As semelhanças entre os dois magnatas falastrões que ascenderam na política são impressionantes.
Os EUA estão “maduros” para Trump, assim como a Itália estava pronta para abraçar Berlusconi na década de 1990. Como o italiano, Trump representa uma reação ao velho sistema político em uma sociedade onde a frustração econômica com empregos exportados para a China é alta.
Ele surge depois de duas guerras perdidas, e no momento em que o poder e a influência americana estão em declínio no mundo, enquanto outros governos assumem o palco global.
Ele chega num cenário de paralisia política partidária, em um sistema corrompido pelo dinheiro. Ao contrário do estilo contido de Barack Obama, Trump propõe uma política de ressurreição dos EUA enquanto superpotência. Sua resposta à racionalidade é a raiva.
Da mesma forma, Berlusconi emergiu quando a Itália deixava de ser um pivô da Guerra Fria, quando o alinhamento político democrata-cristão do pós-guerra implodia no país.
Tudo estava em fluxo quando a investigação “Mãos Limpas” foi iniciada por procuradores de Milão, em 1992, e expôs o que todos já sabiam: que a corrupção era pedra angular da política italiana.
Não importava que Berlusconi também foi alvo da investigação: ele era diferente, ele não media a fala, ele iria invocar algo novo!
Tanto Trump como Berlusconi entraram para a política como autodenominados “antipolíticos”, empresários de sucesso que se opunham à apatia de políticos profissionais que nunca viram uma folha de pagamento.
Mas, se Trump for eleito presidente, terá o dedo sobre o botão nuclear. Berlusconi não tinha. Trump será o líder do mundo livre.
Berlusconi governou de uma cidade, Roma, cuja lição é que os dias de glória de uma superpotência não duram para sempre.
O que Berlusconi ensina é que Trump pode chegar à Casa Branca em uma nação sedenta de uma nova política.
Berlusconi acabou condenado por fraude fiscal e por fazer sexo com uma prostituta menor de idade — mas levou 17 anos de escândalos intermitentes e incompetência, de 1994 a 2011, para a Itália esfregar a poeira estelar de seus olhos e enxergar a verdade.
Tome nota, EUA, antes que a sorte seja lançada.
Fontes:
Opinião&Notícia
The New York Times – The Trump-Berlusconi Syndrome