Soneto CXLIX [Sempre a Razão Vencida foi de amor]
Luiz de Camões¹
Sempre a Razão vencida foi de Amor;
Mas, porque assim o pedia o coração,
Quis Amor ser vencido da Razão.
Ora que caso pode haver maior!
Novo modo de morte, e nova dor!
Estranheza de grande admiração!
Pois, enfim, seu vigor perde a afeição,
Porque não perca a pena o seu rigor.
Fraqueza, nunca a houve no querer;
Mas antes muito mais se esforça assim
Um contrário com outro por vencer.
Mas a razão, que a luta vence, enfim,
Não creio que é razão; mas deve ser
Inclinação que eu tenho contra mim.
¹ Luis Vaz de Camões
* Lisboa?/Coimbra? – Portugal c. 1525-1580 d.C
+ Lisboa, Portugal – 10 de Junho 1580 d.C
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