A China inaugurou uma biblioteca de 34 mil metros
O ensino da língua portuguesa encontra-se em vertiginosa expansão em universidades chinesas, e o governo de Pequim não tem medido esforços nem investimentos para liderar os estudos sobre a língua de Camões e Machado de Assis na Ásia. Direito de imagemVOISHMEL/AFP/GETTY IMAGESEx-colônia portuguesa, Macau, China, mantém placas bilíngues O vetor dessa expansão está em Macau – cidade chinesa que foi domínio português entre 1557 e 1999. Segundo o coordenador do Centro da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, professor Carlos Ascenso André, a crescente presença da língua em universidades chinesas é fruto de uma estratégia clara de difusão e expansão do português na China.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Nos últimos dez anos, o número de universidades chinesas que ensinam português praticamente quadruplicou, passando de seis para 23 instituições. Segundo ele, há atualmente centenas de bolsas para estudantes do interior da China virem a Macau aprender a língua, além de ações promovidas pela equipe do Instituto Politécnico para desenvolver centros de estudos em outras universidades do país. Direito de imagemDANIEL MANDUR THOMAZEm Macau, os nomes de ruas e praças são apresentados em português e cantonês Segundo Caio César Christiano, professor brasileiro contratado há um ano pelo Instituto Politécnico, “Macau assumiu a incumbência de ser o centro difusor da língua portuguesa na China. É um desejo claro de a China formar muitos professores e tradutores de língua portuguesa”. Colônia até 1999 Macau sempre teve importância estratégica singular. Tornada domínio do Império Português em 1557, a reboque da expansão colonial lusitana na Ásia, a cidade converteu-se rapidamente em entreposto comercial e porto seguro para incursões portuguesas na região do Pacífico. Após um motim liderado por grupos pró-Pequim nos anos 1960, foram postas em andamento negociações com as autoridades portuguesas sobre o futuro do território. Formalmente devolvida à República Popular da China em 1999, Macau é gerida atualmente por uma junta administrativa autônoma, que governará até 2049, quando a região será definitivamente integrada ao sistema administrativo chinês. A grander maioria da população (94%) é composta por cantoneses, grupo da etnia han do sul da China, mas a presença portuguesa se faz sentir no nome de inúmeras ruas e na boca de setores da sociedade macauense que ainda falam o português, o que, segundo o censo de 2006, equivale a 2,4% da população. A administração da cidade é oficialmente bilíngue e todos os sinais e placas públicas são grafados em cantonês e português. É justamente esse caráter híbrido e cosmopolita que faz de Macau uma área estratégica para o projeto de expansão dos estudos da língua portuguesa em território chinês. Tal expansão tem uma clara dimensão econômica e geopolítica, ligada a interesses estratégicos chineses na América Latina e, sobretudo, na África lusófona. CHRIS MCGRATH/GETTY IMAGESCassinos e turismo são responsáveis pela maior parte da arrecadação de Macau A presença chinesa em países como Angola e Moçambique é ostensiva. Nas duas últimas décadas, o volume de investimentos chineses na África cresceu mais de 20 vezes, passando de US$ 10 bilhões em 2000 para US$ 220 bilhões em 2014. Em setembro de 2016, Angola se tornou o maior fornecedor de petróleo para a China, enquanto Moçambique está entre os cinco países com maior concentração de investimentos chineses. Interesse chinês Nesse cenário, a China é evidentemente o país com as melhores condições para absorver o possível vácuo a ser deixado por empresas brasileiras na região, após o impacto dos escândalos de corrupção envolvendo empreiteiras como Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez, todas elas com grande volume de investimentos em Angola e Moçambique. Ano passado, como consequência dos ilícitos expostos pela Operação Lava Jato, o BNDES chegou a congelar financiamentos de pelo menos três projetos em Angola e um projeto em Moçambique, afetando contratos da Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez. O Brasil é, ele mesmo, um foco de interesse chinês. Os investimentos chineses na América Latina cresceram nas últimas décadas de maneira rápida e consistente. