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Economia: O temor de uma recessão global prolongada

Larry Summers, secretário do Tesouro de William Clinton, fez pouco amigos na vida. <=Larry Summers / Foto Wikimedia / CC Quando ocupava aquele cargo, teve um papel decisivo na revogação da Lei Glass-Steagall, que em 1933 estabeleceu reformas bancárias para controlar a especulação, com a separação entre bancos de depósito e bancos de investimento. A abolição dessa lei liberou uma enxurrada de dinheiro que deu origem ao atual sistema financeiro. Summers também foi economista-chefe do Banco Mundial, de onde saiu em meio a polêmicas. Tornou-se presidente da prestigiosa Academia de Harvard, de onde foi obrigado a sair devido a um problema de gênero. Com o presidente Barack Obama, foi diretor do Conselho Econômico Nacional, onde suas posições favoráveis aos negócios criaram novas polêmicas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Pode ser que por todos esses motivos muito poucas pessoas prestaram atenção às suas previsões a respeito da “nova economia”, uma expressão criada após a crise de 2009 para indicar que o desemprego é algo normal, que o mercado é o centro da economia e das finanças e que as medidas sociais e de bem-estar não mais seriam uma preocupação da economia. Larry Summers adverte para uma “estagnação secular”. Em outras palavras, o crescimento anêmico nos acompanhará durante muito tempo. Seus alertas se baseavam no fato de que não existe uma ação política concreta para criar estímulos e que “num mundo que está apenas à beira de uma recessão global, muito pouco foi decidido sobre como estimular a demanda. As autoridades dos bancos centrais comunicaram o sentimento de que pouco mais podem fazer para fortalecer o crescimento ou controlar a inflação”. Foi assim que Summers comentou a última reunião de ministros das Finanças do G20 (no dia 26 de fevereiro), quando estes não conseguiram chegar a um acordo sobre qualquer tipo de ação, concluindo com uma declaração dizendo que “os mercados estão se preocupando demais”. “Uma expropriação gigantesca do norte para beneficiar o sul” A dimensão da recente volatilidade do mercado não refletiu os fundamentos subjacentes do pântano em que está atolada a economia mundial, declarou Lou Jiwei, ministro das Finanças da China, que acolheu a reunião do G20 em Xangai. O rígido ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, bloqueou uma proposta em favor do estímulo das reformas, defendida pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, insistindo que agora é um momento para reformas exclusivamente estruturais, e não para uma política fiscal e monetária de estímulo. O caso da Grécia estava presente na cabeça de todo mundo. Mais tarde, ao comentar a enorme carga de refugiados bloqueados numa Grécia exausta, Schäuble declarou que embora esta tragédia humana necessite atenção, “não deveria desviar Atenas da aplicação de seu programa de reformas estruturais”. Alguns dias depois, Mario Draghi [banqueiro e economista italiano e atual presidente do Banco Central Europeu – BCE] apresentou um grande programa de estímulo fiscal do BCE que está adotando o custo zero do dinheiro, ao mesmo tempo em que pretende aumentar a injeção de dinheiro de 60 a 80 bilhões de euros [de R$ 250 bilhões a 340 bilhões] por mês. De início, os mercados reagiram positivamente, em seguida desceram e agora estão novamente positivos. Entretanto, Draghi advertiu, como sempre, que os bancos centrais não podem fazer o trabalho dos governos. A inflação faz parte do crescimento desde que não exceda 2%, mas até agora vem sendo de 0,1%. Avalia-se que o crescimento na zona do euro será de 1,4% em 2016 e espera-se que seja de 1,7% em 2017. Passaram-se cinco anos que, na prática, se entrou na estagnação e a Europa ainda não recuperou o nível econômico de antes da crise. É claro que isto provocou enorme gritaria na Alemanha. Wolfgang Schäuble, que transformou a economia num ramo da ciência moral, declarou que “o dinheiro fácil leva à perdição”. A choradeira geral é que o BCE está adotando uma política para resgatar os países endividados do sul da Europa às custas da Alemanha e dos demais países do norte da Europa, que não necessitam uma política monetária de custo zero. O ministro alemão do Comércio Externo, Anton Börner, declarou: “Para a população alemã é uma catástrofe. Sua poupança foi expropriada. Trata-se de uma expropriação gigantesca do norte para beneficiar o sul”. Maior país europeu só olha para seus interesses imediatos É verdade que os alemães são grandes poupadores. Em suas contas, há mais de 2 bilhões de euros (R$ 8,4 bilhões), um terço do total da zona do euro. Com juro zero, o Union Investment [braço de investimentos do DZ Bank AG] calculou que irá perder 224 bilhões [R$ 940 bilhões], numa comparação com o que iria ganhar se fosse mantida a média do juro histórico dos depósitos. O DZ Bank publicou um estudo segundo o qual o Tesouro italiano poupa 53 bilhões de euros [R$ 220 bilhões], em comparação com 9,5 bilhões [40 bilhões] da Alemanha. A Espanha também pouparia uma quantia semelhante: 42 bilhões de euros [R$ 175 bilhões]. O diretor do prestigioso Instituto de Pesquisa Econômica [Institut für Wirtschaftsforschung], de Munique, declarou: “Estamos diante de uma política de subsídios a bancos zumbis e aos Estado à beira da bancarrota.” Tudo isso é mais uma prova de como o sonho de um projeto europeu está desaparecendo. As queixas dos alemães são lógicas, mas unicamente a partir de um ponto de vista muito míope e egocêntrico. A Alemanha não pode ignorar que não é uma receita para o futuro: ela é uma ilha de prosperidade numa região que lhe proporciona um superávit constante na balança comercial e uma permanente fonte de receita de custo inferior ao de pedir dinheiro emprestado devido a seu saldo positivo em relação a outros países europeus. Se a zona do euro continuar com um índice de crescimento anêmico e uma taxa de inflação muito baixa, a estagnação se estabelecerá por muito tempo. É fácil receitar reformas econômicas, mas de acordo com a União Europeia, os Estados Unidos, a China, os Brics e todos os outros, a |Alemanha deveria utilizar

