Saiu na mídia – Carlos Chagas – Tribuna da Imprensa.

Sociedade de cócoras.

Além da flagrante humilhação da autoridade pública e da saia curta em que colocaram a Globo, os bandidos saíram vitoriosos no propósito de aterrorizar a sociedade. Se deu certo a tentativa de levar uma emissora a divulgar o que não estava na programação, quem garante não recair a próxima investida do PCC sobre um banqueiro, obrigando-o a distribuir alguns milhões em uma favela? Ou um político sanguessuga a confessar que roubou recursos da saúde pública?

Essas coisas estraçalham a ordem de um estado posto de cócoras. Em 1969 aconteceu coisa parecida, quando os seqüestradores do embaixador Burke Elbrick, dos Estados Unidos, obrigaram a Junta Militar que havia usurpado o poder a libertar presos políticos, distribuir comida nas comunidades pobres do Rio e a Rede Globo a divulgar manifesto de repúdio à ditadura. O resultado foi uma repressão dos diabos aos terroristas e ao cidadão comum, mas, mesmo condenando-se com veemência os excessos, a moda não pegou.

Agora parece diferente. A impotência do poder público e das autoridades estaduais e federais transformou São Paulo num campo de batalha onde o crime organizado sai vencedor em todos os embates. Tomara que o PCC não se transforme num partido e que, depois de seqüestrar alguns integrantes das mesas da Câmara e do Senado, não imponha ao Congresso a legalização do tráfico…
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