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Cinema – Snowden, um mito na tela

Olhar diferenciado sobre Snowden Em seu filme sobre o já célebre “whistleblower” americano, Oliver Stone adota um ponto de vista equilibrado. Edward Snowden (Joseph Gordon-Levitt) é tudo, menos um herói com o alvo final diante dos olhos desde o início. Pelo contrário: a princípio ele é apresentado como um aplicado especialista em tecnologia de informática, que almeja fazer carreira nos serviços secretos dos Estados Unidos. Estreia mundial no Canadá O cineasta americano Oliver Stone completou 70 anos em 15 de setembro de 2016, véspera do lançamento nos Estados Unidos de seu drama biográfico “Snowden”. Antes, ele o apresentara pela primeira vez diante de um público amplo no Festival Internacional de Toronto, Canadá. A estreia no Brasil é em 22 de setembro. Ascensão na CIA Inicialmente, Snowden pretendia servir a seu país como soldado no Iraque, mas quebrou ambas as pernas durante o treinamento militar. Essa circunstância coloca o jovem estudante de informática em contato com a NSA e a CIA. Nesta última, ele logo se destaca por sua inteligência e talento, afirmando-se como aprendiz aplicado. Queridinho do chefe O superior de Snowden Corbin O’Brian (interpretado por Rhys Ifans) desenvolve um interesse especial pelo jovem especialista em tecnologia de informática, tornando-o seu protegido e incentivando-o. Adeus à privacidade Contudo, pouco a pouco, o protagonista vai percebendo qual é o sentido maior da atividade dos serviços secretos: monitorar políticos e cidadãos incessantemente – e não só os supostos inimigos. Na CIA e NSA trabalham diversos “nerds” do computador. Ao observar de perto seu trabalho, Snowden constata que o conceito de privacidade perdeu todo o valor. Suspense bem encenado “Snowden” mostra como um aplicado jovem se torna, pouco a pouco, um crítico implacável e opositor das instituições. O filme é rico em suspense e encenado com esmero. Magistral é, por exemplo, a cena em que Edward Snowden leva para fora do prédio da CIA os dados secretos que reuniu – contrabandeando-os num cubo mágico. Fuga para Hong Kong Stone mostra como Snowden escapa do sistema, sua fuga para a Ásia e a cooperação com jornalistas dispostos a levar a público as avassaladoras revelações do jovem americano. Nesta cena, ele passa informações para o jornalista Ewen MacAskill, do “The Guardian” (Tom Wilkinson). “Whistleblower” como ser privado Em seu empolgante thriller político, Oliver Stone consegue também apresentar Snowden como ser humano, um jovem que tem uma namorada e é forçado a escolher entre seus interesses pessoais e a decisão de colocar tudo em jogo, como denunciante do poderoso sistema americano. Assim, “Snowden” desponta como uma produção bem-sucedida em diversos níveis. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]  

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Netflix – Cinema – Tecnologia