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Obama em Cuba: quando um “fake” se torna realidade

A frase premonitória que Fidel nunca disse sobre Obama, o Papa e CubaA frase, atribuída ao líder cubano em 1973, é boa, mas era só uma piada Com a visita de Barack Obama a Cuba, voltou a circular na Internet um comentário sarcástico supostamente feito por Fidel Castro em 1973 e que teria de transformado em uma assombrosa premonição involuntária: “Os Estados Unidos só irão dialogar conosco quando tiverem um presidente negro e houver no mundo um Papa latino-americano”. O problema é que Castro nunca disse isso. Este é um dos memes que estão sendo compartilhados no Twitter, em espanhol. Segundo o site Snopes, que se dedica a investigar e desmentir lendas urbanas, essa frase começou a ser espalhada como verídica por causa de um artigo do escritor argentino Pedro Jorge Solans publicado no jornal El Diario, também da Argentina, há pouco mais de um ano.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Nesse texto, Solans diz que a história lhe foi contada por Eduardo de la Torre, então estudante universitário e hoje taxista em Cuba. Fidel Castro teria dito a frase numa entrevista coletiva, em resposta a uma pergunta do jornalista britânico Bryan Davis. – Quando o senhor acha que poderão ser restabelecidas as relações entre Cuba e Estados Unidos, dois países tão distantes apesar da proximidade geográfica? Fidel Castro, segundo essa versão, o olhou fixamente e respondeu para todos os que estavam na sala: – Os Estados Unidos só irão dialogar conosco quando tiverem um presidente negro e houver no mundo um Papa latino-americano. Em meados de 2015, a frase foi publicada como verídica na imprensa da Espanha e América Latina, como recorda o site argentino Periodismo.com. O problema é que não há nenhuma outra fonte nem qualquer registro oficial da frase, segundo o Snopes. Tampouco se sabe qualquer coisa a respeito de Bryan Davis, o jornalista que teria feito a pergunta a Castro, segundo o site Skeptics. E tampouco há rastro dessa frase antes de dezembro de 2014, como recordam oThe Guardian e o Periodismo.com. Ou seja, ela surgiu na mesma época em que Estados Unidos e Cuba anunciaram o restabelecimento das suas relações diplomáticas. Na verdade, todas as referências anteriores ao artigo do El Diario apresentam a frase como uma piada que era contada naqueles dias na ilha, como no caso da coluna publicada em 22 de dezembro pelo jornalista Ortiz Tejeda, no jornal mexicano La Jornada. Nessa versão, Castro não responde a nenhum jornalista, e sim ao próprio Che Guevara, e a conversa ocorre em 1961: – Fidel, alguma vez voltaremos a ter relações diplomáticas com os ianques? Fidel responde: – Isso só será possível no dia em que o presidente dos Estados Unidos for negro e o Papa argentino, como você… O jornal Havana Times também menciona o ocorrido alguns dias mais tarde, em 27 de dezembro de 2014, afirmando se tratar de uma piada que aproveita a coincidência de três fatos que todos antes consideravam impensáveis. “Washington e Havana só retomarão as relações ‘no dia em que o presidente dos Estados Unidos for negro e o Papa argentino”, diz uma piada comum nos últimos dias na ilha, colocada na boca de um fictício Fidel Castro dos anos sessenta, e que resume muito bem as mudanças que ocorreram no mundo desde então e a imensa agitação política presenciada agora. El País/Jaime Hancock

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Eleições USA: O que Silvio Berlusconi ensina sobre Donald Trump

