Luís Costa Pinto*
Esse Juninho é um gênio. Amanhã, e só amanhã, a Copa da Alemanha começa para ele. Jogará sua primeira partida no dia 22 de junho de 2006 e a competição começou para o Brasil no dia 13.
O pernambucano humilde, articulado e gregário sequer tocou na bola nos dois primeiros jogos da Seleção e ainda assim virou uma unanimidade. É o nosso melhor atleta. Um craque, mas fora de campo. Dando entrevistas, então, é direto e esclarecedor. É polido e político. Uma jóia, o Juninho.
Antes de seguir, farei uma ressalva: é um craque mesmo, a despeito de eu tê-lo barrado em minha equipe de peladas na praia de Casa Caiada, na Olinda pré-tubarões de meados da década de 1980.
Ele entrará no time, contra o Japão, e certamente será dos melhores em campo. Quiçá, converterá em gol uma falta na intermediária. Atacará com perigo, lançará com precisão e defenderá com segurança, pois é um dos melhores meia-armadores em atividade no futebol mundial.
Mas Juninho é um gênio por causa de seu poder de virar ídolo sem ter ainda tocado na bola nesta Copa. É reclamado pelas mulheres, desde as fanáticas que não deixam de ir à Ilha do Retiro assistir aos jogos de seu Sport, até às impagáveis grãs finas com narizes de cadáver de Nélson Rodrigues, que durante os confrontos da Seleção atrapalham nossa concentração e nosso momento de fé contrita ao perguntar quem afinal é o juiz e por que há impedimentos.
Juninho converteu-se em unanimidade sem ter ainda revelado ao mundo como é redonda a sua bola – e ela o é.
Enfim, senhoras e senhores, com a tranqüilidade licenciosa que só é permitida aos pernambucanos, eu posso dizer: Juninho conquistará público e crítica nessa Copa porque consegue ser um artista na dissimulação, e isso é crucial no caráter dos grandes craques. Que vem a ser o drible perfeito senão um átimo de dissimulação em que o driblador finge pôr a pelota em um canto e joga-o para outro a fim de alcançá-la na fração de segundo seguinte?
Atentem para o fato: ele é pernambucano, e ninguém nascido em Pernambuco vem com o gene original da humildade e do gregarismo. Raros são os que nascem com a virtude da polidez. Pernambucano, Juninho dá a entender que coleciona essas virtudes e ainda mata o jogo como um líder em campo conservando unido o grupo.
Ou venceu as características inatas de sua terra, habitada por um dos povos mais orgulhosos do país, ou soube adquirir com sabedoria as virtudes necessárias e fundamentais para ser apresentar ao mundo como um vencedor. Seja o que for, testemunharemos amanhã a sagração de alguém que nasceu com estrela. Que nos traga, pois, a sexta.
*Luís Costa Pinto, 37, é jornalista.
Atua como consultor de comunicação.
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