5 dicas pouco conhecidas para aproveitar ao máximo a Netflix Você adora assistir a séries e filme no Netflix? Conheça algumas dicas para maximizar o uso do serviço streaming – Direito de imagem GETTY IMAGES Buscar um filme na Netflix pelos gêneros oferecidos pode ser uma tarefa sem fim. Mas há uma forma de navegar por categorias muito mais específicas e que não estão disponíveis de cara.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Também é possível mudar a configuração das legendas, fazer sugestões de filmes e séries para que entrem no catálogo da Netflix e usar as teclas de atalho para facilitar a navegação. Veja algumas dicas para tirar o máximo de proveito do popular serviço de streaming. 1. Buscar conteúdo por categorias escondidas A Netflix conta com uma lista de categorias muito mais ampla do aquela a que aparece na tela. E qualquer um pode chegar a elas através do endereço: http://www.netflix.com/browse/genre/XXX. Os três últimos Xs devem ser substituídos pela categoria correspondente. Por exemplo, para assistir a filmes africanos, o código é 3761. Ou para uma série coreana: 67879. Os códigos estão disponíveis em listas criadas por aficionados que são facilmente encontrados em buscas no Google. Netflix é um dos serviços de streaming mais populares do mundo – Direito de imagem GETTY IMAGES A maioria dos códigos funciona para a Netflix dos Estados Unidos, mas há também alguns disponíveis para outros países. Perguntada pelo site Mashable sobre esta categorização, um porta-voz da Netflix explicou que o serviço usa milhares de subgêneros para adequar o conteúdo ao cliente segundo seu histórico de uso. 2. Como mudar as legendas Você é um daqueles que assiste a tudo na versão original? Então as legendas talvez te incomodem, ou porque são muito grandes ou porque a cor não é adequada para o conteúdo do fundo. Por sorte, existe uma opção que nem todo mundo conhece: a de personalizar as legendas da Netflix. Subtítulos podem ser incômodos, e é possível removê-los – Direito de imagem GETTY IMAGES É preciso ir à opção de configuração da página da Netflix e, a partir daí, ir à configuração de legendas. Assim, é possível trocar a cor, o tamanho e a fonte para todos os dispositivos. Se o seu aparelho é uma Apple TV ou funciona com o sistema operacional iOS, a personalização deve ser feita no próprio dispositivo, não pela web, como explica a Netflix na sua página. 3. Como pedir a Netflix que incorpore uma série ou filme Esta é uma sugestão que nem sempre vai ser ouvida, mas é possível solicitar que a empresa incorpore em seu catálogo uma série ou filme que te interesse. Prepare-se para seus filmes e séries favoritos – Direito de imagem GETTY IMAGES Em português, é preciso ir ao endereço: https://help.netflix.com/pt/titlerequest e preencher um formulário. 4. Como saber se alguém usou sua conta Você nunca assistiu a nenhuma série de gastronomia e de repente surgem três recomendações sobre o tema na Netflix? Talvez alguém tenha usado sua conta sem a sua autorização. Para comprovar se isso ocorreu, você precisa acessar Sua conta > Atividade de visualização > Ver acesso recente da conta. Isso te mostrará a data e hora do streaming, além do país e o endereço IP. Alguém pode estar usar a sua conta na Netflix sem que você saiba – Direito de imagem GETTY IMAGES Se houver alguma atividade suspeita e seu dispositivo não foi roubado, o melhor é trocar a senha e fechar a sessão nos dispositivos. Esse método desconecta todos os dispositivos associados à sua conta da Netflix e pode demorar até oito horas para ser aplicado, como explica a página da empresa. Com esse método, também são apagados os dados de localização de seus dispositivos, por isso não é recomendado se você tiver sido vítima de um assalto. 5. Como utilizar os atalhos do teclado O leitor do Netflix tem alguns atalhos de teclado que te ajudarão a poupar tempo se você usa o serviço através do computador. Estes são alguns deles: – A barra de espaço serve para pausar ou reproduzir – A tecla F abre tela completa – Esc sai da tela completa – Shift + seta para a esquerda: volta o filme/série – Shift + seta para a direita: avança o filme/série As setas para cima/baixo servem para aumentar ou diminuir o volume

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Cinema – Barbara Hale

Musas do Cinema – Barbara Hale¹ Barbara Hale * DeKalb, Illinois, USA – 18 de abril de 1922 + Sherman Oaks, Califórnia, USA – 26 de janeiro de 2017 Atriz mais conhecida por seu papel de Della Street, a secretária do famoso advogado detetive da TV Perry Mason [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Nietzsche e o Cinema

