O desconhecido uniu-se a nós, penetrou no âmago do nosso coração, pois se mesclou ao nosso sangue e ignoramos o que passou. Seria fácil fazerem-no crer que não passou nada. E, todavia, eis-nos transformados em uma casa pela presença de um hóspede.
Esse instante aparentemente oco, esse instante de tensão em que o futuro nos penetra, está infinitamente mais próximo da existência do que aqueles outros instantes que se nos impõe do exterior, em pleno tumulto e como que por acaso.
Quanto mais silenciosos, pacientes e recolhidos formos nas nossas melancolias, de forma mais eficaz penetrará em nós. O desconhecido é o nosso bem.
Rainer Maria Rilke
* Praga, República Checa – 04 de Dezembro de 1875 d.C
+ Valmont, Suíça – 29 de Dezembro de 1926 d.C
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