Por trás de todo os benefícios fascinantes, existe o real motivo de as empresas ‘mimarem’ seus empregados.
Afinal, essas empresas têm poucos recursos além dos cérebros de seus funcionários. E a batalha para conquistá-los está cada vez mais intensa à medida que a revolução digital reconfigura a dinâmica do mundo empresarial.
Gigantes como Google e Facebook estão procurando fortalecer sua posição no centro dessa nova economia com o investimento maciço em pesquisa e na expansão em outras áreas. As startups menores também querem atrair talentos; por sua vez, as fábricas estão reagindo à revolução digital com a contratação de programadores e outros especialistas em informática para digitalizar seus produtos.
Esse novo mundo está criando uma geração de talentos acostumada a receber salários altos e benefícios diferenciados. As maiores empresas estão construindo sedes fabulosas: a “nave espacial” da Apple, projetada por Norman Foster, terá um espaço de 260 mil m2 e na nova sede sustentável e futurística do Google os escritórios ficam dentro de uma enorme cúpula transparente.
Algumas empresas, como a Netflix, oferecem férias “ilimitadas” aos seus funcionários. O Facebook está oferecendo até US$20,000 às funcionárias que queiram congelar seus óvulos.
No entanto, uma carreira como desenvolvedor de software ou engenheiro de computação não é uma garantia de satisfação. Em 2015, uma pesquisa realizada com 5 mil especialistas em computação, tanto em empresas de tecnologia como em outros setores, pelo aplicativo TINY Pulse, especializado em monitorar a satisfação de empregados em seus locais de trabalho, revelou que muitos deles sentem-se alienados, sem perspectiva, subestimados e confusos.
Só 19% dos especialistas em TI disseram que se sentiam felizes em seus empregos e 17% mencionaram que a empresa valorizava o trabalho deles.
O descontentamento era ainda maior do que em outros setores: só 36% dos profissionais da área de tecnologia viam uma carreira definida à sua frente, em comparação com 50% de profissionais da área de marketing e mercado financeiro; só 28% dos que trabalhavam no setor de tecnologia entendiam a visão da empresa comparados aos 43% de outros setores; por fim, 47% disseram que tinham boas relações com seus colegas de trabalho em comparação com 56% de profissionais de outras áreas.
As empresas de tecnologia que oferecem benefícios especiais aos seus funcionários não são movidas por um sentimento genuíno de generosidade. Elas proporcionam esses privilégios porque exigem tanto das pessoas, que elas não têm tempo para mundanidades como almoçar fora ou levar roupas para a lavanderia.
Como observou Gerald Ledford da Escola de Administração da Universidade de Southern California, os privilégios são “algemas de ouro” para mantê-las presas às suas mesas. E os que são apenas competentes, além de serem descartáveis, trabalham duro enquanto as estrelas brilham.
Fontes:
The Economist-The other side of paradise