Grécia: 3 possíveis cenários após a vitória do ‘não’

Logo após o anúncio do resultado do plebiscito de domingo, em que mais de 60% dos gregos votaram “não” ao plano europeu de conceder novos empréstimos em troca da imposição de novas medidas de austeridade, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, afirmou que o resultado não era um voto contra a Europa, mas uma permissão para que ele pudesse renegociar uma solução viável para a crise.
Grédia,Plebiscito,Blog do MesquitaAinda assim, diversos líderes europeus fizeram alertas, dizendo que o “não” significaria uma decisão de deixar a zona do euro.

Após celebrações dos partidários do “não” no centro de Atenas na noite do domingo, a segunda-feira começou com a renúncia do ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis. Ele justificou sua decisão indicando que “alguns membros da zona do euro e seus parceiros” preferiam que ele saísse das negociações.
Então, o que podemos esperar agora? Os gregos continuarão usando o euro ou terão de abandonar a moeda única? Ou há ainda a possibilidade de um novo acordo?

Há pelo menos três possíveis cenários:
a Grécia deixa o euro após fracassadas tentativas de negociação com a zona do euro
bancos gregos entram em colapso levando a um resgate da zona do euro ou a uma saída da Grécia
o governo grego convence líderes da zona do euro a concordar com uma revisão do acordo

Cenário 1 – Saída da Grécia da zona do euro
Essa é vista por muitos como a opção mais provável, mesmo após Tsipras ter dito que o resultado não significava uma ruptura com a Europa.
O problema é que muitos de seus colegas europeus viram o plebiscito como o fim do caminho – e acreditam que é chegada a hora de uma decisão rápida.
Ministros alemães, assim como líderes da Itália e da França, interpretaram a votação como um referendo sobre permanecer ou não com o euro.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]

Possíveis cenários incluem o colapso dos bancos gregos e a reimplantação da antiga moeda do país
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, disse, no domingo à noite, que o premiê grego havia “queimado as últimas pontes entre a Europa e a Grécia que poderiam levar a um acordo”.
Há diversas reuniões marcadas para os próximos dias entre líderes e ministros da zona do euro, mas o clima não é de otimismo.

O presidente do Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças dos países que usam o euro como moeda), Jeroen Dijsselbloem, disse que, “para recuperar a economia grega, reformas e medidas difíceis serão inevitáveis” e que o grupo “aguarda pelas iniciativas das autoridades gregas”.
A premiê polonesa, Eva Kopacz, disse que o referendo foi “um provável novo estágio em direção à saída de Atenas do Euro”.

Cenário 2 – Colapso dos bancos gregos
Outra grande incógnita nesses acontecimentos é o futuro dos bancos gregos, que foram fechados em 29 de junho.
O governo grego prometeu que uma vitória do “não” levaria à reabertura dos bancos, na terça-feira. Mas o Banco Central Europeu não deve abrir a torneira do apoio financeiro que dá aos bancos gregos – e a sobrevivência dos bancos é uma questão de dias.
Uma das opções é os bancos reabrirem com uma moeda paralela até a reimplantação da antiga moeda grega, o dracma.

A segunda-feira começou com a renúncia do ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis
Por outro lado, a situação de queda livre da economia grega pode persuadir os europeus a recapitalizar o sistema bancário do país. Mas isso traria consequências políticas para outros países da zona do euro, como a Espanha, onde há turbulentas disputas políticas sobre o implemento de medidas de austeridade.
Mas muitos são contra a novas injeções de dinheiro aos bancos gregos, especialmente após o calote da dívida ao FMI, e com “recados” de autoridades: “A rejeição das reformas pelos gregos não pode significar que eles vão obter dinheiro mais facilmente”, disse o ministro das Finanças da Eslováquia, Peter Kazimir.

Cenário 3 – Líderes europeus entram em acordo e evitam o colapso bancário
Parece pouco provável, mas o premiê grego já forneceu detalhes sobre um novo acordo e novas reformas, que não seriam tão distantes das propostas pelos credores.

Em nova tentativa de acordo, autoridades gregas devem tentar obter o perdão da dívida e novos empréstimos.

Tsipras não quer apenas mais dinheiro. Nas mesas de negociações, ele também estará armado com um relatório do FMI, publicado três dias antes do plebiscito, que diz que a Grécia precisa de um considerável perdão da dívida e também de 50 bilhões de euros nos próximos três anos.

Além disso, para os bancos serem recapitalizados, a Grécia precisaria de acesso ao fundo permanente de resgate da zona do euro, que oferece taxas de juros mais baixas e termos de pagamento facilitados. Mas a essa altura, é difícil de se imaginar essa possibilidade.

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