O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta terça-feira, após reunião com a presidente Dilma Rousseff, que está disposto a ajudar no impasse sobre a peça Orçamentária enviada pelo Executivo ao Congresso prevendo um déficit primário, mas disse que mantém a posição política de rompimento com o governo.
Cunha e Dilma reuniram-se na tarde desta terça-feira, no Palácio do Planalto, pela primeira vez após o anúncio do rompimento de Cunha, em meados de julho. Segundo o deputado, os dois trataram sobre a conjuntura atual e a peça orçamentária.
“Basicamente, a discussão foi sobre a situação, sobre Orçamento. Ela (Dilma) explicou a peça orçamentária, a gente debateu. Enfim, debatemos a situação conjuntural, sobre tudo”, disse o presidente da Câmara a jornalistas após o encontro.
O deputado frisou, no entanto, que “absolutamente nada muda” na sua posição política em relação ao governo.
Cunha disse, ao ser questionado se ajudará no impasse sobre o Orçamento, que “sem dúvida” vai coloborar numa solução.
O envio de proposta orçamentária que prevê para o próximo ano despesas maiores do que as receitas levou a oposição a pedir sua devolução ao Executivo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
“As instituições têm que estar presentes para isso. Não pode jogar a responsabilidade nos nossos ombros, porque não fomos nós que geramos essa situação, mas temos que todos estar partícipes, todos nós sofremos as consequências daquilo que pode acontecer de ruim nas contas públicas”, afirmou.
Segundo o deputado, o que a presidente quis fazer foi discutir politicamente um problema, que está afetando as contas públicas do país.
“Para politicamente ter um canal aberto para diálogo nas circunstâncias que forem necessárias, basicamente foi isso”, disse.
“Isso não quer dizer que vou ter posição de apoiamento, nem que voltei atrás no rompimento político… Mas isso não quer dizer que eu não vá conversar com ela ou que eu eu não debata a situação do país”, afirmou.
O governo federal apresentou ao Congresso na segunda-feira uma proposta orçamentária inédita para o ano que vem, com déficit de 30,5 bilhões de reais, em meio a um cenário recessivo e de dificuldades para aprovar medidas de ajuste fiscal.
PAUTAS-BOMBA
A conversa entre Dilma e Cunha durou cerca de meia hora e foi precedida de reunião entre o deputado e o vice-presidente da República, Michel Temer.
Segundo uma fonte do Planalto, o clima não era de confronto, mas Cunha teria avisado a presidente que a Câmara não vai assumir o ônus de propor cortes radicais ou novos impostos, embora tenha dito que a Casa vai colaborar.
O presidente da Câmara teria afirmado ainda que precisa partir do Planalto a orientação do que deve ser feito na peça orçamentária.
Dilma, por sua vez, pediu a Cunha que trabalhe com o Planalto para evitar o agravamento da crise, o que inclui evitar a aprovação de pautas-bomba.
Reportagem de Maria Carolina Marcello e Lisandra Paraguassu