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, substituindo o primado histórico das relações com os Estados Unidos. É preciso lembrar também que o português é uma língua global. De fato, é a terceira língua que mais cresce no mundo – atrás apenas do espanhol e do inglês. Além disso, embora seja a quarta língua mais falada do mundo em termos absolutos, é a terceira em ambientes de negócios relacionados ao mercado de óleo e gás. Crescimento populacional Alguns estudos conduzidos pelas Nações Unidas e publicados em 2016 no Atlas da Língua Portuguesa são reveladores. Embora o Brasil seja o país com mais falantes de português no mundo, as transformações demográficas que têm ocorrido nas últimas décadas tendem a alterar esse cenário. Estimativas preveem que até o fim do século existam mais falantes de português na África do que no Brasil, sobretudo devido à retração no crescimento populacional brasileiro e à explosão populacional liderada por países como Angola e Moçambique. No conjunto, eles somarão cerca de 266 milhões de habitantes em 2100, ultrapassando o Brasil, com população prevista de 200 milhões. Logo após a devolução de Macau às autoridades chinesas em 1999, havia temores de que a língua portuguesa desapareceria rapidamente da região e do próprio território chinês, como mostrou a BBC Brasil em 2002. No entanto, a política de investimentos chineses não apenas dissipou essa preocupação como garantiu que o estudo da língua ganhasse fôlego no país inteiro. Direito de imagemDANIEL MANDUR THOMAZPesquisadores e estudiosos da língua portuguesa de universidades de todo o mundo se reuniram em Macau, China, entre 23 e 29 de julho “A grande surpresa foi a dimensão e a qualidade do ensino da língua portuguesa na China”, afirmou Roberto Vecchi, presidente da Associação Interacional de Lusitanistas (AIL), rede de estudiosos da língua e da cultura dos países que falam português. A associação se reuniu em Macau entre os dias 23 e 29 de julho para promover um encontro entre pesquisadores de diversas universidades da Europa, Ásia, África e Américas. A China tem atuado estrategicamente na articulação entre políticas culturais e interesses geopolíticos para afirmar-se cada vez
Desenhos de Hua Tunan, China [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]
‘China Daily’: China se torna o maior investidor do Brasil até agora em 2017 Investidores gastaram US $ 5,67 bilhões em fusões e aquisições no país O jornal China Daily publicou nesta terça-feira (25) matéria onde conta que a China é o maior investidor estrangeiro do Brasil até o momento neste ano, de acordo com a consultoria Dealogic.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Segundo a reportagem nos primeiros quatro meses e meio de 2017, investidores chineses gastaram US $ 5,67 bilhões em fusões e aquisições, representando 37,5% do investimento total no país. O investimento chinês no Brasil até meados de abril representa quase a metade dos US $ 11,92 bilhões que a China gastou em 2016, destaca o China Daily. O investimento chinês no Brasil até meados de abril representa quase a metade dos US $ 11,92 bilhões que a China gastou em 2016, destaca o China Daily A China foi seguida pela Argentina e Holanda, com US $ 1,6 bilhão e US $ 1,1 bilhão, respectivamente, descreve o diário chinês. O noticiário aponta que o aumento do investimento chinês ocorre em um momento em que o Brasil está melhorando sua balança comercial com a China, graças ao aumento das exportações de ferro e petróleo. A balança comercial positiva do Brasil passou de US $ 1 bilhão no primeiro trimestre do ano passado para US $ 5,5 bilhões no mesmo período deste ano, de acordo com o Ministério da Indústria e Comércio Exterior, finaliza o China Daily. China Daily
Reconhecida por seus feitos na tecnologia e na indústria, a China prepara-se para um salto que está sendo tratado por especialistas como uma nova revolução: investimentos de bilhões de dólares devem colocar o gigante asiático em definitivo no mapa do futebol internacional, mesmo que ainda esteja longe de ser o país da bola. China desembolsou bilhões de dólares para estimular seu futebol nos últimos anos Direito de imagemAFP A segunda maior economia do mundo não tem medido esforços para abrir as portas de um mercado que, até pouco tempo atrás, a tinha como carta fora do baralho. Mas o jogou mudou. Desde o início de 2015, a China investiu US$ 2 bilhões (R$ 6,44 bilhões) no gigantesco mercado de futebol europeu para comprar fatias ou a totalidade de clubes como o AC de Milão (Itália), o Inter de Milão (Itália) e o Manchester City (Inglaterra).