Brasil: da série “só doi quando eu rio”! Reforma Política ensaiada para inglês ver. Tem tudo pra não dá certo. Nem Fernando Henrique Cardoso, nem Lula ousaram tal empreitada que irá mexer com melindres advindos da Constituinte de 88, e com verbas, bilionárias, destinadas aos partidos políticos. Aliás, não lembro quem disse, “quando você não quiser resolver um problema, institua uma comissão”. Não menos hilária e folclórica é a estória segundo a qual, o camelo foi fruto de uma comissão criada para projetar o cavalo. Agora, o notório Maluf e o mensaleiro Valdemar Costa Neto integrando comissão da reforma política na Câmara Federal… Raposas organizando galinheiro. Aos Tupiniquins, resta, como grafou Nelson Rodrigues: “sentarem-se na sarjeta e chorarem lágrimas de crocodilos”. O Editor No fundo, não querem a reforma Por Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa Embolou o meio campo. A Câmara dos Deputados instalou ontem sua comissão especial para propor a reforma política. Ótimo. Só que o Senado, duas semanas atrás, havia instalado a dele. Serão duas comissões redundantes, cada uma disposta a fazer aprovar no respectivo plenário as propostas afinal aceitas por suas maiorias. Depois, será o troca-troca: o projeto do Senado irá para a Câmara e o projeto da Câmara, para o Senado.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O resultado óbvio parece que os deputados modificarão as propostas dos senadores e estes farão o mesmo com o texto daqueles. Como ficamos? No mesmo impasse de sempre, ou seja, condena-se ao fracasso mais essa tentativa de reforma política. Acresce que cada casa é ciosa de seus interesses. Na Câmara, reclama-se que o Senado pretende criar o distritão e o voto para deputado em listas partidárias, temas que não seriam da competência dos senadores. Já os deputados, como circula nos corredores do Congresso, dariam o troco acabando com a figura dos suplentes de senador. Ninguém sem voto teria a prerrogativa de ocupar uma cadeira no Senado, temporária ou definitivamente, obrigando-se a justiça eleitoral a realizar novas eleições no caso de abertura de vaga, mas ficando as bancadas sem substituto para o senador que se licenciar. Não vai dar certo essa dualidade de comissões, início do impasse anunciado. Deveriam os dois presidentes, José Sarney e Marco Maia, ter discutido a formação de uma comissão mista, capaz de dirimir uma série de dúvidas nas preliminares, de forma a que surgisse um só projeto. Observadores mais maliciosos concluem ser precisamente o impasse o objetivo da maioria da classe política. Deixar as coisas como estão, sem reforma alguma, situação que mais atende os desejos do conjunto. Ou Suas Excelências não se tem elegido sem a reforma?