Poema VII
Everardo Norões ¹
Restos de falas na mesa
e a náusea matinal.
O bule, a xícara, os copos.
A mão, submersa no sal,
da tarde, na planície,
tão clara, dessa mesa,
onde deslizam os repastos
da habitual tristeza
que cobre a toalha branca
de rendas. E essa fome,
bordada sobre a mesa
como as iniciais de um nome.
O jarro com flores e
as cinzas do outro dia,
fugindo aos arabescos
das rendas, tão frias,
como as coisas distantes
que nos aguardam à mesa:
o leite, o bule, o café,
o sono, a morte, a incerteza.
¹ Everardo Norões
* Crato, CE. – 1954 d.C
[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]