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Também há quem diga que o Liverpool e o Hull City, ambos da Inglaterra, estão na mira dos fundos de investimentos chineses. E, nos últimos meses, a jovem Superliga da China desembolsou algumas centenas de milhões de dólares para comprar o passe de grandes estrelas do futebol internacional, como o brasileiro Oscar, que deixou o Chelsea (Inglaterra) para jogar pelo Shanghai SIPG. A operação foi estimada em US$ 73 milhões (R$ 235 milhões), valor que, se confirmado, supera o antigo recorde da contratação do compatriota Hulk para o mesmo time. Prioridade O futebol na China virou uma prioridade do governo do presidente Xi Jinping, ele próprio um fã do esporte. Por trás dessa espécie de força-tarefa coletiva, que dominou o país nos últimos dois anos e envolve governo e empresas (estatais, ou não), há uma série de motivos. O primeiro deles está no fato de a economia chinesa vir reduzindo o ritmo de expansão, depois de décadas de crescimento de dois dígitos. Os chineses estão obcecados com a ideia de buscar novas fontes de renda para o país, sobretudo no setor de serviços, tecnologia e inovação ─ a bilionária indústria do esporte tem no futebol seu mercado mais bem-sucedido e um pouco de cada um desses elementos. Futebol virou prioridade do governo do presidente Xi Jinping Direito de imagemREUTERS ‘Soft power’ Para o especialista britânico Mark Dreyer, dono do site China Sports Insider, trata-se também de um gesto de aproximação com o público chinês e estrangeiro na forma de “soft power” (influência). “Além da necessidade de buscar outras maneiras de promover o crescimento, existe ainda um movimento populista, já a China que tem muitos fãs de futebol que há muito tempo lamentam o fato de a sua seleção nacional ser tão ruim”, diz Dreyer, que se mudou para a China em 2007 para cobrir a Olimpíada de 2008, em Pequim. Segundo o especialista, ocupar a 82ª posição no ranking mundial não combina com o “status” de segunda maior potência econômica do mundo. “E ser bom em futebol mundialmente ajuda muito mais com o “soft power” do que várias medalhas de ouro em esportes considerados menores”, destaca. Dreyer afirma ainda que promover o futebol vai ao encontro de outra iniciativa importante do governo na direção de um estilo de vida mais saudável. No final de 2014, Jinping declarou em alto e bom som que a China seria um potência do futebol. Mas foi no último ano que o mundo dos negócios no setor esquentou para valer. No ano passado, a Associação Chinesa de Futebol anunciou um plano ambicioso para colocar o país – hoje 78° no ranking internacional – entre os melhores do planeta até 2050. Image captionInvestimento em futebol é gesto de aproximação da China com público chinês e estrangeiro, diz especialista Direito de imagemREUTERS E o governo do Partido Comunista, ao divulgar o 13° Plano Quinquenal, indicou que a indústria do esporte deve alcançar US$ 433 bilhões (R$ 1,4 trilhão), ou 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, até 2020. Hoje, esse percentual estaria próximo de 0,6% do PIB. A previsão é de que até lá haverá 50 milhões de chineses jogando futebol, 20 mil centros de treinamento e 70 mil campos pelo país. A Copa da China 2017, que começou na terça-feira na cidade de Nanning, no sul do país, é um outro exemplo do que está por vir. Trata-se de um campeonato inédito que, apesar do número reduzido de participantes (quatro seleções internacionais) e da curta duração (cinco dias) não tem nada de acanhado. Por trás do novo evento, que pretende entrar para a lista dos maiores do mundo, tornar-se anual e contar com pelo menos oito seleções, estão grandes nomes de investidores chineses. Entre eles Wang Jialin, o homem mais rico do país e dono do grupo Wanda, que comprou no ano passado 20% do espanhol Atlético de Madrid. O grupo vem investindo maciçamente em tudo o que esteja relacionado ao futebol. E enquanto o país não consegue cumprir a determinação do seu líder máximo, a jovem Superliga da China, hoje com 16 clubes, talvez já possa ser considerada uma potência. Jogador argentino Carlos Tévez teve passe comprado por time chinês Direito de imagemALEJANDRO PAGNI Contratações caras A economia do futebol na China promete movimentar o mercado no resto do mundo. Nas últimas semanas, gerou furor na indústria futebolística ao anunciar contratações de destaque para grandes nomes do futebol internacional, muitos deles brasileiros. No mês passado foi a vez do argentino Carlos Tévez, ex-Manchester United, cujo passe foi comprado pelo Shanghai Shenhua. Diz-se que o brasileiro Ronaldinho Gaúcho teria recusado uma oferta de US$ 105 milhões (R$ 338 milhões), e o português Cristiano Ronaldo, eleito o melhor jogador do ano, de pouco mais de US$ 300 milhões (R$ 966,4 milhões). A ousadia, que para muitos nada mais é do que um exagero, deu origem a um grande debate sobre a necessidade de se imporem restrições ao salários que podem ser pagos nos clubes chineses. A autoridade máxima dos esportes está pensando em determinar um teto para eles para evitar gastos excessivos e garantir uma liga sustentável.
