Mundo – Bolívia – A questão do petróleo.

A Bolívia tem 9 milhões de habitantes, 65% índios, e 1,5 trilhão de metros cúbicos de gás natural. Estão cansados de ser roubados: prata, salitre, estanho, agora gás. Eduardo Galeano* resumiu assim a guerra do gás hoje:

1 – “Em 90, a YPFB (estatal boliviana) descobriu o novo poço de San Alberto, com reservas suficientes para garantir a exportação do gás ao Brasil, e entregou à Petrobras, em troca de nada. O presidente Sanchez Losada (o FHC de lá) chamou a privatização de capitalização”. Foi mandado embora.

2 – “A Corporação Pacific LNG (Repsol, British Gás e Panamerican Gás) é sócia da Enron (americana), famosa por seus virtuosos costumes. Fazem parte do negócio também a British Petroleum, as francesas Total-Elf-Fina e a Petrobras, esta com o primeiro contrato de venda de gás assinado em 93”.

3 – “O segundo e mais importante foi em julho de 94, altamente lesivo à Bolívia. Um dos mais negativos foi em 2001, com inclusão da empresa norte-americana Enron. Pelo contrato assinado em outubro de 2003 (governo Lula), projeta-se exportar 28 trilhões de pés cúbicos de GN, a metade das reservas provadas e prováveis, para o México, Argentina e Brasil, por 20 anos”.

O povo expulsou o presidente Carlos Mesa, proibiu os presidentes do Senado e da Câmara de assumirem, e empossou o presidente do Tribunal até as eleições, em 150 dias. Ganhou o índio Morales, que tomou o gás para a Bolívia e reviu os “Roborés” lesivos a eles, inclusive com o Brasil.

Do mais pobre, a América Latina recebeu uma grande lição. Lula, que viu com Kirchner como é ser presidente, viu com a Bolívia como é ser povo.

*Nota do editor do blog
Eduardo Hughes Galeano nasceu em Montevidéu no dia 3 de setembro de 1940, é um jornalista e escritor cujas obras já foram traduzidas em diversas línguas. Costuma escrever seus livros no formato de pequenas histórias que contempla desde assuntos políticos relevantes na história da América Latina até assuntos simples, como o cotidiano e o futebol.

Uma de suas obras de maior relevância política e importância é “As Veias Abertas da América Latina”, livro em que relata a exploração sofrida pelas nações latino-americanas, desde a formação dos impérios hispânico e português, passando pelo assédio inglês e estadunidense, pelo arrocho imposto pela economia internacional, até os dias de hoje.

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