Clientelismo Político

Traduzindo o que ensinam os tratados de ciências políticas, compreende-se que a base da corrupção está no clientelismo político que é um sistema extra-oficial de intercâmbio de favores, no qual os titulares de cargos políticos regulam a concessão de prestações, obtidas através da sua função pública ou de contatos relacionados com ela, em troca de apoio eleitoral.

No clientelismo os bens públicos não se administram segundo a lógica imparcial da lei, mas sim sob uma aparência legal, e se utilizam da discrição por parte dos detentores do poder; normalmente figuras com penas jurídicas por prevaricação ou corrupção.

O Editor


O clientelismo irresistível.
Por Murilo Aragão ¹

O Brasil contemporâneo ensaiou, algumas vezes, matar pelas ideias.

A revolução militar tentou endurecer.

Perseguiu uns e outros e houve vítimas dos dois lados.

Nada comparável, contudo, ao morticínio patrocinado pelo regime militar argentino, nem às atrocidades promovidas pela revolução comunista de Castro ou pelos chilenos de Pinochet.

No Brasil, país onde as ideias pouco significam e a disputa é pelo “puder”, podemos afirmar – sem sombra de dúvida – que o clientelismo nos poupou de mortes e tragédias motivadas por confrontos ideológicos.

Disputamos o lugar na janelinha, mas não a decisão sobre para onde o ônibus vai.

É evidente que pagamos um preço pelo atraso e pelo desvio e malversação de recursos.

Pagamos pelo fato de que muitos – sem pregar um prego em uma barra de sabão de coco – ficam ricos à custa do erário.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita]

Sabemos, também, que muitos desses ricos fazem caras e bocas de honestos e, até mesmo, de imortais.

No entanto, o apego ao dinheiro fez com que o debate de ideias fosse rebaixado e ficasse escondido debaixo do tapete da arena política.

Fez com que os inimigos de ontem se tornassem os aliados de hoje e vice-versa.

Fez com que a amizade virasse um detalhe e as ideias, um mero adorno que preenche os espaços vazios das falas.

Fez com que os revolucionários de discurso continuassem no discurso e não pegassem em armas para atirar em uns e outros.

Em alguns casos, transformou pessoas agressivas e potencialmente sanguinárias em sofisticados homens de negócios que transitam no grand monde.

Ah! O que não faz o dinheiro nessas partes dos alegres trópicos!

¹ Murillo de Aragão é cientista político
blog do Noblat 

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