As semelhanças entre os dois magnatas falastrões que ascenderam na política são impressionantes. Os EUA estão aptos a eleger Trump, assim como a Itália estava pronta para abraçar Berlusconi em 1990 (Foto: Reprodução) Ninguém que acompanhou a trajetória do ex-premier italiano Silvio Berlusconi pode deixar de ficar impressionado com as semelhanças entre ele e o pré-candidato republicano à presidência Donald Trump. Não é apenas a trajetória profissional em comum — do mercado imobiliário à televisão –, nem a admiração que compartilham por Vladimir Putin. Também não se resume à fama de playboy ou de falastrão, ou à obsessão com a própria virilidade e o preconceito. Não é a fortuna, nem o conhecimento de mídia que lhes ensinaram que ninguém perde quando aposta na estupidez humana. Não é nada disso.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Os EUA estão “maduros” para Trump, assim como a Itália estava pronta para abraçar Berlusconi na década de 1990. Como o italiano, Trump representa uma reação ao velho sistema político em uma sociedade onde a frustração econômica com empregos exportados para a China é alta. Ele surge depois de duas guerras perdidas, e no momento em que o poder e a influência americana estão em declínio no mundo, enquanto outros governos assumem o palco global. Ele chega num cenário de paralisia política partidária, em um sistema corrompido pelo dinheiro. Ao contrário do estilo contido de Barack Obama, Trump propõe uma política de ressurreição dos EUA enquanto superpotência. Sua resposta à racionalidade é a raiva. Da mesma forma, Berlusconi emergiu quando a Itália deixava de ser um pivô da Guerra Fria, quando o alinhamento político democrata-cristão do pós-guerra implodia no país. Tudo estava em fluxo quando a investigação “Mãos Limpas” foi iniciada por procuradores de Milão, em 1992, e expôs o que todos já sabiam: que a corrupção era pedra angular da política italiana. Não importava que Berlusconi também foi alvo da investigação: ele era diferente, ele não media a fala, ele iria invocar algo novo! Tanto Trump como Berlusconi entraram para a política como autodenominados “antipolíticos”, empresários de sucesso que se opunham à apatia de políticos profissionais que nunca viram uma folha de pagamento. Mas, se Trump for eleito presidente, terá o dedo sobre o botão nuclear. Berlusconi não tinha. Trump será o líder do mundo livre. Berlusconi governou de uma cidade, Roma, cuja lição é que os dias de glória de uma superpotência não duram para sempre. O que Berlusconi ensina é que Trump pode chegar à Casa Branca em uma nação sedenta de uma nova política. Berlusconi acabou condenado por fraude fiscal e por fazer sexo com uma prostituta menor de idade — mas levou 17 anos de escândalos intermitentes e incompetência, de 1994 a 2011, para a Itália esfregar a poeira estelar de seus olhos e enxergar a verdade. Tome nota, EUA, antes que a sorte seja lançada. Fontes: Opinião&Notícia The New York Times – The Trump-Berlusconi Syndrome

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10 coisas que você precisa saber sobre as eleições nos EUA

Eleitores do Estado de Iowa derão na última segunda-feira o pontapé inicial no processo que definirá os candidatos à próxima eleição presidencial americana, em novembro. Prévia nos Estado de Iowa marca pontapé inicial da luta pela definição do candidato dos dois grandes partidos americanos. As prévias se encerram em junho, quando os políticos escolhidos para representar os partidos Democrata e Republicano passam a disputar entre si. A BBC Brasil elaborou uma lista com dez pontos para entender e acompanhar a escolha do sucessor do presidente Barack Obama.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] 1. Quem são os principais candidatos Republicanos Donald Trump: O megaempresário é hoje o candidato preferido de 41% dos Republicanos, segundo a última pesquisa da CNN. Entre suas principais propostas estão construir um muro na fronteira com o México, barrar temporariamente a entrada de muçulmanos e ampliar as taxas sobre produtos chineses. Leia também: Quais as chances de um azarão levar a Presidência dos EUA? Ted Cruz: Filho de um pastor evangélico cubano, o senador pelo Texas conta hoje com 19% das intenções de voto entre os Republicanos. Suas principais bandeiras incluem bombardear as áreas controladas pelo grupo Estado Islâmico, acabar com os subsídios federais a planos de saúde e reduzir o imposto de renda. Marco Rubio: Filho de cubanos, o senador pela Flórida tem hoje 8% dos votos entre os eleitores do partido. Ele diz que, se eleito, ampliará os gastos com defesa, reduzirá impostos e flexibilizará as leis trabalhistas. Muitos analistas o consideram o candidato Republicano mais competitivo. Democratas Ted Cruz, Marco Rubio e Donald Trump são os principais pré-candidatos do Partido Republicanos Hillary Clinton: A ex-secretária de Estado e ex-primeira dama tem hoje 52% das intenções de voto entre os eleitores Democratas. Hillary se apresenta como a sucessora natural de Obama, prometendo aumentar os salários da classe trabalhadora, investir em infraestrutura e combater as mortes por armas de fogo. Bernie Sanders: O senador por Vermont, que se define como socialista, conta hoje com 38% das preferências dos eleitores do partido. Sanders tem, entre suas principais bandeiras, ampliar o controle sobre os bancos, universalizar o sistema de saúde e reduzir a influência política de lobistas e grandes doadores. Leia também: Como o medo e a paranoia impulsionaram a candidatura de Trump para presidência 2. Primárias X ‘caucuses’ Estados adotam dois sistemas distintos para escolher seus candidatos nas prévias: as primárias e os “caucuses” (convenções partidárias). Nas primárias, adotadas por 40 dos 50 Estados, os partidos Democrata e Republicano realizam votações secretas para escolher os candidatos. Em alguns Estados, as primárias de cada partido se restringem a eleitores cadastrados nessas agremiações; em outros, são abertas a todos os eleitores. No “caucus”, eleitores se manifestam publicamente sobre suas preferências, levantando as mãos ou se dividindo em grupos. Em geral, só eleitores cadastrados nos partidos podem participar da escolha. 3. Alguns Estados recebem atenção desproporcional Primeiros Estados a realizar prévias, Iowa e New Hampshire somam apenas 1,6% da população americana, mas é lá que os pré-candidatos passam grande parte do início da corrida eleitoral. Os resultados nos dois Estados têm muito impacto no resto da campanha, já que podem enterrar candidaturas e dar grande impulso aos vencedores. Encerrada a fase das primárias, os candidatos vitoriosos passam a enfocar os chamados “Estados-pêndulos”, onde a disputa entre Republicanos e Democratas costuma ser mais equilibrada. Ao priorizar esses locais, eles tendem a deixar de lado Estados muito identificados com um dos dois partidos. Para um candidato Democrata, por exemplo, fazer campanha em Oklahoma pode não ser tão vantajoso, já que o Estado costuma dar largas vitórias ao partido rival. Alguns dos principais Estados-pêndulo são Flórida, Virgínia, Colorado e Pensilvânia. 4. A importância da ‘Superterça’ As prévias se encerram em junho, mas geralmente o momento mais importante do processo ocorre em fevereiro ou março, quando praticamente metade dos Estados realiza suas consultas num único dia, uma terça-feira. Ex-secretária de Estado Hillary Clinton e Bernie Sanders disputam preferência dos Democratas Neste ano, a “Superterça” ocorrerá em 1º de março. Além de ter grande impacto no resultado final das primárias, a maratona de votações é considerada o primeiro grande teste nacional enfrentado pelos pré-candidatos. 5. A eleição é indireta A eleição presidencial nos EUA é indireta, realizada por 538 delegados eleitorais, distribuídos pelos Estados conforme sua população. Em 48 dos 50 Estados americanos (as exceções são Maine e Nebraska), o candidato vitorioso recebe todos os votos dos delegados desses Estados. Ganha a votação o candidato que somar ao menos 270 delegados. 6. Nem sempre o vitorioso é o mais votado Segundo o site FactCheck.org, ao menos quatro vezes os EUA elegeram presidentes que não tiveram a maioria dos votos. Isso ocorre porque, mesmo ao derrotar o rival por uma margem mínima de votos num Estado, o candidato vitorioso fica com todos os seus delegados eleitorais. O último caso ocorreu em 2000, na releeição de George W. Bush, que assumiu o posto mesmo tendo recebido 540 mil votos a menos na contagem geral que seu concorrente Democrata, Al Gore. 7. Votar pode ser complexo O voto é facultativo nos EUA, e eleitores que queiram participar do pleito precisam se registrar (exceto na Dakota do Norte). Certos Estados permitem que o registro ocorra no dia da eleição, mas outros adotam regras que, segundo analistas, desencorajam a votação e discriminam minorias. Alguns Estados proíbem, por exemplo, que grupos (partidários ou não) promovam campanhas para registrar eleitores, prática especialmente comum em comunidades pobres. Placa de carro comemorativa celebra primária de Iowa neste 1º de fevereiro Image copyright ThinkStock Nos últimos anos, alguns Estados postergaram o início do horário da votação. Segundo ativistas, a decisão cria dificuldades para igrejas frequentadas por negros, que costumam organizar excursões para levar seus fiéis às urnas após o culto matinal. 8. Nem todos os americanos podem votar Embora sejam cidadãos americanos, os cerca de 4 milhões de habitantes dos territórios de Porto Rico, Guam, Ilhas Virgens Americanas, Ilhas Mariana e Samoa Americana não têm o direito de votar para presidente, já que esses territórios

