria ser pouco provável que ele tivesse violado os direitos de um negro. Alan Vinegrad, que trabalhou com Lynch no caso, diz que ela acusou o agente de “se esconder atrás da cor da pele de sua namorada”. Foi ousado, mas feito de um jeito “calmo e comedido”, segundo ele. Ao longo da carreira, ela esteve envolvida em processos contra terroristas e mafiosos, além de políticos acusado de corrupção – dos dois partidos dos EUA -, policiais que cometeram abusos contra prisioneiros e bancos acusados de fraude. Cartolas da Fifa foram presos nesta quarta-feira A capacidade de Lynch de se manter calma foi um dos pontos altos durante o longo processo de aprovação no Senado – ela foi indicada pelo presidente Barack Obama em novembro, mas sua nomeação só foi aprovada pelo Senado em abril. A demora teve relação com uma briga partidária – mas a Casa também foi acusada de racismo. “Muitos de nós olhamos o tratamento que ela recebeu e não nos sentimos bem, não sentimos que estava sendo justo”, disse a amiga Karen Freeman-Wilson. “Mas a reação dela foi ‘Tudo bem, vamos manter nossa cabeça e olhos no prêmio’”, completa. Fifa Nesta quarta-feira, exatamente um mês após assumir o cargo, Lynch ganhou as manchetes de todo o mundo com a prisões dos dirigentes da Fifa. “O indiciamento sugere que a corrupção é desenfreada, sistêmica e tem raízes profundas tanto no exterior como aqui nos Estados Unidos”, disse ela. “Essa corrupção começou há pelo menos duas gerações de executivos do futebol que, supostamente, abusaram de suas posições de confiança para obter milhões de dólares em subornos e propina.” O esquema, segundo ela, prejudicou profundamente uma vasta gama de vítimas, de ligas jovens de futebol a países em desenvolvimento que deveriam se beneficiar dos recursos gerados pelo esporte. “As ações de hoje (quarta-feira) deixam claro que o Departamento de Justiça pretende acabar com qualquer prática de corrupção, acabar com as más condutas e trazer malfeitores à Justiça”, disse

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Blatter adota na Fifa o bordão do ‘eu não sabia’

O escândalo da Fifa deve dar visibilidade planetária a um bordão bem conhecido dos brasileiros. Candidato à reeleição, o presidente da entidade máxima do futebol, Joseph Blatter, tenta vender a tese de que não sabia da podridão que acaba de levar à prisão sete representantes da cartolagem, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin. “É um momento muito difícil para a Fifa”, disse Blater nesta quinta-feira. “O que aconteceu ontem causou uma sombra sobre o futebol… Ações de certos indivíduos trouxeram humilhação e vergonha ao futebol. É preciso ações imediatas. Não podemos deixar que a reputação da Fifa seja levada a lama. Isso precisa acabar agora. Eu sei que muitas pessoas me consideram como responsável pelos problemas e pela reputação da comunidade global do futebol. Mas não podemos monitorar todos o tempo inteiro.” Como se vê, o hábito de tratar a plateia como um amontoado de idiotas não é uma exclusividade nacional.

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Por que Blatter continua à frente da Fifa?

