Poema De Desamar
Saramar Mendes ¹
Sob o vôo dos versos, alguma alma existe.
Além do sorriso ou da lágrima de todo dia,
fechada a porta, sou uma mulher que geme e canta
ao meu arrepio de solidão ou de prazer.
Se quiser, sou brinquedo, imagem de qualquer tela.
No entanto,
diante de todo espinho que, indiferente, cravas,
fluo em sangue e lava.
Ainda a dor insiste?
Lavo-me em fogo, em água.
E ergo os olhos e corto as cordas,
derivo-me para longe de ti, das mágoas,
âncoras desgarradas, presas em nada.
Esqueci como voltar os olhos
ao que julgara porto.
Hoje sou anjo e você,
morto.
¹ Elisa Lucinda
* Vitória, ES. – 2 de Fevereiro de 1958 d.C
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