Boa noite
Soneto imperfeito da caminhada perfeita
Sidónio Muralha¹
Já não há mordaças,nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.
Ninguém fala em parar ou regressar.
Ninguém teme as mordaças ou algemas.
– O braço que bater há-de cansar
e os poetas são os próprios versos dos poemas.
Versos brandos… Ninguém mos peça agora.
Eu já não me pertenço: Sou da hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.
¹ Pedro Sidónio de Aráujo Muralha
* Lisboa, Portugal – 28 de Julho de 1920
+ Curitiba, Paraná – 8 de dezembro de 1982
Ps. Mantida grafia do português de Portugal
in Passagem de Nível” (1942)
in Obras Completas do Poeta. Lisboa, Universitária Editora, 2002.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]