Conselho ao senador Eunício Oliveira

Se for confirmada a denúncia, além do lucro normal do negócio, alguém embolsou cerca de sessenta milhões de reais, comparando-se o valor do segundo colocado como o valor real.

[…]ouça um bom conselho/que eu lhe dou de graça[…]
Chico Buarque de Holanda in Bom Conselho
O Editor
Ps. Nota à imprensa divulgada pelo Senador Eunício Oliveira:

A respeito de matéria publicada, nesta data, pelo jornal O Estado de São Paulo, informo que:

1) Estou afastado, desde 1998, da gestão de todas as empresas das quais sou acionista, inclusive a Manchester, como pode ser verificado nas Juntas Comerciais.

2) Por ter me afastado há 13 anos da gestão das empresas, não acompanho e não interfiro em quaisquer decisões administrativas, contratuais ou disputa comercial em que as empresas das quais sou acionista participem.

3) No caso específico da Manchester, desconheço os personagens das empresas concorrentes citadas na matéria e desafio que alguém apresente prova de interferência minha em concorrências públicas.

4) Diante das acusações a meu respeito – todas infundadas e inverídicas – buscarei na Justiça a reparação dos danos causados à minha imagem”. 


Caro senador Eunício Oliveira (PMDB-CE):

Seu último fim de semana deve ter sido de muito aborrecimento com essa história publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre a empresa Manchester Serviços Ltda, suspeita de ter fraudado uma licitação da Petrobrás no valor de R$ 300 milhões.

Sei que 50% das ações da empresa lhe pertencem, eu sei.

E que o resto pertence à sua família.

Eu sei, o senhor já me disse, que há 13 anos está afastado da gestão da Manchester e das demais empresas das quais é acionista.

Mas – não sei por que – vivemos uma época de quase total descrença nos políticos.

As pesquisas assim indicam.

Ou mesmo qualquer despretencioso bate-papo em mesa de botequim.

Permita-me uma sugestão: para que não duvidem do que o senhor afirma, renuncie ao sigilo telefônico dos seus celulares e dos aparelhos de suas casas e gabinetes de trabalho.

Autorize que sejam vasculhadas todas as ligações que fez ou que recebeu nos últimos 13 anos com o único propósito de se averiguar se o senhor de fato não se comunicava assiduamente com os executivos de suas empresas.

Sei que estou lhe propondo uma inversão de papéis.

Não lhe caberia provar que é inocente de qualquer tipo de crime que queiram lhe imputar.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita]

O ônus da prova cabe a quem acusa.

Convenha, porém, que não ficará confortável para o senhor desfilar por aí como mais um político que poderá ter se valido dos cargos que ocupou e do mandato que exerce para extrair vantagens pessoais e ilícitas.

Perdão pelo lugar comum, mas ao homem público não basta ser honesto.

Há de parecer honesto.

Há muitos companheiros seus que não se importam em parecer desonestos.

Creio que não é o seu caso.

blog do Noblat

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