O consultor Julio Camargo, que prestava serviços às empresas Toyo Setal e Camargo Corrêa e que foi preso na Operação Lava Jato, disse em novo depoimento à Justiça Federal que foi pressionado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pagar US$ 10 milhões em propinas para viabilizar um contrato para a construção de navios-sonda junto a Petrobras.
Julio Camargo afirmou ter sido pressionado pessoalmente por Cunha para desembolsar US$ 5 milhões. O peemedebista negou as acusações e chamou o delator de “mentiroso”.
“Ele (Júlio Camargo) é mentiroso. Um número enorme de vezes dele negando qualquer relação comigo e agora (ele) passa a dizer isso.
Obviamente, ele foi pressionado a esse tipo de depoimento. É ele que tem que provar. A mim, eu nunca tive conversa dessa natureza, não tenho conhecimento disso. É mentira”, afirmou Eduardo Cunha ao jornal O Globo.
Segundo O Globo, no depoimento prestado nesta quinta-feira (17), Cunha teria dito que estava “no comando de 260 deputados”, além de ter mostrado certa “agressividade” durante o encontro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
Camargo disse que não havia revelado o fato anteriormente por temer represálias às empresas que representava ou mesmo em relação a si próprio.
Um advogado que teria presenciado o depoimento afirmou que “Cunha é o beneficiário final. Júlio Camargo imputou ao Eduardo Cunha divisão da eventual propina ou do valor que o Fernando Baiano ganhou, metade para cada um”.
Dos US$ 5 milhões entregues a Cunha, metade teria sido obtido junto ao doleiro Alberto Youssef. O restante teria sido obtido junto a Fernando Baiano, apontado como um dos operadores do esquema.
Segundo Julio Camargo, Fernando Baiano seria o “sócio oculto de Eduardo Cunha”.