O magnata acredita que o país precisa ‘dar a volta’ por cima. O pré-candidato republicano que lidera a corrida eleitoral nos Estados Unidos, Donald Trump, disse que Washington não pode “continuar permitindo que a China estupre o nosso país”, pois “é exatamente isso que eles estão fazendo”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Em comício realizado em Fort Wayne, em Indiana, onde acontecem as primárias na próxima terça-feira, dia 3, o empresário afirmou que “a China foi responsável pelo maior roubo da história do mundo” e “tem danificado as nossas empresas e os nossos trabalhadores”. “Nós somos como um porquinho que foi roubado, mas vamos dar a volta por cima. Nós temos as cartas.Temos muito poder na China”, acrescentou o magnata. Delegados Na contagem até o momento, o magnata se aproximou do “número mágico” para ter a indicação na Convenção do partido, obtendo 988 delegados. Ele é seguido por Ted Cruz, com 568, e John Kasich, com 152. Para concorrer à Casa Branca, o pré-candidato republicano precisa ter 1.237 votos, mas é cada vez mais forte, no entanto, a hipótese de que nenhum deles alcance esse número, o que faria com que a convenção republicana fosse aberta, ou seja, com os delegados escolhendo na hora quem será seu postulante nas eleições presidenciais.
O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) estabelecido pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está avançando em ritmo acelerado. O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) estabelecido pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está avançando em ritmo acelerado. Queria falar um pouco hoje sobre o que conseguimos alcançar nos primeiros meses de existência da instituição. Bem sei que, em meio às convulsões que vive nosso país, será difícil conectar o interesse do leitor com tema tão específico e distante, mas vou tentar mesmo assim.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Quando cheguei a Xangai, em julho de 2015, estávamos começando praticamente do zero. Tínhamos o Convênio Constitutivo, assinado em Fortaleza um ano antes, e um andar praticamente vazio de um prédio no distrito financeiro de Pudong. Agora, em abril de 2016, apenas dez meses depois, a diretoria do NBD aprovou a primeira leva de projetos do banco. Confesso que tive dificuldade de acreditar quando o presidente do NBD, K.V. Kamath, definiu o objetivo de aprovar os primeiros projetos já no segundo trimestre de 2016. Mas conseguimos — à custa de muito trabalho e sacrifício de uma equipe ainda pequena e do apoio que tivemos dos governos dos países fundadores. No caso do projeto brasileiro, foi fundamental a parceria com o BNDES, um dos mais experientes bancos nacionais de desenvolvimento do mundo. Foram aprovados quatro projetos, num total de US$ 811 milhões, a maior parte no campo da energia renovável, seguindo orientação recebida dos líderes do Brics por ocasião da sua última cúpula, em julho de 2015, na Rússia. O projeto brasileiro é um empréstimo ao BNDES, de US$ 300 milhões, que será repassado a empreendimentos privados em áreas como energia eólica e solar. O projeto chinês, denominado em yuan e equivalente a US$ 81 milhões, é na área de energia solar. O sul-africano, de US$ 180 milhões, está direcionado ao financiamento de linhas de transmissão de energia elétrica. O projeto indiano é uma linha de crédito de US$ 250 milhões ao Banco Canara, destinada a projetos nas áreas solar, eólica, geotérmica e ao financiamento de pequenas hidrelétricas. Um quinto projeto, com a Rússia, está em fase avançada de negociação. Do lado do funding, o NBD também está fazendo progresso. Em janeiro deste ano, os sócios fundadores fizeram o primeiro aporte de capital, conforme previsto no Convênio Constitutivo. A Rússia pagou adiantado a segunda parcela do seu aporte e, assim, o NBD conta com mais capital do que o previsto, num total de US$ 1 bilhão. Estamos preparando também a primeira emissão de bônus, que deve ocorrer em meados deste ano. Será um bônus verde, emitido em yuan no mercado chinês. Assim, o NBD, em linha com o seu mandato, está se configurando como um banco “verde” tanto do lado do ativo quanto do lado do passivo. A questão da sustentabilidade dos projetos apoiados está sendo e continuará a ser um dos focos fundamentais do NBD. Estamos apenas começando. Há uma tarefa imensa pela frente. Temos muito que aprender. Não subestimamos jamais o tamanho do desafio que este banco foi chamado a enfrentar. Afinal, é a primeira vez que um banco que tem a aspiração de ser uma instituição de escopo global está sendo construído exclusivamente por países emergentes, sem a participação de países avançados. Paulo Nogueira Batista Jr. é vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, sediado em Xangai, mas expressa seus pontos de vista em caráter pessoal Fonte: O Globo