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USA: O mundo em meio a uma corrida nuclear

O governo de Barack Obama tem um projeto de US$ 1 trilhão para modernizar o arsenal nuclear do país.  Planos de fabricar um novo míssil nuclear de longo alcance (LRSO) estão sendo criticados (Foto: Wikipedia) Há 25 anos, telespectadores do mundo inteiro assistiram à exibição da tecnologia de mísseis de cruzeiro dos Estados Unidos. Enquanto os jornalistas escreviam suas reportagens no teto do hotel Al Rashid em Bagdá, os mísseis Tomahawk surgiram na tela percorrendo as ruas da cidade em seu caminho para atingir alvos com uma precisão fantástica.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Fabricado no auge da Guerra Fria como um míssil nuclear, que podia carregar uma ogiva nuclear ou uma carga explosiva comum, o míssil Tomahawk tem estado na vanguarda da maioria dos ataques aéreos dos EUA desde a primeira Guerra do Golfo. No entanto, os planos de fabricar um novo míssil nuclear de longo alcance (LRSO), antes que os antigos sejam retirados de circulação em 2030, como parte do projeto do governo Obama de renovar o complexo nuclear obsoleto do país e expandir a produção de armas nucleares nos próximos 30 anos com um custo de $1 trilhão, estão sendo criticados. William Perry, secretário de Defesa de 1994 a 1997, encarregado do projeto do míssil de cruzeiro no Pentágono no final da década de 1970, e Andrew Weber, secretário-adjunto de Defesa responsável pelos programas de defesa nuclear, química e biológica de 2009 a 2014, causaram surpresa em outubro ao defender o cancelamento dos planos de fabricar mil mísseis nucleares. Esse cancelamento representaria uma economia de US$25 bilhões ao país. Segundo Perry e Weber, os mísseis nucleares de cruzeiro são “armas desestabilizadoras”, porque os inimigos em potencial não conseguem distinguir se estão sendo atacados com uma carga explosiva convencional ou com uma ogiva nuclear. O fato de não produzirmos o LRSO, disseram, “não diminuirá o enorme poder de dissuasão nuclear dos EUA”. Especialistas em controles de armas receiam que as justificativas do Pentágono para a fabricação de novos mísseis e da nova bomba atômica extremamente precisa, sugerem que as doutrinas da Guerra Fria, controversas na época, como o aumento do controle e do limite das guerras nucleares, estão sendo retomadas. Hillary Clinton, que em geral tem uma postura mais incisiva e enérgica do que Barack Obama, ao lhe perguntarem em Iowa qual era sua opinião sobre o projeto de US$1 trilhão para modernizar o arsenal nuclear americano respondeu, “Bem, ouvi comentários. Vou procurar me informar com mais detalhes. Mas para mim não faz sentido”. A observação da Sra. Clinton traiu a pressão que tem sofrido por parte do candidato democrata de esquerda e seu rival nas pesquisas de intenções de votos, Bernie Sanders. Mas muitos democratas decepcionaram-se por Obama não ter se mantido fiel ao projeto de um mundo sem armas nucleares, como descreveu no discurso em Praga no ano de 2009, que lhe ajudou a ganhar o prêmio Nobel da Paz, talvez uma escolha um pouco prematura. Fonte: Opinião&Notícia

