Aviação – Sobrevivendo a acidentes.

Especialista dá dicas de como sobreviver a acidente aéreo. 90% dos acidentes aéreos têm sobreviventes.
BBC Londres – Iracema Sodré
http://www.bbc.co.uk/sn/tvradio/programmes/
horizon/broadband/tx/survivorsguide/top_tips/index_textonly.shtml

A queda do avião da Gol, que deixou 155 mortos na sexta-feira, reforçou o mito de que é praticamente impossível sobreviver a um acidente aéreo. Mas, de acordo com especialistas em segurança de vôo, isso não é verdade.

Os avanços tecnológicos dos últimos anos já fazem com que cerca de 90% das colisões de avião tenham sobreviventes. E as chances de sair vivo deste tipo de acidente aumentam dramaticamente se alguns cuidados básicos forem tomados.


O professor Ed Galea, da Universidade de Greenwich, em Londres, liderou um estudo que analisou 105 acidentes aéreos e ouviu relatos de mais de 2 mil sobreviventes.
Ele acredita que estar preparado para uma emergência pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

“A idéia de que se houver um acidente todos vão morrer vem do fato de que a mídia só nos bombardeia com tragédias e não com as histórias bem-sucedidas”, afirma Galea.
“Isso é muito perigoso porque faz com as que as pessoas desistam de tomar medidas que podem aumentar suas chances de sobrevivência no caso de um acidente.”

Assentos
A pesquisa feita pela Universidade de Greenwich mostrou que a maioria dos sobreviventes de acidentes aéreos estava sentada até sete fileiras de distância da saída de emergência mais próxima.
Escolher um lugar no corredor – ou quando possível na primeira classe ou executiva, onde há menos gente e mais espaço – também facilitaria a saída da aeronave em caso de problemas.
Mas Galea frisa que mesmo que o passageiro esteja sentado em outra parte do avião, ele pode tomar algumas precauções simples para aumentar suas chances de sobrevivência.

Guia do sobrevivente

  • Esteja preparado para uma emergência.
  • Escolha assentos no corredor e perto de uma saída de emergência.
  • Conte o número de fileiras até saída de emergência mais próxima.
  • Não tire os sapatos durante pouso e decolagem.
  • Lembre-se de como desafivelar o cinto de segurança.
  • Em caso de pouso forçado, coloque a cabeça entre as pernas.
  • Se sobreviver ao impacto, saia do avião o mais rápido possível.
  • Nunca infle o colete salva-vidas dentro do avião.
  • Contar o número de assentos até as saídas de emergência mais próximas e planejar o que fazer no caso de um acidente. Desta forma, seria possível deixar o avião mesmo que ele esteja tomado por fumaça e os sinais que indicam o caminho não estejam visíveis.
  • Prestar atenção às instruções de emergências e se lembrar de como desafivelar o cinto de segurança são outros cuidados básicos. “Quando estão nervosas, as pessoas tendem a achar que os cintos de segurança dos aviões funcionam como os dos carros e tentam apertar um botão que não existe”, diz ele.

A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos acidentes aéreos acontece durante a decolagem e a aterrissagem.
Seria importante, portanto, estar calçado nestes momentos, já que isso facilitaria a saída do avião, caso seja necessário andar em meios às ferragens.

Ed Galea aconselha também que famílias viajem sempre juntas. No momento do acidente, o mais comum é que as pessoas tentem reunir os familiares antes de sair do avião, o que pode fazer com que eles fiquem para trás ou tentem ir contra o fluxo dos demais passageiros.
“A família deve ter um plano. Por exemplo, a mãe pode ficar responsável por levar um dos filhos e o pai, o outro. Eles podem combinar de se dirigir a saídas diferentes ou à mesma. O importante é planejar com antecedência o que se vai fazer em caso de emergência”, aconselha o especialista.

Sem sobreviventes
Apenas um em cada dez acidentes aéreos não tem sobreviventes. Nos demais, a chance de um passageiro sair vivo é de mais de 70%.
Ed Galea acredita que o acidente envolvendo o avião da Gol na Amazônia se encaixa na categoria mais perigosa, quando a aeronave já está em altitude de cruzeiro e o piloto perde o controle da aeronave.

Para o professor da Universidade de Greenwich, a asa do jato Legacy – que conseguiu pousar numa base aérea no Pará – pode ter atingido alguma parte fundamental do Boeing, o que teria feito o piloto da Gol perder o controle da aeronave.

“Quando isso acontece, a velocidade no momento da colisão é muito grande e as chances de sobrevivência são praticamente nulas. Se o piloto ainda tem algum controle, ele pode minimizar os danos causados pelo impacto.”

Neste caso, a posição do passageiro no assento pode ser crucial. Colocar a cabeça entre as pernas, como mandam as instruções de segurança, protegeria tanto joelhos quanto o crânio e aumentaria as chances de que a pessoa permaneça consciente e tenha condições de sair da aeronave rapidamente depois da queda ou do pouso de emergência.

Mas apesar de defender que todos esses cuidados são essenciais, Ed Galea lembra que o avião ainda é um dos meios de transporte mais seguros e que a chance de um passageiro se ver em uma dessas situações é mínima.

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