5 Filmes Influenciados Pela Filosofia De Nietzsche Que Você Precisa Assistir Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade? Essa é uma das grandes perguntas propostas pelo filólogo, crítico cultural, poeta e compositor alemão do século XIX, Friedrich Wilhelm Nietzsche. E quanto mais o tempo passa, mais essa pergunta faz sentido. Os tempos mudam, mas a história continua para sempre.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O mesmo acontece com o cinema, veja Laranja Mecânica, de Kubrick, uma crítica sobre a sociedade da época. Mesmo tendo sido realizado nos anos 1970 continua completamente atual hoje em dia, 40 anos depois. Nietzsche escreveu diversos textos que serviram de inspiração para a psicologia, filosofia e a arte. Pensando em suas contribuições dialéticas separamos 5 filmes, com a promessa de prepararmos outros 5. Confira: 1 – Cidadão Kane (1941) | Orson Welles Baseado na vida do magnata das comunicações William Randolph Hearst,Baseado na vida do magnata das comunicações William Randolph Hearst, conhecemos a história de Charles Foster Kane, o homem que construiu um império a partir do nada, mas que vivia uma vida pessoal extremamente ruim. Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro.  A crítica considerou esta obra de Welles não só como um marco na história do cinema quanto ao roteiro, filmagem e cenário, como a considerou mais tarde como o melhor filme da história do cinema de todos os tempos. O conflito existencial em Nietzsche:  O filme termina e ninguém revela o mistério de “Rosebud”. Somente ao expectador é revelado o significado da palavra nos últimos segundos do filme. O que o leva à reflexão após o término do filme. “Rosebud” se traduz do inglês por “Botão de Rosa” e é uma referência poética clara ao órgão genital feminino do prazer: o clitóris. A anatomia da genitália feminina é frequentemente associada à forma de um botão de rosa pelos poetas. Assim, “Rosebud” simboliza aquilo que há de mais íntimo, de mais misterioso, mais escondido, mais particular, mais encoberto. “Se uma mulher tem inclinações eruditas é porque, em geral, há algo de errado na sua sexualidade. A esterilidade predispõe a uma certa masculinidade do gosto; é que o homem, com vossa licença, é de fato ‘o animal estéril’”. Friedrich Nietzsche 2 – Festim Diabólico (1948) | Alfred Hitchcock Festim Diabólico (1948) | Alfred Hitchcock Baseado em uma história real. Na cidade de Nova York, Brandon e Phillip assassinam seu amigo David, por considerarem-se superiormente intelectuais em relação a ele. Com toda a frieza e arrogância resolvem provar para eles mesmos sua habilidade e esperteza: esconderam o cadáver em um grande baú.  E este servira como mesa e exposta no meio da sala de estar do apartamento, durante uma festa que realizaram em seguida.  É interessante destacar que para muitos críticos este não é um filme tão respeitável quanto Psicose ou Janela Indiscreta. Na época de seu lançamento, Festim Diabólico,  fracassou crítica e comercialmente. A natureza humana em Nietzsche: No filme, o foco de toda a tensão está escondido em uma arca: o corpo do jovem assassinado. A motivação do crime é uma teoria a defender que apenas os seres humanos “superiores” são capazes de cometer um assassinato a sangue frio. 3 – 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) | Stanley Kubrick Durante a pré-história, um misterioso Monolito Negro parece emitir sinais de outra civilização interferindo no nosso planeta. Quatro milhões de anos depois, no Século XXI, uma equipe de astronautas a bordo na nave Discovery é enviada a Júpiter para investigar o enigmático monolito. A fuga do “eu” existencial em Nietzsche  O homem frente à máquina e a sua disposição em desobedecer e quebrar as regras para conseguir aquilo que ambiciona lhe confere uma profundidade dramática que não pode ser observada em nenhum dos outros personagens. Esta contradição é interessante porque é ela que estabelece o principal parâmetro de comparação entre as duas épocas retratadas no filme. Se na alvorada da humanidade o homem ainda é um ser em formação, incompleto, que precisa descobrir o mundo para descobrir a si mesmo, já em sua alvorada ele ainda é incompleto. Através do advento da inteligência artificial ele confere a outrem o direito de pensar e tomar as decisões por ele, decretando assim o seu próprio fim como indivíduo… Neste processo para reencontrar a si mesma a humanidade precisará redescobrir a sua gênese e só então voltar a se perguntar sobre a estranheza do mundo à sua volta. “Nós fazemos acordados o que fazemos nos sonhos: primeiro inventamos e imaginamos o homem com quem convivemos – para nos esquecermos dele em seguida”. Friedrich Nietzsche 4 – Apocalypse Now (1979) | Francis Ford Coppola Baseado na obra Heart of Darkness, de Joseph Conrad, Apocalypse Now conta a história do capitão Willard, um combatente no Vietnã que recebe uma missão especial e confidencial: encontrar e matar um homem no meio da selva vietnamita. O problema é que o homem é o coronel Walter Kurtz, um dos mais condecorados e respeitados oficiais do exército americano. O coronel parece ter enlouquecido e formado uma própria seita onde é tratado como Deus por seus seguidores. Willard e sua equipe partem em um barco ao encontro de Kurtz e de si mesmos, enquanto presenciam os horrores e a estupidez da guerra. A dualidade do ser em Nietzsche: Apocalypse Now é uma jornada psicologicamente devastadora e surreal. É um complexo estudo sobre a dualidade e o conflito existente em cada ser humano. Uma análise pungente e hipnotizante sobre o frágil cordão que divide o nosso lado racional e irracional.  É muito mais do que um filme sobre a estupidez da guerra. Assume a posição de uma profunda reflexão sobre o ser humano e seus limites. “Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti”. Friedrich Nietzsche 5 – O Cavalo de Turim (2011) | Béla Tarr, Ágnes Hranitzky O velho fazendeiro Ohlsdorfer (Janos Derzsi) e sua filha (Erika Bok) dividem um cotidiano dominado pela monotonia. A realidade dos dois

