Cyro de Matos – Versos na tarde – 15/05/2015

Embarque
Cyro de Matos¹

O que deixo:
verde solidão
da raiz ao cabelo.

O que deixo:
vértebras do tempo,
desigual fermento.

O que deixo:
bala no verão,
cobra no inverno.

O que deixo:
gemido e agulha
ensacando ventos.

O que levo:
frutos de ouro
romaria e desterro.

O que levo:
sonhos e erros
do horizonte maciço.

Da árvore e seu resumo
os vícios do mundo
medos e sonhos

no velho pensamento.

¹Cyro de Matos
*Itabuna,BA. – 1939 d.C


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