O cassino de Beirute
Carlos Lacerda, governador da Guanabara, foi ao Líbano em 65, em viagem oficial. Lá, esperando-o, os deputados Padre Godinho (UDN de São Paulo) e Jorge Curi (UDN do Paraná).
Uma noite, foram levados ao cassino de Beirute, maravilhoso, show no nível de Paris. Depois do show, a roleta. Padre Godinho ficou fora do jogo, não por virtude, porque sorte não é pecado, mas por não confiar em fichas.
Lacerda e Jorge começaram a jogar. Jorge, também libanês, zangado com as fichas conterrâneas, não acertava uma. Lacerda, naquele audacioso rompante de sempre, pegou todas as fichas e arriscou numa parada só. Deu, recebeu, arriscou tudo de novo. Deu novamente. Reuniu tudo e fez a terceira parada total. Acertou sozinho. Jorge e o padre ficaram extasiados:
– Carlos, você fez três plenos. É dificílimo. Ganhou uma fortuna.
O crupiê recolheu as fichas todas numa bandeja. Lacerda viu o montão:
– Jorge, quanto vale tudo isso?
– Cinqüenta mil libras libanesas. Uns 20 a 30 mil dólares.
Lacerda chamou o crupiê:
– Tudo isso é seu. É a gorjeta.
– Jorge, quanto vale tudo isso?
– Cinqüenta mil libras libanesas. Uns 20 a 30 mil dólares.
Lacerda chamou o crupiê:
– Tudo isso é seu. É a gorjeta.
O crupiê não entendeu nada. Jorge e o padre ficaram desesperados:
– Carlos, isso é uma loucura. Gorjeta de 30 mil dólares?
– Vamos embora. Esse tipo de sorte não existe. Isso é coisa do governo. Eles estão querendo comprar o governador da Guanabara.
E voltou para o hotel.
O escândalo das verbas da saúde no Orçamento do Congresso é um cassino de Beirute. Aquele tipo de espírito público das empresas não existe. Elas compram senadores e deputados para venderem ambulâncias
e hospitais.