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O prisioneiro que se nega a abandonar Guantánamo apesar de estar livre para sair

Muhammad Bawazir passou os últimos 14 anos de sua vida recluso na prisão norte-americana de Guantánamo, em Cuba. O número de detentos na prisão de Guantánamo caiu de 242 para 91 nos últimos sete anos, mas o centro continua em funcionamento Nesta semana, ele teve a chance de pegar um avião e abandonar o centro de detenção para sempre – como fizeram outros dois detentos – mas decidiu ficar. Esse iemenita de 35 anos recusou a oferta de recomeçar a vida em um país que havia aceitado acolhê-lo, pois não tinha parentes por lá. A decisão surpreendeu o advogado de Bawazir, John Chandler, que disse ter passado meses tentando convencê-lo a deixar o centro de detenção.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O caso vem a público sete anos após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter assinado uma ordem para fechar a prisão de Guantánamo. Muhammad Bawazir em foto do Departamento de Estado dos EUA divulgada pelo jornal New York Times e pela organização WikiLeaks A base é usada por autoridades americanas desde 2002 para conter suspeitos de terrorismo, e é alvo de campanhas de entidades de defesa de direitos humanos, por indícios de tortura e maus-tratos contra os presos. A ordem de Obama é de 22 de janeiro de 2009, mas a cadeia continua em funcionamento. “É cara, desnecessária e serve apenas como propaganda de recrutamento para nossos inimigos”, disse Obama no último dia 12, em seu discurso anual sobre o Estado da União. Problemas legais, oposição no Congresso e dificuldade em conseguir países para acolher os presos são fatores que impediram Obama de cumprir sua promessa. Apesar disso, o número de presos na base caiu nos últimos anos de 242 para 91 – número que hoje seria 90 se Bawazir não tivesse se recusado a subir no avião no último momento. Um preso teimoso Bawazir chegou a Guantánamo aos 21 anos, após ser preso no Afeganistão. Em 2008, ainda no governo George W. Bush (2001-2008), sua liberação foi aprovada, mas não pôde ser colocada em prática porque Washington se recusava a enviar prisioneiros ao Iêmen, temendo que alguns deles voltassem a representar ameaça aos EUA. Hoje, não é possível enviar detentos para lá porque o Iêmen está em meio a uma guerra civil. Nos 14 anos em Guantánamo, Bawazir protagonizou diversas greves de fome. Em uma delas, chegou a pesar 41 quilos, o que levou autoridades a alimentá-lo à força para evitar sua morte. “Ele está apavorado por ter que ir a um país onde não tem apoio garantido”, disse o advogado John Chandler ao explicar a decisão de seu cliente. Ele disse ter tentado por meses convencer Bawazir a aceitar a oferta, e que ele tinha concordado na noite de terça-feira – mas voltou atrás no dia seguinte. “Não sei explicar a lógica da posição dele. É simplesmente uma reação muito emocional de um homem que está preso há 14 anos.” Depressão O advogado afirmou que Bawazir estava deprimido e o comparou ao personagem do filme Um Sonho de Liberdade (1994) que não consegue acertar sua vida após passar muitos anos preso. Problemas legais, oposição no Congresso e dificuldade em fechar acordos diplomáticos impediram o fechamento da prisão. Image copyright Getty “Ele sempre foi muito sensível. Quando estava em greve de fome me disse: ‘Tudo que quero é morrer’. Ele não aguentava o lugar”, disse Chandler. As autoridades americanas não informaram o nome do país que aceitou acolher o prisioneiro, mas o advogado disse ser “um país que eu iria sem pensar duas vezes”. O desejo de Bawazir era viver em um local onde possui parentes, como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita ou Indonésia, mas aparentemente o governo dos EUA não conseguiu fechar acordo com esses países para que recebessem detentos de Guantánamo. Agora, diante da decisão, há dúvidas sobre o destino do prisioneiro. O advogado disse estar preocupado com a situação, sobretudo depois que Obama deixar a Casa Branca, no começo de 2017.

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Lobby das armas dos EUA se nega a debater com Obama

O poderoso grupo de pressão americano das armas, o National Rifle Association (NRA), negou-se a participar junto com o presidente Barack Obama em um programa organizado pela rede CNN e que será transmitido na noite desta quinta-feira. Obama: “A NRA não vê qualquer razão para participar em uma operação de relações públicas orquestada pela Casa Branca” Obama apresentou na terça-feira, em um emocionado discurso, uma série de medidas que visam a superar as falhas do sistema em vigor para o controle de antecedentes judiciais e psicológicos dos compradores de armas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] No debate que será transmitido ao vivo da Universidade George Mason, em Fairfax (Virginia), espera-se que o presidente defenda sua iniciativa e critique novamente a inação de seus adversários republicanos, majoritários no Congresso e que se negam a lesgislar sobre o tema. “A NRA não vê qualquer razão para participar em uma operação de relações públicas orquestada pela Casa Branca”, declarou Andrew Arulanandam, porta-voz da organização, que reivindica cinco milhões de membros em um país de 322 milhões de habitantes. AFP

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Cinco perguntas sobre as restrições às armas anunciadas por Obama

