Canção do outono
Verlaine ¹
Os soluços graves
Dos violinos suaves
Do outono
Ferem a minh’alma
Num langor de calma
E sono.
Sufocado, em ânsia,
Ai! quando à distância
Soa a hora,
Meu peito magoado
Relambra o passado
E chora.
Daqui, dali, pelo
Vento em atropelo
Seguido,
Vou de porta em porta,
Como a folha morta
Batido…
¹ Paul-Marie Verlaine
* Metz, França – 30 de Março de 1844 d.C
+ Paris, França – 8 de Janeiro de 1896 d.C
Um dos maiores poetas simbolistas franceses, seu lirismo musical abriu novos caminhos para a poesia em seu país e no mundo.
O lirismo musical e evanescente de Verlaine exerceu influência decisiva no desenvolvimento do simbolismo e abriu novos caminhos para a poesia francesa.
Com Mallarmé e Baudelaire, Verlaine compõe o grupo dos chamados poetas decadentes.
Paul-Marie Verlaine nasceu em Metz, França, em 30 de março de 1844. Filho de um militar abastado, estudou no Liceu Bonaparte — hoje Condorcet — de Paris e mais tarde conciliou o trabalho numa companhia de seguros com a vida boêmia nos círculos literários parisienses. Em seus primeiros livros, Poèmes saturniens (1866; Poemas saturninos) e Fêtes galantes (1869; Festas galantes), ouvem-se ecos do romantismo e do parnasianismo.
Verlaine fez seus estudos secundários em Paris, entrando depois, como funcionário, para a Prefeitura.
Já nessa época, frequentava a boêmia dos cafés parisienses, sendo um funcionário relapso e pouco assíduo.
É então que descobre a poesia.
Poèmes Saturniens (“Poemas Saturninos, 1866) é sua primeira coletânea publicada.
Verlaine professa de início a impassibilidade parnasiana, mas já seu instinto poético o conduz a dar maior agilidade ao alexandrino, a utilizar os ritmos ímpares a sugerir vagos estados por estrofes vaporosas.
Poucas obras na história da poesia francesa são mais sinceras e comoventes.
Inquieto e instável, o poeta conquista por algum tempo o equilíbrio e paz, quando se casa em 1870 com Mathilde Meauté.
Porém sucedem-se logo os mal entendidos conjugais e Verlaine retoma seus antigos hábitos boêmios.
Liga-se então ao jovem poeta Rimbaud e em sua companhia perambula pela Inglaterra e a Bélgica.
Em julho de 1873, em Bruxelas, sob a influência da bebida, atira duas vezes no amigo, e é preso.
Durante os dois anos de prisão em Mons vem a saber que a esposa pedira divórcio.
Profundamente abalado, Verlaine se converte a fé católica.
Testemunhas dessa fase de crise e conversão, são seus dois livros Romances sem palavras de 1874 e Sabedoria de 1881.
Também é flagrante a influência do gênio de Rimbaud nos temas e nos ritmos.
Foi admirado pelos simbolistas que o endeusaram, embora o próprio poeta se quisesse manter independente de qualquer corrente literária.
No final de sua vida, o poeta se esgota e o homem se degrada.
Em 1872, dois anos após casar-se, Verlaine abandonou mulher e filho e iniciou, com o jovem poeta francês Arthur Rimbaud, uma turbulenta ligação sentimental que os levou a percorrer vários países europeus. O relacionamento teve um final abrupto em Bruxelas, em 10 de julho de 1873, quando Verlaine feriu o amigo com um tiro de revólver e foi condenado a dois anos de prisão. Libertado, Verlaine tentou em vão reconciliar-se com Rimbaud. Viveu no Reino Unido até 1877, quando regressou à França.
Datam desses anos dois magníficos livros de poesia, Romances sans paroles (1874; Romances sem palavras) e Sagesse (1880; Sabedoria), este a expressão de sua volta aos ideais de um cristianismo simples e humilde.
Apesar de sua crescente fama e de ser considerado um mestre pelos jovens simbolistas, o fracasso dos esforços que fez para recuperar a esposa e levar uma vida retirada conduziram Verlaine a uma recaída no mundo da boêmia e do alcoolismo que, durante o resto de seus dias, o obrigou a freqüentes hospitalizações.
Os vários livros de poemas que se seguiram apenas ocasionalmente recuperaram a antiga magia, como Amour (1888). Da produção posterior de Verlaine, o que mais se destaca são os textos em prosa, como o ensaio Les Poètes maudits (1884; Os poetas malditos), vital para o reconhecimento público de Rimbaud, Mallarmé e outros autores, e as atormentadas obras autobiográficas Mes hôpitaux (1892; Meus hospitais) e Mes prisons (1893; Minhas prisões).
Fonte: Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda.
Poeta francês, de vida considerada atribulada e escandalosa, cuja poesia reflete a contradição entre uma conduta deplorável e um ideal quase primitivo de pureza e misticismo.
Apesar da celebridade e do respeito da novas gerações que o consagram como o “Príncipe dos Poetas”, ele vive miseravelmente perambulando de hospital em hospital e de café em café até sua morte em 1896.
Obras
Poèmes saturniens (1861-1866)
Fêtes galantes (1866)
La bonne chanson (1870)
Romances sans paroles (1874)
Sagesse (1880)
Jadis
Naguère
Jadis et naguère (1884)
Amour
Parallèlement (1889)
Chair: dernières poésies.
Album de vers et de prose (coletânea póstuma)
“Laurent Tailhade” (soneto).
Les poètes maudits. (prosa)