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Anna Akhmatova – Poesia – 23/11/23

Boa noite Os mistérios do ofício Anna Akhmatova ¹ Não me interessam as hostes das odes Nem o encanto das fantasias elegíacas. Quanto a mim, nos versos tudo deve ser a despropósito, Não ao modo das outras pessoas. Se soubésseis de que porcarias Crescem os versos sem terem vergonha, Qual pampilho amarelo nas cercas, Qual a bardana ou celga-brava. Grito irritado, cheiro de pez fresco, Misterioso bolor na parede… E já soa o verso, fogoso, terno, Para vossa alegria e minha. ¹ Anna Akhmatova * Leningrado, Rússia – 23 de Junho de 1889 d.C + Leningrado, Rússia – 1966 d.C

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Anna Akhmátova – Poesia – 10/09/23

Boa noite Do ciclo os mistérios do ofício Anna Akhmátova Não me importa o exército das odes, Nem o jogo torneado da elegia. Nos versos, tudo é fora de propósito. Não como entre as pessoas, – me dizia. Saibam vocês, o verso, é do monturo Que eles se alenta, sem vexame disso, Como um dente-de-leão pegado ao muro, Anserina, bardana, erva-de-lixo. Grito de zanga, um travo de alcatrão, Um bolor misterioso que esverdinha… E eis o verso, furor e mansidão, Para alegria de vocês e minha.

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