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Sob as barbas de Marx – Cinema

Exibido pela primeira vez no Festival de Cinema de Berlim, filme “O jovem Karl Marx” mostra o curto, mas intenso período que antecedeu à publicação do Manifesto Comunista no ano de 1848. Jovens querem mudar o mundo: Marx (August Diehl, dir.) ao lado de Friedrich Engels (Stefan Konarske) A barba tem de ser cortada, ao menos simbolicamente. Essa foi uma exigência do diretor haitiano Raoul Peck. E a barba em questão é a de Karl Marx. Peck é o diretor de O jovem Karl Marx, filme sobre a juventude do filósofo alemão cuja estreia mundial aconteceu no último domingo (12/02) na 67ª Berlinale, o Festival de Cinema de Berlim.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] “A velha barba encobre não somente o rosto de Marx. No ano de 2017, ela também obscurece a possibilidade de uma discussão e uma reflexão cuidadosa”, diz Peck, para quem, diante da arrebatadora barba de Karl Marx, esqueceu-se do cerne de sua mensagem. “Isso impede de descobrir a real contribuição deste pensador científico e político, seu extraordinário poder de análise, seus esforços humanísticos, suas preocupações legítimas.” Briga entre esquerdistas: sociais-democratas, socialistas e comunistas em “O jovem Karl Marx” No filme, Peck mostra o curto, mas intenso período que antecedeu à publicação do Manifesto Comunista no ano de 1848. Na época, com pouco mais de 20 anos, Marx conheceu em Paris Friedrich Engels, o filho de um industrial de Wuppertal, que trazia consigo uma rica experiência da Inglaterra. Em Manchester, seu pai tinha uma tecelagem. Marx e Engels ficaram amigos. Junto a Jenny, esposa de Karl Marx, os jovens desenvolveram o Manifesto Comunista. O texto deveria reunir tudo o que os três consideravam importante observar numa época de grandes mudanças sociais. “O filme acompanha a juventude de Marx e Engels, delineia a amizade inabalável entre os dois e mostra como um trio único nasce a partir das dificuldades que eles viveram durante a sua turbulenta juventude”, descreve Peck a sua obra. O diretor recriou a atmosfera do período febril da industrialização na Europa dos anos 1840: “Fábricas da indústria pesada na Inglaterra, a miséria extrema e a sujeira nas ruas de Manchester e, em contraste, o calor dourado dos palácios parisienses, a energia de uma juventude que quer mudar o mundo.” Jenny Marx (Vicky Krieps) coescreveu o “Manifesto Comunista”, ao lado de Marx e Engels Paris e Manchester como cenários Peck rodou um filme histórico. Karl Marx é interpretado pelo ator alemão August Diehl; Friedrich Engels, por Stefan Konarske, e Jenny Marx, por Vicky Krieps. A Paris do século 19, como também a tecelagem na Inglaterra, servem de cenário para um filme encenado de forma um pouco antiquada, em estilo televisivo excessivamente impecável. De qualquer forma, talvez o tema do filme seja mais importante que experimentos estéticos e a cinematografia. No 100° aniversário da Revolução Russa e num mundo vivendo um período entre a globalização e novos pensamentos nacionalistas, ocupar-se de Marx vem na hora certa. Mesmo sob a forma de um filme de apelo popular, que mostra a um grande público como se chegou ao famoso manifesto. Após a estreia no 67° Festival de Cinema de Berlim, na série Berlinale Special, o filme de Raoul Peck poderá ser visto na Alemanha a partir do início de março. No Brasil, a estreia nos cinemas está prevista para meados de junho.

