“Os principais veículos da imprensa se transformaram em panfletos políticos e vasculhar o noticiário em busca de jornalismo que valha uma referência tem sido como buscar um fio de cabelo no palheiro”.
A frase, parte da despedida do excepcional comentário radiofônico de Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa, é um triste retrato do que restou a nós que, sem estruturas profissionais suficientes para produzir apuração própria de informações no dia-a-dia, queimamos a nossa escassa mufa comentando o que se passa na imprensa brasileira.
A coisa ficou tão rastaquera que, só de sexta-feira para cá, há uma coleção de bobagens nos jornais brasileiros que deixaria exausta uma reencarnação de Sérgio Porto e seu Stanislau Ponte Preta, com o Festival de Besteiras que Assola o País.
Fernando Rodrigues, por exemplo, encontra o desenho de uma metralhadora na planta do prédio do presídio para o qual foram transferidos os presos da Operação Lava Jato. Tome de imaginação…O resto é um “tour” por celas e corredores, numa edificante versão cult dos programas “mundo cão” que infestam a TV brasileira nas tardes desocupadas…[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
A Veja dá capa sobre a iminente “delação premiada” de um dirigente de empreiteira que a defesa do dito cujo diz nem estar em cogitação e que, se estiver sendo negociada por terceiros, seria motivo para o abandono do processo…
Mentiu-se e desmentiu-se um suposto encontro entre Lula, Dilma e FHC, episódio encerrado com uma nota desprovida de ferraduras deste último.
Transformaram-se simples gravuras em “pinturas de alto valor” doadas a José Sergio Gabrielli e Graça Foster na Petrobras.
Ah, sim, esqueci de citar que a Polícia Federal, o Ministério Público e o Dr. Sérgio Moro desconfiam que Marcelo Odebrecht, depois de um ano dedicado a escrever mensagens e bilhetes que seriam comprometedores, iria fugir para o exterior…
Não sei se a Operação Lava Jato produziu uma queda de 1% no PIB, como disse hoje a presidenta Dilma Rousseff, mas certamente isso não foi um décimo o que ela derrubou da inteligência nacional, se é que ainda é possível incluir nela a imprensa brasileira.
O império do ódio, do maniqueísmo, da intolerância e da imbecilidade tomou conta de uma parcela da elite brasileira e da parcela que a orbita nos meios de comunicação, inclusive hoje.
De tal modo e com tanta força que é preciso buscar nas profundezas do povo o remédio para enfrentar o lixo tóxico que formou uma multidão de zumbis.
Por:Fernando Brito