Os doidivanas bolivarianos, dinossauros do socialismo, acreditam que são ouvidos pelo mundo e, pior, ainda não leram o livro O Mundo é Plano. Gostaria de assistir tais criaturas, estacionadas no cretáceo inferior, romperem pra valer com economia globalizada.
Presidentes da América do Sul celebram colapso do neoliberalismo no Fórum Social
BELÉM – Identificados como o bloco da verdadeira esquerda sul-americana por parte dos movimentos sociais, os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai) celebraram nesta quinta o “colapso do neoliberalismo de Davos”, em referência ao encontro que reúne a nata do capitalismo nos Alpes suíços nesta mesma época.
Os presidentes unificaram o discurso e deixaram um recado claro para os participantes do Fórum Social Mundial (FSM): é preciso unificar a América Latina para enfrentar a crise econômica. Pediram ainda apoio da esquerda mundial para seus governos.
Eles participaram de um debate organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Via Campesina, do qual foi excluído o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, que chegou a Belém no início da tarde, aguardou os colegas em um hotel, onde se reuniu com eles posteriormente para discutir a crise global e temas coincidentes entre os países. Depois, seguiram juntos para um debate público no Fórum.
” O FSM deve mudar sua ordem estratégica, porque estamos em momentos de ofensiva, não em momentos de trincheiras ”
No debate com o MST, Correa logo no início deu o tom, afirmando que “o neoliberalismo é um sistema perverso que entrou em colpaso”. O equatoriano disse ainda que o Fórum Social é parte da solução de que o mundo precisa.
Chávez afirmou que o Fórum precisa passar das trincheiras da batalha para a ofensiva:
– O FSM deve mudar sua ordem estratégica, porque estamos em momentos de ofensiva, não em momentos de trincheiras.
Correa exaltou:
– O FSM é parte da solução para a crise. Oxalá a alternativa venha agora deste Fórum na América Latina.
Chávez diz que ainda aguarda ações de Obama
Ainda no debate, chamado “Perspectivas da Integração Popular da América Latina”, os presidentes fizeram inúmeros ataques ao “imperialismo norte-americano”. Chávez chegou a propor um julgamento internacional do ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush, por seus supostos crimes contra a humanidade. Ao mesmo tempo, o guerrilheiro Che Guevara foi celebrado. A filha dele estava presente ao debate.
Com o novo presidente americano, Chávez foi mais cauteloso:
– Estaremos à espera, observando, a atuação do novo governo dos Estados Unidos, que tem um problema muito grave dentro das suas fronteiras: a crise econômica.
Mas ele acrescentou que não se ilude com as mudanças prometidas:
– O império ainda está intacto, e o próprio presidente (Obama) já disse que Chávez é um obstáculo.
Em entrevista a jornalistas, Chávez foi mais direto:
– Temos que aplaudir a decisão de Guantánamo, mas Obama precisa devolver a área, porque Guantánamo é do povo de Cuba. Obama poderia retirar as tropas de lá, dar algum sinal – disse Chávez.
” Temos que aplaudir a decisão de Guantánamo, mas Obama precisa devolver a área, porque Guantánamo é do povo de Cuba ”
Fernando Lugo, eleito no Paraguai no ano passado, recém-chegado ao bloco de presidentes de esquerda, saudou os movimentos camponeses e indígenas presentes ao FSM como agentes de mudança:
– Graças aos movimentos sociais a América Latina vive um momento de mudanças.
Mas ele aproveitou o Fórum para, em outro evento, adiantar sua agenda com o presidente Lula no evento. Ele vai voltar a pedir a revisão do tratado de Itaipu:
– Não cremos que um tratado leonino, firmando num tempo de ditaduras em nossos países, possa continuar em vigência. Ele (Lula) não pode dizer que não são justas as reivindicações de mudanças no tratado – disse Lugo.
Evo Morales também se solidarizou com os sem-terra e os indígenas e admitiu que pode cometer erros, mas prometeu jamais abandonar “a luta contra o imperialismo norte-americano”.
Para ministro de Lula, MST cometeu erro político
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, disse que o MST cometeu um grave “erro político” ao se recusar Lula para seu debate com os presidentes latinos.
Segundo avaliou, o presidente não se importou com o caso, porque o MST está com dificuldades de reconhecer as melhorias que o governo Lula trouxe ao país e aos avanços na causa da reforma agrária.
” Tratou-se de um grave erro político. o MST tem o direito de convidadar quem ele quiser. Quem participa de um FSM, vem aberto ao diálogo e à crítica ”
– Tratou-se de um grave erro político. O MST está com poucas famílias acampadas atualmente e tem dificuldades de lidar com a realidade objetiva do país no governo Lula. Agora, o MST tem o direito de convidadar quem ele quiser. Quem participa de um FSM, vem aberto ao diálogo e à crítica – disse Cassel.
Ele participará de várias atividades no FSM, mas nenhuma do MST e da entidade internacional à qual o movimento é filiado, a Via Campesina.
– O MST hoje tem dois caminhos: amplia a sua pauta ou ataca o governo. O problema é que toda a parte mais fundamental do projeto de reforma agrária está indo muito bem – disse Cassel.