Saiu na midia XXVI – Carta torna o País ingovernável

Nelson Valente – Jornalista e professor universitário.

Eu pergunto: quanto tempo durará esta Constituição? Porque suas falhas são múltiplas. Eu daria um elenco delas, a começar pelo voto aos 16 anos, que me parece jocoso. O cidadão não pode tirar carta de motorista, não pode viajar sem autorização dos pais e pode votar. Há alguma lógica nisto?

Ele não pode abrir nem um boteco na esquina, porque a lei o impede. Ela não vigorará por muito tempo. Será reformada de acordo com as circunstâncias ou será reformada através de ato de violência. Não é uma boa Constituição.

Para começar, os que a escreveram não devem ter tido noções elementares da língua portuguesa.
Esse filólogo que lá esteve deveria falar o esperanto, porque a Constituição o leva estudar o esperanto. Ou então ele já desistiu da língua portuguesa.

A escolha dos constituintes não foi a melhor. Foram eleitos deputados e se fizeram constituintes.

Nós temos uma Constituição boi-vaca. Venha alguém me dizer que ela é de esquerda. Venha alguém me dizer que ela reacionária. Não concordo com nenhum deles. Na reforma agrária os erros são muitos. Até nas concessões sociais para a mulher gestante, por exemplo, ou para o repouso do marido na licença-paternidade. Quero acreditar que o Xingu tenha influenciado bastante, porque lá a mulher dá à luz e o homem vai para a rede repousar. Essa Constituição é uma frustração.

Imaginava-se uma Constituição liberal, com algumas concessões populares, que não chamo de esquerdizantes, porque a legislação inglesa, ligada a monarquia, prevê alguns desses princípios.
Temos um país no qual as condições econômicas são tão ruins que se o dinheiro aplicado no exterior por brasileiros voltasse para cá, poderíamos ser credores do mundo, não devedores.
Milhares e milhares de brasileiros têm dinheiro lá fora. E quem quer aplicar sua fortuna aqui?

Depois, há no Brasil, o que é muito ruim, uma desigualdade, uma discrepância muito grande entre ricos e pobres. Os ricos têm tudo e os pobres não têm coisa alguma. Não têm nem terra, não têm alguns metros quadrados para arar, plantar seu feijãozinho, milhinho, suas plantas.

A nossa Constituição diz claramente que são proibidos os privilégios. Pois agora se fala em reservar um certo número de vagas nas universidades para jovens oriundos das escolas públicas, acabando com a “seletividade” dos exames vestibulares, que estariam privilegiando estudantes dos estamentos sócio-econômicos de mais alto nível.
A Constituição deverá ser enquadrada na categoria do já era!

Ps.

Acrescento eu: o que esperar de uma constituição, única no mundo, a ter um prefácio?
Mesquita

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