Roberto Requião: o senador, censura e truculência

Nada mais emblemático para demonstrar que “democratas” habitam o parlamento brasileiro.
O senador iria se sentir muito bem em Cuba, Coréia do Norte, China, Irã…

O Editor


Irritado com pergunta, Requião ‘confisca’ o gravador

Dono de temperamento mercurial, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) reagiu de maneira inusitada a uma pergunta que o desagradou.

Requião concedia entrevista a um repórter da Rádio Bandeirantes.

Discorria sobre economia.

A coisa desandou quanto o entrevistador mudou de assunto.

Quis saber de Requião se ele admitia abrir mão da pensão que recebe como ex-govenador do Paraná.

O senador respondeu uma, duas vezes. Na terceira, arrancou o gravador das mãos do repórter incômodo.

Mais tarde, mandou restituiu o equipamento ao dono. Guardou para si, porém, o conteúdo.

Premido pela repercussão do episódio, o senador levou à web o teor da conversa que confiscou. Ouça aqui.

Antes, Requião comentara, no twitter: “Acabo de ficar com o gravador de um provocador engraçadinho. Numa boa, vou deletá-lo”.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita]

Ironizou: “O reporter da Band queria saber da pensão da mãe do Beto Richa. Devia entrevistar o Beto, não a mim”.

A pensão paranaense rende a ex-governadores e suas viúvas R$ 24 mil mensais.

O governador Beto Richa (PSDB) cancelara as pensões de quatro beneficiários. Entre eles Requião.

O senador foi ao Judiciário. Voltou a receber. Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Paraná revogou a decisão.

Deve-se a ironia de Requião ao fato de Beto Richa não ter cancelado as pensões autorizadas antes da promulgação da Constituição de 1988.

Salvaram-se cinco ex-governadores e quatro viúvas. Uma delas é Arlete Richa, viúva do ex-governador José Richa, mãe de Beto.

No microblog, Requião queixou-se do noticiário: “O jornalista agressor está conseguindo o sucesso que pretendeu, e a ‘catigoria’ esta alvoroçada. A discussão é boa”.

Meteu outro meio de comunicação na encrenca: “A Folha já me difamou e agrediu sem contraditório e sem me dar direito de resposta”.

Qual foi a difamação da Folha? Não disse. Buscou reparação juducial? Não informou.

Generalizou os ataques: “Os donos da mídia não querem contraditório, fascistas promovem massacre. Venham que aqui tem café no bule”.

Requião comparou os repórteres a estudantes que agridem colegas indefesos nas salas de aula. E posou de agredido:

“Jornalistas querem transformar entrevista em bullyng, escondidos em indulgência plenária com imprensa. Censura não, respeito sim”.

Pegou em lanças: “Vou à luta pela regulamentação do direito de resposta. Fim do jornalismo de aluguel e da falta de respeito”.

Cabe a pergunta: Numa boa, como diz Requião, não teria sido mais simples o senador dizer ao repórter que não queria responder?

Ninguém está obrigado a dizer o que não quer. Daí a tomar gravador… Bullyng? Ora, francamente! Requião é mais inteligente do que isso.

O repórter da Bandeirantes tentou registrar queixa na Polícia do Senado. Nada feito. Corregedoria? Não há corregedor.

Disse que irá a uma delegacia convencional. Inútil. Congressistas não costumam ser alcançados por inspetores de quarteirão.

blog Josias de Souza

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