Augusto do Anjos – Versos na tarde

Teu Lenço
Augusto dos Anjos ¹

Esse teu lenço que eu possuo e aperto
de encontro ao peito quando durmo, creio
que hei de um dia mandar-te, pois roubei-o
e foi meu crime,em breve, descoberto.

Luto, contudo, a procurar quem certo
possa nisto servir-me de correio;
tu nem calculas qual o meu receio,
se, em caminho, te fosse o lenço aberto…

Porém, ó minha vívida quimera!
Fita as bandas que habito, fita e espera,
que, enfim, verás, em trêmulos adejos,

em cada ponta um beija-flor pegando,
ir o teu lenço pelo espaço voando
pando, enfunado, côncavo de beijos!

¹ Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
* Espírito Santo, PB. – 20 de Abril de 1894 d.C
+ Leopoldina, MG. – 12 de Novembro de 1914 d.C
->> biografia de Augusto do Anjos


[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Share the Post:

Artigos relacionados