A última invenção do gênio Steve Jobs

Foto: Walter Isaacson

“Steve Jobs”, de Walter Isaacson, é como o iPad: o sujeito não sabe direito o que fará com ele, mas quer ter um. Como o iPad, essa biografia servirá para muitas coisas.

Para quem gosta de novela, tem a história de uma criança entregue para adoção, que nunca quis conhecer o pai biológico e surpreendeu-se ao lembrar que, um dia, comera no restaurante de um gerente gordo e careca. (Era ele.)

Esse garoto enjeitado recusou-se a reconhecer uma filha, ignorou-a por dez anos, mas deu o nome de Lisa a um de seus computadores.

Para quem gosta de histórias de inventores, mostra o surgimento do computador pessoal, do iPod, do iPhone e do iPad. (Ele não inventou nenhum dos quatro.)

Para quem prefere aventuras empresariais, o jovem que fundou a Apple, foi defenestrado, deu a volta por cima e transformou-a na empresa mais valiosa do mundo.

Para hipocondríacos, um maníaco de dietas e jejuns, com um câncer de pâncreas e um transplante de fígado, controlando o próprio ocaso.

Tudo isso num personagem genial, abstêmio, intratável, pouco higiênico e frugal.

(Ele ficaria feliz ao saber que Michelangelo tinha essas características. Por intratável, um jovem pintor quebrou-lhe o nariz.)

A biografia de Isaacson requer um acessório.

Convém que se faça uma cópia das páginas iniciais, onde estão listados 57 personagens. Ajuda a leitura.

Dentre os gênios da informática da segunda metade do século passado, Jobs foi o mais audacioso, implacável e egocêntrico. Mentiroso, controlador, argentário, despojado e, acima de tudo, narcisista.

Quem criou o computador pessoal foi seu sócio, Stephen Wozniak, que sonhava com um mundo no qual eles fossem grátis. Quando Jobs fez a primeira distribuição de ações da Apple, deixou um dos parceiros de fora.

Wozniak foi a ele e propôs:

‘O que você der, eu também dou’.

‘OK’, respondeu Jobs, ‘eu dou zero’.

‘Steve Jobs’ foi sua última produção, burilada até os últimos dias, quando estava desnutrido e emaciado.

Isaacson escreveu o que quis e conseguiu equilibrar o retrato de duas pessoas: uma que todo mundo gostaria de conhecer, e outra com quem foi perigoso lidar”.

“Steve Jobs”, traduzido, está nas livrarias, custando entre R$ 37,50 e R$ 49,90.

A editora ‘Companhia das Letras‘ lançou simultaneamente o e-book, que custa entre R$ 28,90 e R$ 32,50.

A edição eletrônica do original está na Amazon por US$ 16,99, ou R$ 29.
Élio Gaspari/O Globo


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