Impeachment: o jogo é deixar Dilma “sangrar”

Elite esquece impeachment de Dilma, vão deixá-la sangrando até o fim.

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E de repente, não mais que de repente, Globo, Bradesco, Firjan, Fiesp, Alckmins, Boechats e tutti quanti emitem sinais de que ou não embarcaram ou desembarcaram da aventura do impeachment. Na versão cada dia mais surrealista dos governistas, essas forças agora vão neutralizar o golpe da “direita”.

Não vai haver golpe porque o golpe já houve com o estelionato eleitoral, quando Dilma ganhou e Levy levou. E continua havendo, a conta-gotas, como demonstra a agenda de arrocho e repressão que o Congresso examina e a própria presidenta não se nos poupa de impulsionar, agora com o PL 2.016.

Ao que tudo indica, os setores do grande capital hoje dedicados ao “deixa disso” não querem marola porque já conseguiram o que queriam antes mesmo da posse: a escolha de um Levy qualquer para gerir a economia à moda dos derrotados, ficando o ônus da impopularidade das medidas para Dilma e “seu” partido.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]

Podem se dar ao luxo de tolerar Dilma desde que ela mantenha a política econômica conservadora, os subsídios “estratégicos” e os juros altos. Não serão os “movimentos sociais”, que seu projeto ameaça criminalizar, que garantirão o cumprimento do mandato de Dilma, nem o “seu” partido em frangalhos, mas o próprio Capital. Que, como de hábito, saberá exigir exclusividade nos bônus.

No andar de cima, a disposição de desestabilizar parece estar agora restrita a Cunha e sua tropa, de um lado, e aos desvarios de Aécio e sua banda de música parlamentar, de outro. Mas não se sabe o que o futuro imediato lhes reserva.

Com a recondução de Janot, as denúncias decorrentes da Lava Jato chegarão aos membros do Congresso, e aí muitas surpresas podem acontecer. Na remota hipótese de Dilma ser atingida pelas investigações, Temer continuará sendo o “plano B” de muitas forças, coisa que sempre pode credenciar alguém a se tornar o “plano A”.

Aconteça o que acontecer com a luta pelo poder, hoje no nível de um “Cães de Aluguel” encenado num “Tomara que Caia” feito só por canastrões, podemos ter algumas certezas: os trabalhadores, materiais e imateriais, pagarão sozinhos a conta do “ajuste”; a matança de pobres pelo Estado prosseguirá; as remoções de famílias pobres continuarão em todo lugar; os indígenas continuarão perdendo suas terras; os movimentos de contestação continuarão sendo tratados como inimigos do Estado.

As surpresas tendem a ficar reservadas ao que a Operação Lava Jato ainda pode produzir. Sobre isso, há um ponto que, talvez intencionalmente, vem sendo silenciado por “vermelhos” e “azuis”: em reiteradas manifestações processuais, o juiz Moro sempre repele a versão de que teria havido extorsão contra as mega-empreiteiras cujos altos dirigentes vem prendendo e condenando.

Rejeita a versão imoral de que as empreiteiras foram “vítimas” dos partidos. Sempre reitera que elas entraram em conluio, formaram um cartel, uma associação para delinquir – o que chegou a provocar críticas apopléticas por parte de notórios escribas do Capital.

Diante disso, duas perguntas ficam por responder.

A primeira é: dado que as empresas envolvidas também compartilham outras grandes obras públicas, estaduais e municipais, especialmente no Rio dos mega-eventos, é crível que tal associação criminosa entre elas se restringisse ao plano federal? Aqui no Rio era tudo certinho? Em São Paulo também? E em Minas, etc? Com as mesmíssimas empresas?

A segunda pergunta é: chegarão as investigações até aí? As atuais ou as que resultarem delas?

Jânio de Freitas noticiou ontem na Folha que o tal Fernando Baiano, “operador” do PMDB, teria mandado a família para o exterior, sinal de que estaria mesmo disposto a colaborar. Nessa hipótese, abre-se uma avenida para averiguar a reprodução do esquema dos gangsters no Rio.

E muitas verdades enunciadas nas ruas em 2013 serão comprovadas judicialmente. Sem mandato, o ex-governador fluminense, por exemplo, estaria na jurisdição de Moro nos casos em pauta… Ainda tem muita água pra rolar, mas cresce entre “vermelhos”, “azuis” e “furta-cores” o desejo de deter o tsunami curitibano. Conseguirão?
Por Adriano Pilatti/Tribuna da Imprensa

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