Emily Dickison – Versos na tarde – 09/01/2015

Poema
Emily Dickison ¹

Para o Ódio nunca tive –
Tempo –
pois que a Morte espreita –
E a vida nunca foi
tanta
Que uma Aversão se acabasse.

Nem tempo tive de Amar –
Ocupar-me
Era preciso –
Do amor o simples Trabalho –
Como achei –
Que Me bastava.

¹ Emily Dickinson
* Boston, Usa – 10 de Dezembro de 1830 d.C
+ Boston, Usa – 15 de Maio de 1886 d.C

>> biografia

Nota do Editor
O poema acima foi extraído do livro “Emily Dickinson: Alguns Poemas”.

Tendo vivido e produzido à margem dos círculos literários de seu tempo, solteira por convicção e auto-exilada dentro de casa por mais de vinte anos, Emily Dickinson não chegou a publicar os seus versos, por não se submeter aos rígidos padrões de discrição e singeleza que se esperava então de uma mulher.

Sua voz era uma voz estranha em meio às tímidas dicções poéticas da época, e por essa razão ela teve de encarar em vida a rejeição de seu labor poético. Ao arrumar o quarto de Emily depois que ela morreu, a sua irmã Lavinia encontrou uma gaveta cheia de papéis em desordem.

Eram cadernos e folhas soltas com uma grande quantidade de poemas inéditos. Disposta a divulgar a obra da irmã, Lavinia entrou em contato com um medíocre crítico literário, Thomas Higginson, que durante trinta anos renegou todos os versos que Emily lhe submetera, e uma obscura escritora, Mabel Todd, que por cinco anos havia freqüentado a casa da poeta sem nunca chegar sequer a vê-la.

Dessa improvável união de forças surgiu a publicação póstuma de alguns de seus poemas, seguida em pouco tempo de diversas outras edições, em vista da excepcional acolhida que tiveram.

Em 1955, o crítico e biógrafo Thomas H. Johnson reuniu numa edição definitiva todos os seus 1.775 poemas.

Sua escrita poética, ambígua, irônica, fragmentada, aberta a várias possibilidades de interpretação, antecipa, sob muitos aspectos, os movimentos modernistas que se sucederiam depois de sua morte. Essa instigante poesia, nascida na solidão e no anonimato dá hoje a Emily Dickinson um merecido e lugar na literatura universal.

Seus versos constam da coletânea “The Complete Poems of Emily Dickinson”, editada por Thomas H. Johnson, Cambridge, Mass (EUA), 1955.


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