Electrodomésticos que aprendem os gostos dos utilizadores e carros que reconhecem o condutor pelo relógio não são ficção científica. Entre protótipos e produtos acabados, este é um futuro que já começou.
Ideia não é nova
A ideia de Internet das Coisas não é nova, nem ficção científica. “Foi um chavão que se criou há uns anos, para se dar nome a um conjunto de coisas que já estão a acontecer”, explica Pedro Veiga, professor de Informática na Universidade de Lisboa. “Em Portugal, um exemplo antigo é o da Via Verde”.
Os aparelhos inteligentes e ligados à Internet caminham para se tornarem uma presença quotidiana, muito embora a um ritmo mais lento do que aconteceu, por exemplo, com os smartphones – afinal, poucas pessoas trocam de fogão, de sistema de ar condicionado ou de carro a cada dois ou três anos, como acontece frequentemente com os celulares, num ritmo de substituição que facilita a adoção de novas tecnologias.
“A massificação está relacionada com os custos e quando se atingir massa crítica, os custos vão baixar ainda mais”, antecipa Pedro Veiga. O acadêmico aponta áreas como a domótica (aparelhos domésticos inteligentes) e a saúde (dispositivos que registam múltiplos dados relacionados com a atividade física, para depois ser analisados em aplicações) como setores com potencial para a massificação.
Com as empresas a apresentarem produtos e serviços para a Internet das Coisas, as estimativas dos analistas apontam para um crescimento significativo deste mercado ao longo dos próximos anos. A IDC estima que haja 28 mil milhões destes aparelhos conectados em 2020, mais do tripo dos contabilizados em 2013. A Gartner, outra analista, estimou 26 mil milhões. Por comparação, foram postos à venda no ano passado cerca de 328 milhões de smartphones em todo mundo.
Casas e carros
Muitas empresas usaram a CES para apresentar novidades na área. Uma delas foi a americana Nest, que fabrica termostatos que aprendem as preferências térmicas dos usuários e se regulam automaticamente. A empresa tornou-se um exemplo de sucesso no setor, depois de ter sido comprada pelo Google, há um ano, por 2700 milhões de euros.
A Nest anunciou uma parceria com a Automatic, fabricante de um assistente de condução que regista informação como gasto de combustível e percursos frequentes. Quem tiver um destes termostatos – que custam 219 euros em vários países da Europa, pode agora emparelhá-lo com o assistente da Automatic. O termóstato sabe quando o usuário está indo pra casa e liga o sistema de ar condicionado no momento necessário para que a temperatura seja a ideal à hora de chegada. Para além da comodidade, esta tecnologia, diz a empresa, é capaz de poupar energia.