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A multa de uma locadora de DVD que deu origem à Netflix

O americano Reed Hastings mal tinha acabado de vender sua primeira empresa de tecnologia, em 1997, quando teve a ideia de criar uma nova companhia. Hastings também é um filatropo de educação e atua nessa área Direito de imagemREUTERS O estopim: ter de pagar à rede de locadoras Blockbuster uma multa de US$ 40 por ter devolvido com atraso um DVD do filme “Apollo 13”. Hastings havia recebido US$ 750 milhões pela venda da Pure Software, que criava produtos para solucionar problemas de softwares, e se juntou ao sócio Mark Randolph na empreitada. A empresa fundada por eles seria a Netlfix, que se tornaria uma das gigantes do mundo do entretenimento.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Mas não foi algo fácil. A ideia inicial era bem diferente do serviço que conhecemos hoje. Consistia no aluguel de filmes pelo correio mediante o pagamento de uma taxa fixa, sem cobrança de multas ou data fixa para entrega. O objetivo era justamente evitar o problema corriqueiro à época, do qual Hastings foi “vítima”: ter pagar uma multa ao esquecer de devolver um filme a uma locadora. Mas apesar de considerada inovadora para a época, a empresa inicialmente não decolou. O preço das ações na Bolsa eram baixos, o que forçou os proprietários a tentar vender 95% da companhia para a própria Blockbuster em 2000 – a proposta era agir como um serviço de entrega de DVDs pelo correio da então gigante das locadoras. Não foi aceita. Do DVD ao streaming A sorte mudou apenas em 2005, quando a Netflix fez uma mudança importante no tipo de serviço que prestava: saiu o aluguel de DVDs pelo correio, entrou o streaming digital de filmes e outros conteúdos audiovisuais. Nessa época, a empresa tinha 4,5 milhões de usuários. A partir daí, o crescimento foi vertiginoso: alcançou 16 milhões de clientes em 2010 e disparou em direção dos 81 milhões nos dias atuais, 47 milhões só nos EUA – um dos 190 países cobertos pela ferramenta. Brasil e América Latina foram palco da estreia do serviço fora da América do Norte, em setembro de 2011 – apesar de não comentar sobre países específicos, Hastings disse em 2015 que o Brasil é o “foguete” da empresa. Netflix opera no Brasil desde 2011 Direito de imagemGETTY IMAGES O crescimento trouxe também um novo braço para a empresa – a produção de conteúdo original. Preocupados com a concorrência de outros serviços de streaming como o Hulu ou a própria Amazon, os diretores da empresa – Hastings e o responsável pelo conteúdo, Ted Sarandos – decidiram, em 2013, lançar a primeira série original: House of Cards. O sucesso foi imediato e arrebatador: com Kevin Spacey como protagonista e David Fincher na direção, a série conquistou três Emmys, o principal prêmio da televisão nos EUA. Além do prêmio, a empresa também registrou outra conquista: naquele ano, o preço das ações da Netflix ficaram 9.925% acima do preço de sua estreia na Bolsa. De lá para cá, já foram lançadas várias outras séries originais de sucesso – é