As buscas policiais no luxuoso hotel Baur au Lac, em Zurique, na manhã de quarta-feira, não eram exatamente o que esperava Joseph Blatter dois dias antes de sua provável reeleição à presidência da Fifa. Blatter deve vencer, praticamente sem concorrência, mais um mandato na Fifa. Muitos veem a votação de sexta-feira mais como uma coroação cerimonial do que como um pleito democrático, mas a prisão de sete executivos da Fifa (entre eles o brasileiro José Maria Marin) lançará questionamentos sobre o processo. A Fifa está, há anos, envolta em suspeitas de práticas duvidosas. E, ainda que Blatter não esteja diretamente implicado nas prisões desta quarta-feira, por que ele está tão determinado em permanecer no controle da entidade? Quando o dirigente de 79 anos chegar ao Hallenstadion de Zurique para as eleições da Fifa, dificilmente ele enfrentará oposição real. Há apenas 209 eleitores, muitos deles representantes futebolísticos de pequenos países, e Blatter cultiva relações com eles há anos. Após os candidatos Luis Figo e Michael van Praag terem abandonado a disputa, há apenas um candidato alternativo a Blatter: o príncipe jordaniano Ali Bin al-Hussein, que muito dificilmente conseguirá votos suficientes para ser considerado uma ameaça. Ou seja, salvo eventos inesperados, Blatter conseguirá um inédito quinto mandato consecutivo, mantendo o controle sobre o bilionário esporte.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O que motiva um homem, próximo dos 80 anos e que chegou a dizer que não buscaria a reeleição, a tão explicitamente querer mais quatro anos em um cargo tão alto e alvo de tanto escrutínio? “Ele claramente se considera a única pessoa capaz de liderar a Fifa”, diz o parlamentar suíço Roland Buechel, defensor de mais transparência ao comando do futebol. “Presumo que ele queira morrer na presidência.” Em relação às prisões desta quarta-feira, Blatter disse em comunicado que este é um “momento difícil para o futebol, para os fãs e para a Fifa” que “vai impactar o modo como muitas pessoas nos veem”. Afirmando considerar “bem-vindas as ações e investigações das autoridades dos EUA e da Suíça”, Blatter confirmou o banimento provisório dos suspeitos citados pelas autoridades. Ele disse ainda que as ações reforçam medidas já tomadas pela FIFA para evitar ilegalidades. Carreira Blatter nasceu em uma família humilde na cidade alpina de Visp. Segundo relatos, ele era o “rei do playground” na escola primária, nos anos 1940, e o único menino local com talentos futebolísticos de nível profissional. Blatter permanece sendo benquisto em sua cidade natal, na Suíça, mas é alvo de críticas diversas Terminada a escola, Blatter seguiu um caminho comum entre homens suíços nos anos 1960 e 1970: fez o serviço militar obrigatório, chegando ao cargo de coronel. No Exército, ele fez contatos que lhe seriam úteis mais tarde. Blatter então trabalhou na indústria de relógios e cresceu no ramo de gerenciamento esportivo, atuando na Federação Suíça de Hóquei no Gelo antes de entrar na Fifa como diretor técnico, em 1975. Quando ele foi eleito presidente da entidade pela primeira vez, em 1998, houve – segundo Buechel – uma certa celebração nacional no país natal de Blatter. “Ficamos orgulhosos de ter um suíço no comando de uma organização internacional tão importante”, diz ele. Em Visp, a antiga escola de Blatter foi rebatizada em homenagem a ele. Seu retrato está pendurado na parede, e dias esportivos geralmente são batizados com seu nome. Ele costuma ser recebido afetuosamente quando visita a cidade. Leia mais: ‘Dono do futebol brasileiro’, réu confesso J. Hawilla terá de devolver US$ 151 mi “Ele é muito descomplicado, muito acessível”, conta Hans-Peter Berchtold, editor de esporte do jornal local Walliserbote. No entanto, Berchtold admite que, no que diz respeito às acusações de corrupção na Fifa, até mesmo os velhos conhecidos de Blatter “não são cegos”. “Todo o mundo sabe que há problemas na Fifa”, ele diz. “Mas eles não acham que Sepp Blatter deva ser responsabilizado por todos eles.” Ceticismo Berchtold argumenta que há muitos aspectos positivos na gestão de Blatter, como a promoção do futebol em países em desenvolvimento, o fato de uma primeira Copa do Mundo ter sido realizada na África e, mais recentemente, o compromisso com um processo de reforma na Fifa. Mas é exatamente disso que alguns dos críticos de Blatter discordam. “Ele teve 17 anos para melhorar a governança na Fifa”, diz Eric Martin, chefe do setor suíço da ONG anticorrupção Transparência Internacional. “Sou cético quanto a se ele fará isso agora.” Em 2011, um painel independente reunido pela Fifa propôs um pacote de reformas. A decisão da entidade, de ignorar as recomendações para mandatos fixos, limites de idade e divulgação total da renda obtida foi criticada pela ONG. “Na Suíça, mudamos anualmente de presidente”, agrega Martin. “Tenho certeza que a Fifa conseguiria fazer o mesmo depois de 17 anos (de mandato para Blatter).” E, enquanto alguns velhos amigos o descrevem como sensato e aberto, outros que trabalharam com Blatter afirmam que ele não gosta de enfrentar oposição – e citam a rápida saída de cena de colegas que ousaram questioná-lo. Leia mais: Entenda o escândalo de corrupção na Fifa Muitos se perguntam como presidente conseguiu se manter no poder, em meio a acusações contra a entidade Blatter rejeitou bruscamente uma sugestão para participar de um debate televisionado ao lado dos demais candidatos à presidência da Fifa. Questionado certa vez a respeito das críticas a seu comando da entidade – sendo as mais estridentes delas vindas de Alemanha e Inglaterra -, Blatter respondeu que ele poderia “perdoar, mas não esquecer”. ‘Don Blatterone’ Na Suíça, muitos se perguntam como Blatter conseguiu manter o controle da Fifa por tanto tempo, em meio a tantas acusações de corrupção, e ainda assim parecer intocável. Um jornal suíço o chamou, em tom jocoso, de “Poderoso Chefão, o Don Blatterone” – mas nenhuma investigação conseguiu encontrar provas de seu eventual envolvimento em subornos. “Ele é um sobrevivente”, diz Buechel. “Nada cola nele, sempre há alguém entre ele e (casos de) suborno.” “Posso lhe dizer com segurança que ele não é ‘subornável’”, defende Hans-Peter Berchtold. “Dinheiro

