Hacker exige resgate para ‘liberar’ e-mail de jornalista e diz: ‘é melhor do que roubar’
Davis diz ter se sentido impotente ao ter sua conta de e-mail invadida
Um hacker que invadiu o e-mail de uma jornalista britânica pediu um resgate para devolver o acesso à conta e, quando confrontado, alegou “não ter escolha” e disse que era bem melhor fazer isso do que roubá-la nas ruas.
Rowenna Davis percebeu que havia um problema quando começou a receber uma enxurrada de telefonemas de amigos e conhecidos durante uma reunião de trabalho.
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Cerca de 5 mil contatos de sua lista de e-mails receberam uma mensagem da conta de Davis dizendo que ela havia sido roubada com uma arma na cabeça em Madri e que precisava de dinheiro urgentemente, já que tinha ficado sem seu telefone celular e seus cartões de crédito.
Enquanto alguns amigos mandaram mensagens dizendo que um hacker havia entrado na conta da jornalista, outros com menos experiência na internet ligaram querendo saber como mandar o dinheiro.
Troca de mensagens
Frustrada, Rowenna Davis decidiu abrir uma nova conta de e-mail e mandar uma mensagem para o endereço do Gmail que havia sido invadido.
Jornalista trocou mensagens com hacker
Na mensagem, dirigida “àqueles que invadiram meu e-mail”, ela dizia não poder trabalhar sem os contatos armazenados naquela conta e questionava a ética do hacker.
“Fiquei realmente surpresa quando, menos de 10 minutos depois, aparece essa resposta na nova conta de e-mail e é de mim mesma, do meu endereço. Alguém está sentado lá, dentro da minha conta, esperando para me responder. E essa pessoa dizia apenas: eu te dou seus contatos de volta por 500 libras (R$ 1,4 mil)”, disse Davis à BBC.
Na mensagem seguinte, Davis afirmou não ter o dinheiro, questionou que garantias ela teria mesmo se pagasse o “resgate” e confrontou o hacker, perguntando se ele se sentia mal por fazer aquilo.
A resposta dizia: “Claro que não me sinto ótimo, mas não tenho escolha. É bem melhor que roubar você nas ruas. Eu dou minha palavra. Se você mandar o dinheiro, eu vou devolver o acesso à sua conta com todos os seus e-mails e contatos intactos.”
Tentando solucionar o problema, Davis entrou em contato com a empresa Google, dona do Gmail, mas não conseguiu ajuda.
“Não havia nenhum número de telefone para este tipo de problema, eu tive a ligação desconectada duas vezes e o escritório da Google se recusou a resolver meu problema, mesmo quando disse que era jornalista e que iria escrever sobre o caso. Isso é que me impressionou, porque a Google e o Gmail fazem muito dinheiro com a ideia de que eles são o lado humano da rede”, afirmou Davis.
Especialistas recomendam cuidado ao usar computador em lugares públicos
O caso acabou sendo resolvido através do amigo de um amigo que trabalhava na Google.
“Na verdade, quando eles resolveram sentar e mudar a senha, foi bem rápido.”
Um porta-voz da Google respondeu com a seguinte declaração:
“Na Google, levamos segurança online a sério. Estamos sempre desenvolvendo tecnologias para ajudar a proteger nossos usuários.”
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Segundo especialistas, histórias como a de Rowenna Davis são cada vez mais comuns na internet.
“O jeito mais fácil é conseguir a sua senha, e há várias maneiras de se fazer isso. Às vezes, simplesmente olhando por cima do seu ombro quando você usa o computador em um café, no trem ou em lugares públicos. Eles também podem tentar adivinhar a senha através de informações pessoais em redes sociais, descobrindo seus passatempos, nomes de pessoas da família, de bichos de estimação, e além disso eles podem tentar meios técnicos, enviando mensagens que dizem ‘a sua conta de e-mail será fechada, digite suas informações para evitar isso'”, diz Tony Dyhouse, especialista em computação.
“No pior caso, eles podem colocar um spyware no seu computador (tecnologia que pode capturar tudo o que é digitado no teclado) que procura o momento em que você digita a senha e manda a informação para o criminoso.”
Após conseguir de volta o acesso a seu e-mail, Davis recebeu mais uma mensagem do hacker.
“Vejo que você conseguiu acesso à sua conta novamente. Desculpe o incômodo.”
BBC Brasil