Versos na tarde – Artur Eduardo Benevides – 26/12/2012

Inanamorato
Artur Eduardo Benevides¹

I
O som de tua voz
é um ramo a nascer
da árvore da vida.
Com medo de perder-te,
sempre que chegas sinto
o travo da partida.
E quero ficar à tua margem
– Ó rosa e Mar! –
e ver tua leveza de pássaro
a voar.

II
Estar sem ti
é estar em silêncio de montanha
sem existir montanha.
É ficar em desterro,
ou regressar, calado, de um enterro
e tomar lentamente um copo de vinho,
sozinho.

III
Estar contigo
é sempre amanhecer.
É sentir que o sol de repente
toca em mim com a doçura
do que se põe no azul a florescer.

IV
Ai, tecelã da eterna poesia,
um pouco mais de ti em mim
e eu voaria!
Nem me dês teus frutos.
Basta que sorrias.
Não mereço mais.

¹Artur Eduardo Benevides
* Pacatuba, CE. – 1923 d.C
Poeta, ensaísta e contista brasileiro,
com mais de quarenta livros publicados.

Foi eleito, em 1985, o Príncipe dos Poetas Cearenses, título já detido pelo Padre Antônio Tomás, por Cruz Filho e por Jáder de Carvalho. Bacharel em Direito e em Letras, foi professor titular da Universidade Federal do Ceará.

É membro da Academia Cearense de Letras, tendo sido seu presidente entre 1995 e 2005); da Academia Cearense de Língua Portuguesa e da Academia Fortalezense de Letras, integrante, também, do Grupo Clã. Em 2000 foi derrotado em eleição para a Academia Brasileira de Letras pelo escritor Ivan Junqueira.

Artur Eduardo Benevides é vencedor de mais de trinta prêmios literários, destacando-se a Bienal Nestlé deLiteratura, em 1988.

Para comemorar os 80 anos do poeta, em 2003, o escritor José Luís Lira escreveu o livro “O Poeta do Ceará – Artur Eduardo Benevides”, com sua biografia e trechos principais de sua obra. O livro saiu com o selo da Academia Fortalezense de Letras, da qual José Lira é fundador juntamente com Matusahila Santiago e Artur Eduardo Benevides o Presidente de Honra.


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