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Arena Castelão tem prejuízo de R$ 1 milhão por mês

Luarenas administra o estádio, e é responsável por todas as despesas de custos do equipamento construído ao custo de R$ 465 milhões sob contrato Público-Privado Construída para a a Copa das Confederações 2013 e, principalmente para a Copa do Mundo 2014, a Arena Castelão é o maior estádio do Ceará. Palco de apenas cinco jogos em 2015 – incluindo Campeonato Cearense e Nordestão – a manutenção da Arena custa cerca de R$ 14 milhões anuais, ou aproximadamente R$ 1,1 mi/mês. Muito para muito pouco uso. Os dados são de Flávio Portella, diretor da Luarenas, empresa que administra a Arena Castelão desde o ano passado. Até o momento, os jogos realizados foram: três Clássicos-Rei e Fortaleza x River/PI. Do começo da temporada até o momento, R$ 161.957,44 foram arrecadados pelo estádio, que recebe somente o aluguel da praça esportiva. Contestação Esse levantamento do Tribuna do Ceará considera o faturamento com os cinco jogos em 2015 e os gastos mensais com a manutenção. Após a publicação desta matéria, a assessoria de imprensa da Luarenas sustentou que a Arena não dá prejuízo, pois a empresa contabiliza outras receitas operacionais. No entanto, mesmo com o pedido do portal, a empresa não divulga seus custos e suas receitas com o equipamento.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para este e os próximos anos, a administração da Arena já iniciou conversas com empresas que tenham interesse em levar eventos de grande porte ao estádio.Arena multi-uso Já se apresentaram na Arena Castelão Paul McCartney (08/05/2013), Elton John (26/02/2014), Roberto Carlos (05/04/2014) e Beyoncé (08/09/2014). Além de shows, Portuguesa e Flamengo empataram em 0 a 0 pela Série A de 2013. Porém, para Portella, há o interesse de trazer times de fora em 2015, mas sem nenhuma confirmação. “Vamos aguardar o decorrer dos campeonatos para saber se existe esta possibilidade”, afirmou. Segundo o perfil não-oficial da Arena Castelão no Facebook, em 2016, a cantora Madonna poderá estar na capital cearense, fazendo com que a cidade de Fortaleza recebesse o “maior evento de sua história”. Segurança Diante das cenas de violência, quando cadeiras foram quebradas nos jogos Fortaleza x Macaé-RJ (Série C), Ceará x Sport e no último Clássico-Rei (07/03), câmeras fazem a vigilância e identificação de torcedores que depredam o patrimônio, tanto na parte interna, como na área externa. Nos estacionamentos, que oferecem ao torcedor um total de 4.100 vagas, seguranças também fazem o monitoramento da área. Seguindo a tendência de grandes estádios do mundo, o Castelão possui sistema de visitações, que devem ser pré-agendadas, sendo cobrada uma taxa de R$ 10,00. Estudantes e maiores de 60 anos, mediante comprovação, têm direito à meia-entrada.Visitas e Restaurante A Arena possui calçada da fama e museu do futebol cearense. Com localização na parte inferior do estádio, o restaurante é aberto ao público, de segunda à sábado, no horário entre 11h30 às 14h30, onde o visitante pode almoçar e ter a paisagem do gramado ao fundo. Partidas disputadas até a terça-feira (17/03/2015) na Arena Castelão: Ceará 1 x 1 Fortaleza (04/02 – Copa do Nordeste) Renda: R$ 569.853,00 Público: 28.480 pessoas Aluguel pago à Arena Castelão: R$ 53.985,30 Fortaleza 0 x 1 Ceará (28/02 – Campeonato Cearense) Renda: R$ 488.392,00 Público: 25.403 pessoas Aluguel pago à Arena Castelão: R$ 48.839,20 Fortaleza 2 x 0 River/PI (03/03 – Copa do Nordeste) Renda: R$ 85.858,00 Público: 6.462 pessoas Aluguel pago à Arena Castelão: R$ 6.868,64 Ceará 1 x 2 Fortaleza (07/03 – Campeonato Cearense) Renda: R$ 522.643,00 Público: 30.235 pessoas Aluguel pago à Arena Castelão: R$ 52.264,30 Total arrecadado com os cinco jogos de 2015: R$ 161.957,44 mil

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