Ciro não sabe nem o preço do Metrô em SP, mas tem “visão estratégica”
Em seu primeiro evento em São Paulo desde que seu nome surgiu como possibilidade para o governo do Estado, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) ironizou ontem a resistência de parte do PT à sua eventual candidatura e utilizou suas raízes nordestinas para se conectar com a plateia.
Quando a reação negativa de uma ala de petistas entrou na conversa, Ciro disse que “faz muito bem, faz muito bem”. Por quê? “Porque senão não seria o PT”, afirmou, sorrindo.
Em uma hora, Ciro falou para quatro plateias diferentes de sindicalistas, em visita ontem de manhã ao 11º Congresso dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, ao lado dos deputados Márcio França, presidente do PSB de São Paulo, e Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.
Mais tarde, chegou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que defendeu candidatura única em São Paulo da base de apoio ao presidente Lula, mas evitou declarar apoio a Ciro.
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Nem só de referências nordestinas foi articulado o discurso de Ciro. Ao responder sobre a política de alianças em Brasília, citou o intelectual comunista italiano Antonio Gramsci (1891-1937):
“Numa luta, toda aliança é normal, porém, é preciso explicar qual a hegemonia moral e intelectual da aliança. O que o Gramsci está querendo dizer é: você pode se juntar até com satanás para fazer a obra de Deus. Porém, se você está se juntando com o demônio para fazer a obra do demônio, não venha dizer que é anjo”, disse.
Na chegada, Ciro caiu em uma pegadinha do “CQC”. Não soube dizer quantos são os usuários do metrô tampouco qual o preço da passagem. Depois, disse que não parou para estudar isso e que sua melhor atribuição é “visão estratégica”.
Folha de São Paulo – Por Pedro Dias Leite