Quem conhece um pouco da indústria de tecnologia sabe que praticamente tudo é produzido na China. (Foto: reprodução/Bloomberg) Os baixíssimos salários dos trabalhadores, somados a uma lei trabalhista bem frouxa, criaram um cenário amplamente favorável para a indústria local, ao mesmo tempo em que sacrificaram radicalmente a qualidade de vida dos funcionários. Nos tempos atuais, começou a “pegar mal” as notícias de que trabalhadores começaram a se suicidar nas fábricas, e que as empresas tiveram que começar a instalar grades e redes de proteção para evitar mais casos similares.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Os casos começaram a chegar ao Ocidente, e as empresas começaram a pressionar para que as pessoas responsáveis por montar seus produtos sejam tratadas de forma mais humana. Para demonstrar o progresso que tem sido feito nesta área, John Sheu, presidente das instalações da Pegatron, uma das empresas responsáveis pela montagem do iPhone, convidou jornalistas da Bloomberg a conhecer a fábrica e seus 50 mil funcionários, responsáveis pela produção do smartphone da Apple. Os jornalistas puderam observar os procedimentos rígidos de segurança, voltados a impedir o vazamento de informações sobre os produtos que ainda não foram revelados para o público. Todos os visitantes e trabalhadores passam por detectores de metal que visam revelar possíveis dispositivos com câmeras que possam ser usados para fotografar os aparelhos. Ao passar pela segurança, eles seguem setas coloridas no chão, e passam por corredores revestidos com pôsteres motivacionais. Eles passam por uma escadaria com as tais redes de proteção antissuicídios, até chegarem aos armários, onde precisam colocar suas redes para cabelos, vestir uma jaqueta rosa e trocam seus sapatos por chinelos de plástico. Depois de se alinharem com precisão militar, os funcionários são divididos em unidades de produção de 320 pessoas, organizadas em quatro fileiras de 80 trabalhadores antes de começarem as atividades. Ao entrar na fábrica, os trabalhadores precisam, além de passar pelo detector de metais, verificar suas identidades, o que é feito por meio da apresentação de um crachá e identificação facial. Além de impedir intrusos, o processo serve para garantir que ninguém está trabalhando mais do que o permitido. Sim, depois da pressão ocidental, o cuidado com o excesso de horas extras aumentou significativamente. Os funcionários podem realizar horas extras para ganhar um dinheiro a mais, mas agora eles têm um limite. A Apple determina que seus parceiros adiram às diretrizes do Electronic Industry Citizenship Coalition (Coalizão da Cidadania da Indústria de Eletrônicos) que proíbem que os trabalhadores façam mais de 80 horas extras por mês. No entanto, a lei chinesa determina um máximo de 36 horas; a empresa diz que consegue driblar esta restrição pelo fato de o trabalho ser sazonal. Para o monitoramento destas horas, o sistema de identificação conta com crachás que acompanham o tempo, os pagamentos e até os gastos com dormitórios e refeições. Pode parecer excessivo, mas pelo menos fez com que a empresa se aproximasse a quase 100% do cumprimento dos regulamentos sobre horas extras. A única exceção são os engenheiros trabalhando em reparos de emergências. Uma auditoria da Apple mostrou 97% de conformidade com as diretrizes de um máximo de 60 horas de trabalho por semana. O problema continua sendo o pagamento baixo. Um funcionário que preferiu não se identificar conta que “os trabalhadores sempre querem fazer mais horas porque os salários são baixos. Nós podemos ganhar muito mais com horas extras, então nós sempre queremos mais horas extras”, afirmou à reportagem. A empresa diz que, contando com as horas extras, os funcionários conseguem levar para casa em média entre 4.200 e 5.500 yuans (algo entre R$ 2,3 mil e R$ 3 mil) em um mês. No entanto, uma trabalhadora mostrou à Bloomberg que seu salário-base era de 2.020 yuans (cerca de R$ 1,1 mil), o que dá uma dimensão de quantas horas extras os funcionários costumam fazer em um mês para ter um salário mais satisfatório. Para referência: um iPhone 6 no país custa 4.488 yuans (R$ 2,4 mil). A empresa ainda está na mira de organizações como a China Labor Watch, que afirmam que ainda há evidências de trabalho excessivo nas fábricas. Via Bloomberg