Emocionado, o presidente americano Barack Obama anunciou nesta terça-feira novas restrições para a venda de armas, dizendo que era preciso colocar um fim “às constantes desculpas para a falta de ação”. Presidente Barack Obama se emocionou ao lembrar das vítimas de violência por armas – Image copyrightReuters Obama disse que as ações incluem medidas que ampliam o foco na checagem do histórico de potenciais compradores de armas. A maioria dos decretos não demanda aprovação do Congresso. Obama chegou a chorar quando falou das vítimas de armas no país – e disse que suas ações vão salvar vidas.   “Isso não vai resolver todos os crimes violentos do país”, disse Obama. “Não vai prevenir todos massacres feitos por atiradores, não vai retirar todas as armas das mãos de criminosos. Mas potencialmente vai salvar vidas e evitar que famílias sofram com essas perdas irreparáveis.” Entenda os principais pontos das novas restrições: O que está incluído nos decretos? Todos os vendedores de armas devem ter licenças e conduzir checagem do histórico do comprador, o que substitui as regras atuais que isentam alguns tipos de vendas online e em feiras de armas. Os Estados serão obrigados a fornecer informações sobre pessoas que não se qualificam para portar armas por conta de doenças mentais ou histórico de violência doméstica. O FBI vai ampliar suas ações para checar o histórico de compradores, contratando mais 230 novos funcionários a se dedicarem a isso. O Congresso vai analisar um investimento de US$ 500 milhões para melhorar o acesso da população ao tratamento para doenças mentais. Leia também: Por que milicianos brancos armados tomaram reserva ambiental nos EUA Quem será afetado? Com os decretos, mais lojas terão de se registrar em instâncias federais para terem autorização para vender armas, eliminando brechas na lei. Os vendedores de armas se dividem em duas categorias: licenciados federais e privados. Os primeiros são regulamentados pela Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF, na sigla em inglês), que conduz as checagens de históricos. Já os vendedores privados, de uma maneira geral, trabalham sem supervisão do governo. Muitos deles também se esquivam da regulamentação atual vendendo armas online. Outra maneira usada para driblar as leis atuais é vender armas de uso pessoal, já que nesse caso não é necessário checar o histórico do comprador. Mas o que exatamente é uma checagem do histórico do comprador? São checados dados ligados ao histórico criminal, como se a pessoa já foi presa, cometeu ofensas sexuais, contravenções ou foi alvo mandados de prisão. Se for necessário que o FBI faça essa checagem, atualmente eles têm três dias para isso. Se não o fizer, a pessoa pode comprar a arma. Image copyrightAFP Foi assim que Dylann Roof, acusado de matar nove pessoas em Charleston (Carolina do Sul), em junho, comprou uma arma, mesmo tendo uma acusação ligada a drogas. Com as novas medidas, será possível fazer as checagens 24 horas, sete dias por semana, eliminando a brecha, como ocorrida no caso de Roof. Essas ações vão surtir resultado? “Vai fazer a diferença de uma maneira brutal”, afirma Ted Alcorn, pesquisador do grupo Everytown for Gun Safety, que luta contra a violência causada por armas. Segundo ele, vendedores ilegais podem colocar no mercado negro armas de fogo em cidades como Chicago e Nova York com “consequências devastadoras”. Image copyrightAP As medidas não vão limitar a capacidade no pente de munição, algo que os grupos pró controle de armas vinham defendendo. Mesmo assim, essas organizações estão comemorando. Obama “atendeu aos pedidos de mães, sobreviventes de violência por armas, líderes comunitários e ativistas do dia a dia em todos o país, que trabalharam incessantemente para apoiar o presidente em suas medidas para coibir esse tipo de ataque”, afirmou Shannon Watts, fundadora do grupo Moms Demand Action for Gun Sense in America. Quais são as limitações? Esses são decretos executivos, não ordens, o que significa que não são legalmente vinculantes. “Representam diretrizes menos formais, que a ATF irá implementar para a venda de armas”, explicou o site de notícias do tema, Trace. “E isso significa que Obama pode ser enfraquecido com críticas não apenas daqueles que acham que ele foi longe demais, mas também dos que acreditam que ele não foi longe o suficiente.” Outro ponto é o fato de as verbas para os serviços de saúde mental vão exigir aprovação do Congresso, assim como para a contratação de mais funcionários nessa área. Alguns dos decretos também podem ser questionados na Justiça. BBC

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O que mudou desde o escândalo de megaespionagem da nsa?

