Cinco mitos sobre refugiados na Europa

O discurso sobre a atual crise migratória é muitas vezes composto por afirmações infundadas e preconceituosas na Alemanha. Escolhemos algumas das mais recorrentes para desmitificá-las.

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“Por que os alemães têm que aceitar refugiados?”

A Alemanha respeita as suas leis. O Artigo 16-A da Constituição alemã especifica: “Pessoas perseguidas têm direito a asilo.” Isso também se aplica a pessoas que estão marginalizadas em seu país de origem a ponto de ter sua dignidade violada.

“Refugiados recebem mais dinheiro que alemães”

Durante 20 anos, requerentes de asilo, refugiados e os chamados imigrantes “tolerados” – estrangeiros que, por a extradição não ser possível, têm a estada em território alemão carimbada como tolerada em seu passaporte – ganharam cerca de 30% menos do que é considerado um nível mínimo de subsistência na Alemanha. Somente em julho de 2012, o Tribunal Constitucional Federal criticou os benefícios como “evidentemente insuficientes” e os elevou.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]

Enquanto um cidadão alemão que recebe o Hartz-IV – ajuda social para desempregados de longo prazo – tem uma renda mensal de 399 euros, os benefícios para um requerente de asilo variam entre 281 e 352 euros.

De acordo com a ONG Pro-Asyl, ainda hoje, os refugiados obtêm seus benefícios, em parte, sob a forma de vales de compras ou cartões com os quais podem ser comprados apenas certos produtos em determinadas lojas. Somente aqueles que foram oficialmente reconhecidos como asilados têm direito aos benefícios sociais habituais.

“Os estrangeiros tiram o emprego dos alemães”

Sem um visto correspondente, estrangeiros não podem nem trabalhar nem receber formação profissional. Para requerentes de asilo e migrantes “tolerados”, é proibido trabalhar em seus primeiros três meses de residência na Alemanha. Mesmo depois desse tempo, eles têm poucas chances de emprego, porque existem “trabalhadores autorizados”, ou seja, alemães, outros cidadãos da União Europeia (UE) ou aqueles que receberam asilo têm preferência na distribuição de vagas de trabalho.

Somente após 15 meses de permanência na Alemanha, os requerentes de asilo e refugiados com situação legal indefinida podem trabalhar. Também é fato que, em muitos setores da vida econômica, falta hoje na Alemanha a mão de obra necessária. E muitas pessoas com boa formação profissional vêm de regiões em conflito.

“Todos os refugiados vêm para a Europa”

Mais de 80% dos 59 milhões de refugiados do mundo permanecem em suas regiões de origem. Por um lado, porque têm muitas vezes a esperança de um retorno rápido à sua terra natal, mas também porque lhes faltam possibilidades para continuar a fuga.

O maior grupo de refugiados de regiões em crise na Síria e no Iraque foi acolhido principalmente por Estados vizinhos no Oriente Médio – não pela Europa.

Agência da ONU para Refugiados (Acnur) estima, atualmente, em 4,08 milhões o número de refugiados sírios que procuraram refúgio em algum dos países vizinhos. Segundo a ONU, somente 348 mil entraram com pedido de asilo na Europa.

“A Alemanha recebe a maioria dos refugiados na Europa”

O número de estrangeiros em busca de asilo na Alemanha em 2014 foi de 170 mil. Até o final de 2015, são esperados 800 mil – o que será um recorde em sua história. Em números absolutos, nenhum país europeu, de fato, recebe tantos requerentes.

Mas numa comparação entre número de habitantes e quantidade de requerentes de asilo, as estatísticas perdem força: a Alemanha tem 2,5 para cada mil moradores e é a apenas a sétima na Europa. A líder do ranking é a Suécia, com oito pedidos de asilo para cada mil habitantes. Países como Hungria, Áustria, Dinamarca e até Malta estão à frente da Alemanha.
DW

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