Sandro Ornellas – Versos na tarde – 16/03/2016

Impurezas da pele
Sandro Ornellas¹

Essa pele impura roça a sua,
roça e sua a experiência mais crua.
Você não entende como essa pele
se estende contente por entre anelos,
lhe faz cavar covas em vil segredo,
sentar e sentir o susto do medo
de sempre fugir da dura impureza,
sem a qual, num encontro, inexiste beleza.

Nessa pele impura se ergue um estilo
que não possui par com isso ou aquilo,
que não recusa a contaminação
que a cidade suja impõe à paixão,
pois não se alinha à sua lavada blusa,
de nobreza branquíssima e incorrupta.

Assim se esquece o quanto escrita é rastro,
risco, rabisco escuro em branco casto
de páginas incertas com a sua tinta,
da impressão sem meta das nossas vidas.

¹Sandro Ornellas
* Brasilia-DF, 1971 d.C
Professor de liteatura na Universidade Federal da Bahia.
Publicou: Simulações e Tanta poesia, poemas.


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