Congresso é o Castelo da Vergonha

Para o colunista Clóvis Rossi, o cafoníssimo castelo do corregedor da Câmara, Depufede Edmar Monteiro, em Minas Gerais, não é páreo para o monumento ao “desmantelo” erguido no Congresso Nacional.

Realmente, querem “castelo” mais indecente que a “renovação” conseguida com as eleições de Michel Temer e Zé Sarney para a presidência das casas legislativas nacionais? Que tal o “castelo de miséria” erguido no Maranhão pela oligarquia Sarneyana que infelicita a terra Timbira a exatos 49 anos? O Maranhão, capitania hereditária de Sarney, ostenta, sem pudor do companheiro de Renan Calheiros, o pior IDHÍndice de Desenvolvimento Humanodo Brasil.

O mais lamentável é que o projeto arquitetônico do Congresso não contemple, com soi acontecer nos castelos medievais, com masmorras e calabouços para agrilhoar a corja que por lá existe.

O castelo é Brasília
por
Clóvis Rossi

O escândalo do momento não deveria ser o castelo do deputado Edmar Moreira (DEM-MG) mas o fato de que o Congresso Nacional é, ele próprio, um grande castelo, se se tomar castelo como sinônimo de um sistema político mais próprio do absolutismo monárquico que da democracia.

Sob aquelas duas cuias da praça dos Três Poderes, vivem reizinhos, um punhado de barões e não mais que meia dúzia de gente que de fato faz política no sentido de atuação em favor da coisa pública.

É uma típica corporação medieval, que protege os seus integrantes contra vento e maré -nos raros momentos em que há vento e maré contra eles.

Não, não pense que a fase atual, em que há assanhamento a respeito do castelo, represente um incômodo sério para essa gente. Nada. A grande maioria sabe que sua reeleição não depende de a mídia apontar o dedo para eles, mas da capacidade de engabelação de súditos desprovidos de informação, muitas vezes desprovidos de condições mínimas de vida digna e que veem nos donos dos castelos -reais ou fictícios- seus suseranos.

Só assim se entende que barões e reizinhos busquem, segundo esta Folha, uma “saída honrosa” para Edmar Moreira, que seria retirá-lo do cargo de corregedor, sem afastá-lo da Mesa Diretora.

Posto de outra forma, Edmar Moreira não serve para zelar pela correção de seus pares, mas serve para participar do comando deles -uma maneira indireta de confessar que reis e barões não estão minimamente preocupados com a correção. Só querem que cesse o ruído de alguns aldeões.

da Folha de São Paulo

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