Olavo Bilac – Versos na tarde – 20/02/2015

Tercetos
Olavo Bilac¹

Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

“Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho…
E olha que escuridão há lá por fora!

Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade…
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava…
Espera um pouco! deixa que amanheça!”

E ela abria-me os braços. E eu ficava

¹ Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac
* Rio de Janeiro, RJ. – 16 de Dezembro 1865 d.C
+ Rio de Janeiro, RJ. – 28 de Dezembro 1918 d.C


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