Boa noite
Os mistérios do ofício
Anna Akhmatova ¹
Não me interessam as hostes das odes
Nem o encanto das fantasias elegíacas.
Quanto a mim, nos versos tudo deve ser a despropósito,
Não ao modo das outras pessoas.
Se soubésseis de que porcarias
Crescem os versos sem terem vergonha,
Qual pampilho amarelo nas cercas,
Qual a bardana ou celga-brava.
Grito irritado, cheiro de pez fresco,
Misterioso bolor na parede…
E já soa o verso, fogoso, terno,
Para vossa alegria e minha.
¹ Anna Akhmatova
* Leningrado, Rússia – 23 de Junho de 1889 d.C
+ Leningrado, Rússia – 1966 d.C