Nem os filósofos, nem os sociólogos, nem o mais progressista dos analistas ou pensadores tidos como de esquerda ou de direita haviam visto o admitido o abissal buraco que estava tragando a nossa intimidade e os nossos direitos. Quando alguém ousava advertir que o inimigo dormia em casa, que a Internet havia se tornado um terreno planetário de espoliação de dados, o que recebia como resposta eram qualificativos pouco amáveis ou desqualificações semelhantes a “você não entende a época”. Inclusive, havia entre os mais incendiários antagonistas dos impérios do Ocidente, uma espécie de pacto silencioso: o brinquedo de rede valia a liberdade, os segredos e os dados que lhe entregávamos. Julian Assange soube entrar com suma coragem no quadrilátero da denúncia sobre a obscena cruzada contra nossas vidas que certos Estados e os operadores de Internet vinham realizando, mas ninguém o escutou. A propaganda se pôs em marcha e o fundador do Wikileaks passou a ser um errante que perdia sua legitimidade. Até o dia milagroso, de inícios de junho de 2013, quando, através do jornalista norte-americano Glenn Greenwald e do jornal britânico The Guardian, a voz do ex-analista da CIA e da NSA, Edward Snowden, desfez a surdez globalizada e deixou nua a mais gigantesca vigilância mundial da história da humanidade. Por meio do programa Prism, a NSA norte-americana e seus aliados agrupados no grupo Five Eyes (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia) mantinham as sociedades humanas sob um massivo e exaustivo controle.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] E não estavam sós. Google, Apple, Yahoo, Facebook, os operadores de telefonia móvel, as multinacionais especializadas em cabos submarinos também contribuíam com o fornecimento de informação. As empresas privadas, em quem depositamos nossa confiança, estavam cobrando de todos nós uma fatura secreta pelas costas. Decorreram exatamente dois anos e muitas coisas mudaram, ainda que timidamente. Em um texto publicado no dia 6 de junho por vários jornais do Ocidente (Libéracion, The New York Times, Der Spiegel e El País), Edward Snowden recordou o que sentiu quando suas revelações foram colocadas em marcha: “Em especial, houve momentos em que temi que tivéssemos colocado nossas confortáveis existências em perigo por nada, temi que a opinião pública reagisse com indiferença e se mostrasse cínica diante das revelações. Nunca fui tão feliz por ter me equivocado”. Como se pode saborear, Snowden, a quem os Estados Unidos retrataram como um “traidor” e as esquerdas mundiais quase como uma escória, porque era norte-americano e ex-membro de uma agência de Inteligência, conserva um sadio otimismo. Desde o seu exílio na Rússia, Snowden pensa que as coisas realmente mudaram. Em sua enumeração positiva, este ilustre exilado moderno destaca o fato do programa da Agência de Segurança Norte-Americana (NSA) para rastrear as chamadas telefônicas ter sido declarado “intrusivo” pelos tribunais e refutado pelo Congresso. Para Snowden, “o fim da vigilância de massa das chamadas telefônicas, em virtude do USA Patriot Act (legislação fortemente permissiva adotada nos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001), é uma vitória histórica para os direitos de cada cidadão e a última consequência de uma tomada de consciência mundial”. Outros passos a mais podem ser acrescentados: a ONU declarou que a vigilância massiva constitui uma violação aos direitos humanos; o Brasil irrompeu no cenário organizando uma cúpula sobre a governabilidade digital, ao final da qual adotou a primeira declaração sobre os direitos de Internet (Marco Civil); as companhias como Google, Facebook e Yahoo introduziram dispositivos de segurança em seus sistemas para proteger melhor seus clientes e, um pouco em todas as partes do mundo, foram criados grupos de ação e de reflexão. Edward Snowden nos forçou a ver o que recusávamos olhar de frente. Apesar do afã de Snowden, avançou-se pouco. As opiniões públicas parecem não ter integrado a profundidade do mal e os autoproclamados avançados do mundo continuaram navegando com o Google como se nada tivesse acontecido, trocando fotos e segredos pelo Facebook, em suma, presenteando as empresas do império que manobram como ninguém as tecnologias da informação, o mapa completo de suas vidas, a complexa trama de seus amores e relações. Tudo grátis. É preciso mais ação, mais barulho, mais consciência e participação. Esses eternos privilegiados, que são os intelectuais, precisam mover seus neurônios morais e ampliar as bases de seus princípios para incluir a Internet em suas reflexões e suas lutas. É preciso que destravem os inamovíveis e admitam que a era digital e a relação assídua que mantemos com ela criaram uma espécie de democracia digital que também é preciso defender, assim o como o direito à expressão, o sindicalismo, a liberdade, a justiça, o matrimônio igualitário e a militância contra a miséria, a violência e a exploração. Porque nessa democracia digital esses princípios são violados a cada momento. Hoje, a prerrogativa de entender o que está ocorrendo realmente no coração da rede está nas mãos de muito poucos. Seis ou sete autores – todos jovens – no mundo detêm a capacidade de pensar esse mundo virtual e as inumeráveis formas como, desde a capitalização de nossos inumeráveis clicks até o uso de algoritmos para controlar nossas vidas, um volume consequente dos direitos adquiridos no mundo real desaparece no virtual. O Muro de Berlim veio abaixo há um quarto de século; Marx é indispensável, mas não existia Internet em sua época. É preciso repensar tudo porque, para começar, as empresas que nos oferecem laços sociais possuem um contato exclusivo com os serviços secretos. O terrorismo de corte islamista deu às agências de segurança um cheque em branco. Em seu nome, continuam nos espiando vergonhosamente. A França, por exemplo, acaba de votar uma das leis mais intrusivas e violadoras da história moderna. Nunca como agora os Estados haviam se inserido com tantos meios entre nós e o mundo. É pura e moralmente desastroso, um ato de barbárie contra as liberdades e a intimidade humana. A Internet é uma criação fabulosa, uma chave genial para explorar os labirintos da vida, do conhecimento, dos outros. Porém, eles a estão

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El País comenta a visita de Dilma aos EUA