Um aspecto bastante conhecido da web na China é a censura. O sistema Escudo Dourado mantido pelo governo chinês filtra e impede o acesso a diversos serviços ou mesmo o acesso a certos conteúdos. Mas a web chinesa tem se destacado por mais duas práticas: os ataques contra o iPhone e a injeção de tráfego com publicidade, ataques e vírus. Os ataques contra sistemas iOS (iPhone e iPad) são curiosos. Enquanto o sistema se mantém mais ou menos ileso no ocidente, chineses – especialmente os que aventuram em “lojas alternativas”, com programas piratas -, têm sido alvo de uma série de ataques. Mas até quem se limita ao iTunes App Store, da Apple, não escapa: hackers chineses conseguiram contaminar vários apps da loja por meio de um ataque contra os desenvolvedores desses apps. É algo sem paralelo em outros países até hoje. Alguns dos vírus distribuídos na China para iPhone: AceDeceiver: instalado via USB por meio de um programa que promete fazer “jailbreak” do iPhone, backup e outras tarefas. O programa chegou a ser colocado na iTunes App Store, mas apenas em lojas fora da China, onde o app se comporta de maneira inofensiva. Na China, o app tenta roubar contas Apple ID. Funciona em aparelhos sem jailbreak.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] TinyV: Praga destinada a iPhones desbloqueados (jailbreak) capaz de instalar outros apps no dispositivo e alterar o arquivo “/etc/hosts”, que pode ser usado para redirecionar sites (para publicidade ou roubo de dados). YiSpecter: Praga distribuída por diversos meios, inclusive um vírus que se espalhou por comunicadores e redes sociais no Windows. Tem a capacidade de instalar outros apps, substituir apps do dispositivo (substituir apps de pagamento, por exemplo) e interceptar tráfego para exibir publicidade. Xcodechost: Versão contaminada do programa Xcode da Apple usado por desenvolvedores. Ele modifica os apps criados para incluir uma rotina que rouba algumas informações do aparelho e podia receber comandos de um servidor de controle para abrir páginas ou roubar outros dados, como o conteúdo da área de transferência (do copiar e colar). Os aplicativos contaminados eram todos legítimos e foram colocados no iTunes App Store. Keyraider: Distribuído em lojas alternativas somente para iPhones desbloqueados. Rouba contas da Apple para auxiliar a distribuição de aplicativos piratas para alguns poucos usuários “privilegiados”. Wirelurker: Distribuído por meio de um programa para OS X, infectava qualquer iPhone conectado ao computador via USB. O sequestro de tráfego é outra característica da web na China. Segundo um levantamento de pesquisadores israelenses divulgado no fim de fevereiro, essa atividade é realizada pelos próprios provedores de acesso no país: eles monitoram o acesso a certos conteúdos e, em vez de transmitirem o que o internauta pediu, substituem os dados por um código diferente. Os pesquisadores encontraram 14 provedores envolvidos com essa prática, dos quais 10 são da China (2 são da Malásia, um é da Índia e o outro é dos Estados Unidos). Assim, um internauta vê uma publicidade em um site, porém a publicidade foi trocada para ser uma peça ligada ao provedor e não ao site visitado, prejudicando a página. Nas piores situações (4 dos 10 provedores chineses), esse redirecionamento é usado para distribuir vírus, prejudicando o próprio internauta. A praga YiSpecter também foi distribuída com essa “ajudinha”. A substituição pode ocorrer em provedores intermediários, atingindo inclusive internautas fora da China que acessarem páginas chinesas. A prática é conhecida na China há sete anos, mas só ganhou exposição no ocidente em março