Políticos e empreiteiras

O que leva uma empresa a fazer doações para campanhas políticas?  Não cabe nem a discussão se é legal ou não, “por dentro ou por fora”. Não é ético nem moralmente compreensivo. Sabe-se que os políticos serão aqueles que irão aprovar obras de interesse dessas empresas.

No livro “Chatô”, biografia do primeiro grande dono de empresas de comunicações – os Diários Associados – fica claro, sem trocadilhos, que sempre existiu uma relação, digamos, promíscua, para sermos amenos, envolvendo empreiteiras, grupos de comunicação e governo. Esse concubinato se estabeleu fortemente desde os tempos de Getúlio Vargas.

Entre 2002 e 2008 as empresas repassaram para os partidos algo em torno de 114 milhões de reais. Essa fabulosa quantia, a troco de só Deus sabe, diz respeito as doações das 5 maiores empreiteiras do Brasil. Os dados são da revista Veja, que, lógico, não divulgou os nomes dos generosos e desinteressados doadores e muito menos dos inocentes políticos que receberam o ervanário.

Estabelece-se assim, uma equação indigesta. As empreiteiras entram com o dinheiro e os Tupiniquins com os votos.

O editor

Deu na Veja que circula neste fim de semana

Empreiteiros são os melhores amigos dos políticos

Ainda que um excesso – grave, repita-se – tenha sido cometido, colocar sob suspeita toda a investigação só beneficia os políticos e os empreiteiros, que vivem uma íntima simbiose financeira. O esquema é manjado: as empresas ganham polpudos contratos para realizar obras públicas e retribuem a gentileza doando milhões e milhões de reais aos partidos – a todos eles, “por dentro” (legalmente) e “por fora” (no caixa dois).

As empreiteiras doam somas tão grandes que só há uma explicação razoável para a origem do dinheiro: ele está embutido na margem de lucro que elas aplicam a seus contratos com o estado. Ou seja, quem paga a festança é o contribuinte. Um levantamento feito por VEJA com base nas doações eleitorais de 2002 a 2008 e em repasses feitos aos diretórios nacionais dos partidos em 2006 e 2007 revela que as cinco maiores empreiteiras do país doaram, nos conformes, pelo menos 114 milhões de reais a políticos no período.

Muito mais, por exemplo, que bancos ou montadoras (estas, aliás, restringem ao máximo suas contribuições). Em troca da generosidade, as mesmas cinco empreiteiras assinaram dezenas de contratos públicos. Só em obras do PAC, desde 2007, levaram 1,4 bilhão de reais. Os empreiteiros são os melhores amigos dos políticos, e vice-versa.

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