Com a crescente popularidade do site de microblogs Twitter, existe hoje uma busca por maneiras de se resumir tópicos quentes com a inclusão, na mensagem, da chamada “hashtag” perfeita.
Na Grã-Bretanha, algumas das hashtags mais populares dos últimos tempos foram #hackgate, uma referência ao escândalo das escutas telefônicas que resultou no fechamento do tabloide News of the World, e #oneyeartogo (em tradução livre, falta um ano), marcando a contagem regressiva de um ano até as Olimpíadas de 2012 em Londres.
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O símbolo #, conhecido no Brasil como “jogo da velha” e cujo nome em inglês é hash, é usado como um marcador para palavras-chave ou tópicos dentro de uma mensagem (ou tweet). Seu uso foi criado de forma espontânea pelos usuários do site para categorizar as mensagens.
Quando o usuário clica em uma hashtag em qualquer mensagem, obtém acesso imediato a todos os outros tweets enviados sobre aquele assunto.
Digitar a hashtag no mecanismo de buscas do Twitter também permite ao usuário localizar mensagens que a incluem, possibilitando um agrupamento de notícias sobre um mesmo tema.
Campeãs de Popularidade
Entre as hashtags mais populares do Twitter está #thingswelearnedontwitter (coisas que aprendemos no Twitter). Essa hashtag tende a ser incluída em tweets contendo micro-lições de sabedoria, como, por exemplo, “escrever de forma coerente usando 140 caracteres ou menos é uma forma de arte”.
Outra favorita é #getsonmynerves (isso me irrita), incluída, por exemplo, no tweet “people really like to take pictures of their food” (as pessoas realmente gostam de fotografar sua comida).
Entre os britânicos, a hashtag #stayonyourfeet está entre as favoritas do ano.
A frase, que quer dizer “fique em pé” em tradução livre, foi usada por um comentarista de futebol inglês durante um jogo da Liga dos Campeões entre o time espanhol Real Madrid e o inglês Tottenham Hotspur.
O comentarista pedia aos jogadores que não se atirassem no chão para simular faltas. Mas repetiu a frase tantas vezes que a expressão acabou virando piada.
Incorporada pelo jogador inglês Rio Ferdinand em um dos seus tweets – Ferdinand tem mais de um milhão de seguidores no Twitter – a hashtag tornou-se um super hit.
O serviço de monitoramento de tweets Topsy.com disse que, desde o jogo, em abril, a expressão foi incluída em 42 mil tweets e o número continua subindo.
Ferdinand está agora vendendo camisetas com a hashtag.
O site registra hoje 200 milhões de tweets por dia – no ano passado, eram 95 milhões
Mais política e, possivelmente, mais ofensiva, foi a hashtag contendo um palavrão usada pelo blogueiro americano Jeff Jarvis para desabafar sua raiva contra os congressistas dos Estados Unidos durante as negociações para a elevação do teto da dívida americana.
“Hashtags são abertas e profundamente democráticas”, escreveu Jarvis em seu blog após a hashtag ter se tornado viral. “As pessoas se agrupam em torno de uma hashtag.”
“Hashtags permitem que nos reunamos em torno de tópicos, eventos e ações em várias plataformas. (…) É singular que algumas pessoas tenham feito lobby para que eu mude a hashtag, como se eu pudesse controlá-la.”
O site Topsy.com disse que a hashtag já foi incluída em 120,000 tweets.
Sarcasmo
Do seu quarto na cidade inglesa de Luton, a estudante Sanum Ghafoor, de 19 anos, criou a hashtag #blamethemuslims (a culpa é dos muçulmanos) após observar a cobertura feita pela mídia dos ataques ocorridos recentemente na Noruega.
“Primeiro, era um ataque terrorista da Al-Qaeda”, disse Ghafoor à BBC. “Depois, quando descobriram que (o responsável) era um norueguês, os comentaristas decidiram que se tratava de um plano originado no próprio país, porém inspirado na Al-Qaeda. Quando ficaram sabendo que o assassino era louro e tinha olhos azuis, decidiram que ele era um muçulmano convertido, inspirado pela Al-Qaeda. A culpa era automaticamente dos muçulmanos, então criei a hashtag”.
A intenção de Ghafoor era, sarcasticamente, culpar os muçulmanos por absolutamente tudo. A hashtag circulou o planeta, sendo incluída em mais de 165 mil tweets – segundo dados do Topsy.com.
Muitos se ofenderam, mas muitos simplemente aderiram à piada.
Por exemplo: “A bateria do meu telefone está acabando #blamethemuslims”.
Hoje, o site Twitter gera mais de 200 milhões de tweets por dia. Em dezembro do ano passado, o índice era de 95 milhões.
O site monitora o volume de termos mencionados constantemente. Tópicos cujo uso sobe de forma dramática são incluídos nos “trending topics” (uma lista de tendências).
E embora o site não tenha hashtags favoritas, revela os tópicos que geraram o maior número de tweets por segundo.
O recorde mais recente foi estabelecido na final da Copa do Mundo Feminina da Fifa, em julho. O volume de tweets enviados atingiu 7.196 mensagens por segundo. Eram seis horas da manhã no Japão e as japonesas venceram.
Um evento como esse requer a atenção do público. Mas para a pessoa que cria a hashtag, o desafio é chamar a atenção das pessoas com um uma frase criativa e bem feita.
E não é fácil.
Catrin Nye/BBC News