No próximo dia 30 de junho, a presidenta Dilma estará em Washington, em visita oficial a Barack Obama.O colunista do El País, Juan de Onis, fez algumas observaçõespertinentes a este encontro. Como Onis não é diretamente ligado às nossas futricas domésticas, achei interessante recortar e reproduzir aqui trechos de seu texto. Chaves para a histórica visita de Dilma aos EUA A viagem da presidenta a Washington pode ser boa não só para o Brasil, mas para toda a América Latina, incluindo Cuba (…) O mundo financeiro norte-americano, que tem investimentos no valor de 60 bilhões de dólares no Brasil (cerca de 190 bilhões de reais), não quer nem ouvir falar de impeachment. O que deseja é uma recuperação econômica rápida. Obama, certamente, oferecerá seu apoio às medidas de ajuste fiscal das deterioradas finanças brasileiras, que Dilma está conduzindo com uma nova equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. (…) Há consenso em Washington que o programa de ajuste fiscal depende da recuperação da confiança na economia brasileira. Isso ficou claro durante a visita ao Brasil em maio de Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Depois de elogiar a redução da pobreza e da desigualdade graças aos programas sociais do Brasil, Lagarde apoiou incondicionalmente o programa econômico de Dilma: “Avaliei com satisfação o ambicioso plano de ajuste fiscal do Governo. Este irá ajudar a estabilizar a dívida pública e, posteriormente, reduzi-la. Isso é acompanhado de uma política monetária disciplinada, destinada a impedir o aumento da inflação”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] (…) O Brasil continua sendo um mercado importante para os bens e serviços tecnológicos importados dos EUA, embora pudesse substituir muitas dessas importações com produção doméstica nacional se melhorasse sua eficiência e competitividade. O aumento das exportações brasileiras também depende dessas reformas internas. (…) E a China escolheu o Brasil como seu parceiro estratégico na América Latina, com um plano de investimentos de mais de 50 bilhões de dólares em infraestrutura e tecnologia. Durante sua viagem em maio ao Brasil, Colômbia, Peru e Chile, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, deixou claro que o grande projeto de Pequim é aumentar a influência chinesa na região, através da construção de ferrovias, portos e infraestrutura de telecomunicações que integrem a logística continental, um antigo desejo sul-americano que nunca se concretizou. Esse movimento da China no xadrez geopolítico global não é visto com indiferença pelos Estados Unidos e abre novos horizontes econômicos em uma região tradicionalmente mais próxima dos investimentos norte-americanos. A China não vai jogar os EUA para escanteio na região, mas será um novo ator com grande peso financeiro. Haverá colaboração suficiente entre os dois para promover o desenvolvimento latino-americano? É sobre isso — e especificamente sobre o Brasil — que Dilma e Obama vão discutir em 30 de junho. (…) Ao eliminar Cuba de sua lista de países que praticam o terrorismo, os EUA estão preparando o terreno para novos investimentos privados na ilha. Outros países, como Espanha e Canadá, já estão aproveitando as oportunidades de turismo e comércio com Cuba. Mas o Brasil ultrapassou os EUA com um financiamento de 400 milhões de dólares para a construção de um grande porto no Mariel, na costa norte de Cuba. (…) Além da grande indústria agrícola, o Brasil conduziu uma política bem desenvolvida de apoio à agricultura familiar, com mais de três milhões de pequenos proprietários rurais que recebem empréstimos subsidiados e assistência técnica para produzir alimentos. (…) Esta é uma grande oportunidade para que Brasil e Estados Unidos colaborem para impulsionar a economia cubana, oferecendo financiamento e tecnologias que Cuba necessita. Seria um exemplo de que a aproximação vai além de apertos de mão e fotos sorridentes de Obama com Raúl Castro. Cuba precisa de acesso ao mercado vizinho dos EUA para sair do fundo do poço, mas para isso também necessita produzir mais e exportar mais de forma competitiva. É outra questão que Dilma poderia discutir com Obama, se houver uma vontade real de cooperar. *** Por Miguel do Rosário/Tijolaço Eu destaquei em itálico um trecho em que o colunista, sem querer, fez um alerta: há, obviamente, conflitos de interesses entre Brasil e EUA, ou mesmo entre Brasil e China. Interessa a esses gigantes que nós continuemos importando produtos tecnológicos, então esse é um cuidado que devemos ter: precisamos jogar o jogo da geopolítica sem comprometer o investimento interno em novas tecnologias, para não ficarmos para trás. Por outro lado, a visita de Dilma à Obama pode representar um importante trunfo político do governo. Novos acordos comerciais e políticos com a maior potência mundial corresponderiam ao fim de alguns barulhos golpistas aqui dentro, porque o grande capital exigiria um mínimo de estabilidade para obter retorno de seus investimentos. O colunista enfatiza que os investidores americanos “não querem nem ouvir falar de impeachment no Brasil”, porque entendem (pelo jeito, mais do que a nossa mídia irresponsável) que isso corresponderia a um longo período de instabilidades e caos, gerando prejuízos incalculáveis para todos que têm dinheiro investido em negócios aqui, e os americanos têm, segundo o colunista, quase R$ 200 bilhões investidos aqui dentro. Essa informação nos ajuda a entender o recuo do PSDB. O Tio Sam deve ter puxado a orelha de alguns tucanos, alertando que impeachment é coisa de república de banana. Diante da magnitude dos investimentos feitos por empresas norte-americanas no Brasil nos últimos anos, uma aventura irresponsável desse porte não encontraria suporte político nem da comunidade de investidores, nem do governo dos Estados Unidos. A teoria confirma o que eu vinha observando desde que o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, fez elogios ao governo Dilma. O mundo encheu o saco do pessimismo golpista da nossa mídia. O Brasil tem uma grande economia, repleta de anticorpos para todo o tipo de dificuldade, e o país voltará a crescer em breve. Não interessa a ninguém, nem aos EUA, nem à China, nem sobretudo aos brasileiros, essas campanhas golpistas de desestabilização.

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