difícil que algum amante desse tipo de entretenimento nunca tenha ouvido falar, por exemplo, de Orange is the New Black, Narcos e Stranger Things. A série ‘House of Cards’ foi o primeiro conteúdo original produzido pela Netflix Direito de imagemAP PHOTO/NETFLIX, NATHANIEL E. BELL Caminhos misteriosos Segundo a revista Forbes, atualmente, o patrimônio do fundador, Reed Hastings é avaliado em US$ 1,5 bilhão, a maioria relacionado a ações da Netflix. O sucesso de público, no entanto, é difícil de medir: ao contrário dos canais de televisão, a empresa não divulga os dados de audiência. Hoje, a empresa trabalha com o tripé tecnologia, marketing e conteúdo. E esse último cresceu tanto que parte da infraestrutura foi transferida do Vale do Silício para Hollywood, onde a empresa deve expandir sua atuação – e suas instalações – em 2017. Atento ao crescimento de sua cria – e de seus concorrentes – Hastings leva a sério a precisão dos algoritmos que oferecem conteúdo aos usuários da Netflix para fazer com que eles continuem assistindo. Mas admite não saber exatamente quais caminhos a empresa deve seguir no futuro. “Nós não sabemos ao certo. Não é a Netflix que está fazendo as mudanças, é a internet. Todos os anos a gente descobre como usar a internet para melhorar a experiência do consumidor. Todo ano é um novo experimento”, disse ele em janeiro à revista Venture Beat. Para o empresário, a tecnologia é um “veículo para criar uma experiência melhor e mais moderna para o conteúdo da empresa”. “Nós estamos competindo, de forma geral, pelo tempo das pessoas”, declarou ele à Bloomberg. Além de ser fundador e CEO do Netflix, Hastings também atua hoje nos conselhos diretores do Facebook e da Microsoft. Educação e tecnologia Além de ter contribuído para mudar a forma como as pessoas acessam o conteúdo audiovisual e veem televisão, Hastings tem outro interesse: a educação. Filho de um advogado que chegou a trabalhar no governo de Richard Nixon, ele se formou em matemática no Bowdoin College, em 1983, e fez um mestrado em inteligência artificial na renomada Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Logo depois de se formar, decidiu se unir ao Corpo da Paz e se tornou professor de matemática na Suazilândia entre 1983 e 1985. A sede da Netflix, na Califórnia, não é daqueles escritórios modernos, mas Hastings diz não se importar com isso Direito de imagemREUTERS De lá para cá, vem apoiando diversos projetos de educação, se tornou um filantropo da área, além de um incentivador e apoiador das chamadas charter schools – modelo de escola pública com gestão privada. Em 1998, financiou uma campanha para mudar a legislação da Califórnia justamente para diminuir as restrições a esse tipo de instituição. Ele chegou a ser presidente do Departamento de Educação do Estado entre 2001 e 2004, defendendo a reforma escolar. Atualmente, faz parte da comissão educacional de várias instituições, como CCSA, DreamBox e outras. Em 2012, Hastings e a mulher, Patty Quillen, prometeram doar a maior

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