“Quando o Grão Lume surge do Oriente…”
Vittoria Colonna¹
Quando o Grão Lume surge do Oriente
e o negro manto desta noite afasta,
quando na terra o gelo se desgasta,
dissolvido ao calor de um raio ardente,
a minha dor, que o sono suavemente
anestesiara, acorda mais nefasta.
E, quando aos outros o prazer se gasta,
é que revive o meu, mais docemente.
Assim me impele uma inimiga sorte:
procuro a escuridão, fugindo à luz,
odeio a vida, desejando a morte.
O que ensombra outro olhar no meu reluz.
Se fecho os olhos, abre-se, num corte,
a dor profunda que a meu sol conduz.
Tradução de Delson Tarlé
¹Vittoria Colonna
* Nápoles, Itália – 1492 d.C
+ Nápoles, Itália – 1547 d.C
Poetisa marcante do século XVI.
Marquesa de Pescara, filha de Fabrízio, nobre do reino de Nápoles.
Em 1509, casou-se com Fernando d’Avalos, marquês de Pescara, morto em combate, em 1525. Apaixonada pelo marido, escreveu poemas memoráveis nos quais chora a morte do amado.
Grande amiga de Michelangelo, mas as relações, entre ambos, não ultrapassaram as raias do amor platônico. Definia sua relação com o gênio renascentista como uma “amizade estável e firmíssimo afeto”. Escreveu 352 sonetos.
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