do ano passado, quando foi usada para realizar um ataque de negação de serviço contra o site “Greatfire”, que monitora a censura chinesa. Dados foram trocados para incluir em vários sites um código que ficava secretamente acessando páginas ligadas ao Greatfire, recrutando milhões de internautas desavisados para participar do ataque. O risco de sequestro de tráfego é um dos argumentos para a crescente utilização de “páginas seguras” (com HTTPS ou o “cadeado” de segurança). Essas páginas têm proteção contra qualquer intervenção ou grampo durante a rota, o que dificulta esse tipo de ataque. Da mesma forma, a Apple mudou no iOS 9 o comportamento do iPhone e iPad para a instalação de programas com certificados corporativos, com impacto direto na rotina de empresas que precisam dessa função. A mudança é uma resposta ao constante abuso desse recurso na China – o que mostra como ataques ou problemas regionais podem influenciar a tecnologia para todas as pessoas. Altieres Rohr/G1
Com poder moderado de reverberação (por enquanto) as dúvidas com relação à economia internacional inflaram um bocado nos últimos dias. Até então, a China monopolizava os receios com a ameaça de um menor crescimento de sua economia. O preço do petróleo corria por fora, caindo ao menor nível da década e incitando os grandes produtores a fecharem suas bombas para equilibrar a oferta no mercado internacional. De repente os bancos europeus entraram na roda evidenciando o enfraquecimento persistente das economias da zona do euro depois da crise de 2008/09. Desta vez, diferentemente do que aconteceu na quebradeira de oito anos atrás, o problema não é a exposição aos títulos podres que inundavam o mercado à época. Agora, é o baixo crescimento aliado à taxa de juros negativa e baixíssimo apetite por consumo que coloca os bancos na linha de tiro dos investidores.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Banco ganha dinheiro emprestando dinheiro. Com o atual nível de juros na zona do euro e sem crescimento das concessões de crédito, a margem de lucro dos bancos cai. Se fosse só isso, tudo bem. O que o investidor mais teme, e por isso está derrubando o preço das ações de instituições europeias, é quanto a retaguarda protetora do sistema. Até agora, o Banco Central Europeu e os governos de cada país estavam bancando (literalmente) os riscos e perdas dos grandes bancos. Mas este caixa parece ter acabado. Antes de virar uma crise de fato, a chacoalhada atual testa níveis de confiança, de eficiência das políticas econômicas e de fôlego da administração pública europeia em lidar com a letargia dos países do continente. O chato é que esse teste pode custar caro e adiar aquela recuperação e estabilidade esperadas pelo menos para os mais ricos. Caso até dos Estados Unidos – lá, a presidente do banco central americano (FED, Janet Yellen), corroborou a percepção de risco e alertou que a maior economia do mundo pode sentir o baque do cenário atual e suspender a trajetória de crescimento e normalização das estratégias financeiras adotadas desde 2008 – adiando também uma nova alta dos juros dos EUA e um fortalecimento do dólar. Enquanto o mundo chacoalha, o Brasil tomba. O mercado financeiro local segue o fluxo internacional: Bovespa cai, dólar sobe. Numa interpretação mais realista é possível dizer que o país já tombou há um tempo e agora pode ser atropelado pela boiada solta lá fora. Na prática deveremos sentir dois efeitos diferentes pelo mesmo motivo. O dólar, apesar de ter subido nesta quinta-feira (11), deve assumir uma trajetória de desvalorização no curto prazo. Com o dólar mais barato, diminui a pressão sobre a inflação brasileira. Por outro lado, a queda no preço da moeda americana enfraquece as exportações – uma das únicas fontes de manutenção da atividade na economia doméstica. Sem contar que, se o mundo crescer menos, quem vai comprar mais de nós? Ainda é impossível prever se este será um novo ciclo negativo para a economia internacional ou apenas uma fase de adaptação ao mundo novo pós-crise de 2008. Qual seja, um mundo com menos dinheiro no bolso e pouca coragem para gastar. Se eles lá estão com a carteira mais magra, aqui no Brasil nem carteira carregamos mais – o desemprego e a inflação levaram tudo. por Thais Herédia/G1